O momento era de confraternização e de recordação. Militares cristãos reunidos recordavam episódios da guerra, livramentos, cenas engraçadas e as horas de saudade e de medo que enfrentavam. Estavam na Argentina, para um congresso sul-americano de militares evangélicos. Entre eles, um oficial inglês chamava a atenção. O que estaria ele fazendo ali? Por que tornava tão visível o ressentimento entre ingleses e argentinos pelos diferentes episódios que os levaram a guerrear pela posse das Malvinas? Sim, a presença daquele oficial trazia desconforto ao grupo.
Aquele oficial, no entanto, pediu a palavra para um testemunho. Ele abriu o coração e contou como se sentia naquele momento, da tristeza que era dele pelos horrores da guerra e compartilhou o seu desejo de tudo fazer para transformar a Argentina na sua segunda pátria. As palavras ecoavam no salão. Eram palavras corajosas e sinceras. Mas, teriam sido ouvidas adequadamente?
Pouco tempo depois, saiu do salão um homem mancando. Com dificuldade, chegou até onde o oficial estava e disse a todos que ele havia sido atingido por uma bomba que havia sido lançada pelos invasores ingleses. Como consequência, havia perdido uma de suas pernas. Caminhou um pouco mais na direção do oficial inglês e o abraçou. Aquele gesto desencadeou uma série de outros e aquela reunião foi invadida pelo amor cristão que perdoa e que liberta.
É assim o desafio do perdão. Abrir mão do desejo de vingança, da raiva, dos pensamentos ruins com relação a determinadas circunstâncias da nossa vida não é tarefa fácil. Por isto, Jesus a incluiu na oração modelo e a colocou como condição para recebermos o perdão de Deus: “perdoa as nossas dívidas assim como perdoamos aos nossos devedores.” (Mt 5,12).
Há alguém a quem devamos perdoar neste momento? Há alguma situação que precisa ser colocada diante do Senhor em atitude de contrição e de perdão? Façamos isto.