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Solange Lívio

A ORAÇÃO DO AT - DE ADÃO A JOSÉ

Texto: Gênesis 5 a 50

No estudo anterior, tivemos a oportunidade de refletir sobre o sentido e o significado da oração.

Prosseguindo com o nosso estudo, vamos focalizar mais alguns aspectos que caracterizam a oração genuinamente bíblica.

Faremos isso examinando a vida de dois homens de Deus, no passado. São homens que tiveram uma vida própria, cada um deles, mas que, no entanto, apresentaram dois pontos em comum: ambos tiveram profundas experiências com Deus e os dois passaram pelo caminho da oração.

Vejamos, então, o que temos a aprender com Noé e Isaque.

Antes, porém, devemos lembrar que a oração é um ato de adoração e culto; comunhão e interação íntima com Deus; via de comunicação, pela qual Deus nos ouve e também nos fala, nos transmite orientações.

Vamos iniciar observando a vida de Noé.

Este homem de Deus passou a ser uma figura de destaque nas páginas da Bíblia em relação ao episódio do dilúvio e à construção da arca.

Foi um homem usado por Deus e com quem Deus falou. Sua experiência de relacionamento, comunhão e comunicação com o Senhor evidencia-se nos registros bíblicos, especialmente nas diversas vezes em que Deus falou com ele.

Temos, então, a primeira lição a aprender: precisamos estar atentos a essa faceta da oração, pela qual Deus fala conosco. Estamos acostumados a pensar na oração apenas como meio de apresentarmos ao Senhor aquilo que se passa em nosso coração. Poucas vezes damos atenção ao fato de que Deus usa a própria oração para falar conosco, tanto quanto usa outros meios.

Assim é que, o próprio desejo de orar, que por vezes surge em nosso coração de forma mais intensa, ou repentinamente, ou suavemente, porém com insistência, pode ser um chamado do Espírito Santo a uma conversa com Deus.

Há momentos em que Deus nos convida a voltarmos a nossa atenção exclusivamente para Ele porque deseja falar conosco, independentemente de termos formalizado alguma oração específica. Sua mensagem para nossa vida não está restrita a responder questões que apresentamos, embora isso também aconteça.

Em sua iniciativa de falar conosco, o nosso Deus pode nos trazer uma palavra de conforto e de ânimo; de instrução; de advertência; uma promessa; uma incumbência. Afinal, somos filhos amados e servos do Senhor.

A experiência de Noé retrata bem esta realidade espiritual.

De sua vida, entretanto, estamos ressaltando algumas características do seu perfil espiritual, sem as quais ele não teria ouvido e compreendido a voz de Deus; não teria sido usado, como aconteceu neste episódio que marcou uma nova etapa da vida na terra.

Notemos primeiramente que, embora vivendo no meio de uma geração corrompida e cheia de violência, a Bíblia nos afirma em Gênesis 6:8-9 que “Noé, porém, achou graça aos olhos do Senhor” e que “Era ele homem justo e íntegro em suas gerações, e andava com Deus”.

Isso não significa que Noé fosse uma pessoa impecável, sem defeitos e erros, mas sim que era um homem cujo coração prezava a justiça e a retidão; que a esses valores estava aplicado.

Um coração assim é capaz de experimentar quebrantamento e arrependimento, de fazer confissões e buscar o perdão de Deus, de levantar-se para continuar trilhando o caminho da justiça, sustentado pela graça de Deus. Sim, porque “ao coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus.” (Salmo 51:17).

Em virtude disso, Deus falou com Noé e anunciou a ele o dilúvio porque “O conselho Senhor é para aqueles que o temem, e ele lhes fará saber o seu pacto” (Salmo 25:14) e “Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem ter revelado o seu segredo aos seus servos, os profetas” (Amós 3:7).

Noé ouviu e atendeu à voz do Senhor. Ao ser avisado do dilúvio e ao receber da parte de Deus a incumbência e as instruções para construir uma arca, Noé revelou outras qualidades espirituais: creu, confiou e obedeceu. Fielmente: “E fez Noé tudo o que Senhor lhe ordenara.”, diz a Bíblia em Gênesis 7:5.

E, por fim, devemos observar mais uma característica espiritual desse servo de Deus: o coração adorador. Tão logo saiu da arca, Noé edificou um altar, conforme registrado em Gênesis 8:20. Em decorrência dessa qualidade espiritual de Noé, a nova vida sobre a terra começou com um ato de adoração a Deus.

Com isso, aprendemos que, se desejamos ter uma vida de oração genuinamente bíblica, em que ouvir o que o Senhor tem a dizer faz parte do processo, precisamos, então, cultivar essas características espirituais.

Porém, se você pensa não possuí-las, não desanime. Não desista do objetivo de viver uma vida de oração. Lembre-se que a própria oração é um meio para adquirirmos e desenvolvermos capacidades espirituais, ao lado do estudo da Bíblia e de outros meios que Deus usa para fazer fluir em nós a sua graça.

Por isso, vamos ressaltar mais uma valiosa lição para quem deseja progredir no caminho da oração e, desta feita, com Isaque.

Em Gênesis 24:63 lemos que “Isaque saíra a orar no campo, sobre a tarde”.

A primeira indicação que o texto nos dá é a de que Isaque era um homem de oração, tanto que saíra ao campo para orar. Havia uma finalidade, um objetivo específico, uma intenção nesta sua ida ao campo: orar.

O segundo ponto que merece a nossa atenção é que, tendo o objetivo de orar, Isaque foi ao campo à tarde. Escolheu um lugar e separou um momento para isso. Retirou-se para um lugar que, pela sua configuração, era um ambiente propício à meditação: lugar onde há tranqüilidade e oportunidade para estar a sós com Deus.

Isso nos faz lembrar que o Senhor Jesus também nos ensina esta mesma lição com a sua própria vida de oração. O nosso Salvador, e também nosso Mestre, orava. Frequentemente, revelam os relatos dos evangelhos, retirava-se para fazê-lo, buscando estar a sós com o Pai.

Na oração solitária podemos ver e compreender coisas maravilhosas.

Contudo, isso não quer dizer que apenas os lugares isolados são indicados para a prática da oração, nem mesmo que devamos orar somente de forma solitária. A Bíblia revela o imenso valor espiritual da oração coletiva, como veremos mais adiante. Uma forma não exclui a outra.

Assim, aprendemos com Noé sobre a importância de ouvirmos a voz de Deus. Da experiência de Isaque, tiramos a lição de que devemos buscar tempo e lugar para a oração, lembrando que momentos a sós com Deus resultam em grande benefício, conforme cantamos na última estrofe do hino 151 do Cantor Cristão:

Se quereis saber quão doce É com Deus ter comunhão, Podereis, então, prová-lo E tereis compensação. Procurai estar sozinhos Em conversa com Jesus, E tereis na vossa vida Paz perfeita, graça e luz.

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