Texto: Salmo 50 a 55
Estamos diante de mais uma oportunidade para meditarmos sobre os ensinamentos bíblicos a respeito da oração.
O nosso desejo é que, na medida em que formos prosseguindo com o estudo, todos nós estejamos também avançando nas experiências da oração e recolhendo as bênçãos que esta preciosa atividade espiritual nos proporciona.
O estudo último nos alertou sobre a necessidade de buscarmos as qualidades espirituais que nos capacitam a ouvir e a compreender a voz do Senhor, bem como despertou a nossa atenção para os benefícios da oração a sós.
Aprendemos isso com a experiência de Noé e de Isaque, estes dois grandes homens da Bíblia.
Continuando com a nossa atenção voltada para os registros do Antigo Testamento, verificamos que a riqueza de ensinamentos sobre a oração é incontável, destacando-se este ponto: os grandes servos do Senhor, homens e mulheres que, com inteireza de coração amaram a Deus e O serviram, eram pessoas de oração e, por meio dela, tiveram marcantes experiências com Deus.
A lista com esses nomes é longa. Não podemos em tão curto espaço de tempo examiná-la.
Mas, apenas para efeito de lembrança nossa, citamos alguns desses servos de Deus.
Moisés, este homem poderosamente usado por Deus para libertar o povo da escravidão no Egito e guiá-lo à terra prometida, com quem “o Senhor falava face a face, como qualquer fala a seu amigo” (Êxodo 33:11), entre as muitas experiências de oração que teve, incluem-se as vezes em que orou a favor de Arão e do povo quando da rebeldia contra o Senhor (Deuteronômio 9:20;26).
De Josué, sucessor de Moisés, assinalamos a sua oração e a resposta que recebeu do Senhor quando da amarga derrota que o povo experimentou em Ai, como consequência do pecado de Acã, conforme registrada em Josué 7.
Citamos, ainda, o nome de Samuel, lembrando que o seu próprio nascimento foi resultado de oração (I Samuel 1:9 a 20). Tornou-se ele um homem que continuamente buscava ao Senhor e pelo povo também orou em circunstância especial, chegando a dizer: “E quanto a mim, longe de mim que eu peque contra o Senhor, deixando de orar por vós.” (I Samuel 12:23).
E, por mais breves que devamos ser, não podemos omitir o nome de Davi. Se a sua história é marcada por uma vida de oração, as profundas experiências que teve com o Senhor, a quem ele amava de todo o coração, estão relatadas de forma belíssima e imensamente inspirativa nos salmos da Bíblia.
Entretanto, há um texto no Antigo Testamento, ao qual estamos dando maior ênfase neste estudo. Faz parte da exortação à obediência que Moisés fez ao povo.Leia, prezado leitor. Leia com toda a atenção esta doce e preciosa exortação: “Mas de lá buscarás ao Senhor teu Deus, e o acharás quando o buscares de todo o teu coração e de toda a tua alma. Quando estiveres em angústia, e todas estas coisas te alcançarem, então nos últimos dias voltarás para o Senhor teu Deus, e ouvirás a sua voz; porquanto o Senhor teu Deus é Deus misericordioso, e não te desamparará, nem te destruirá, nem se esquecerá do pacto que jurou a teus pais” (Deuteronômio 4:29-31).
Que incentivo maior poderíamos receber, senão este?
Somos conclamados a buscar ao Senhor. Para isso, recebemos a orientação de como fazê-lo: buscar de todo o coração e de toda a alma.
Porém, além de ser uma orientação, esta é também uma condição, reiterada por Deus mesmo que usa o profeta Jeremias para novamente dizer isso ao povo: “Então me invocareis, e ireis e orareis a mim, e eu vos ouvirei. Buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração” (Jeremias 29:12-13).
Assim fazendo, temos a certeza de que acharemos o Senhor e de que ouviremos a sua voz, porque o nosso Deus é misericordioso e não nos desamparará, diz a Palavra.
Entretanto, é necessário que saibamos qual a razão de haver e o que vem a ser esta condição.
Esta exortação tem tamanho significado espiritual, de modo que se repete na Bíblia em tempos diferentes na história do povo de Deus.
Além de Moisés e Jeremias, o Espírito Santo usou também o profeta Samuel para transmitir ao povo a mesma mensagem:
“Não temais; vós fizestes todo este mal; porém não vos desvieis de seguir ao Senhor, mas servi-o de todo o vosso coração. Não vos desvieis; porquanto seguiríeis coisas vãs, que nada aproveitam, e tampouco vos livrarão porque são vãs. Pois o Senhor, por causa do seu grande nome, não desamparará o seu povo; porque aprouve ao Senhor fazer de vós o seu povo” (I Samuel 12:20-22).
Notemos que esta mensagem sempre se dá num determinado contexto: são pessoas que estão precisando voltar-se para Deus e buscá-lo, e a ele orar, porque em algum momento e de alguma forma dele se afastaram. A esses o Senhor se dirige convidando-os a voltar, porém apresenta a condição: de todo o coração, o que implica em arrependimento, em sinceridade, em fidelidade.
Estamos, então, diante de um convite composto por dois aspectos: oferece misericórdia, porém faz uma exigência.
Isto se dá porque o nosso Deus, o Deus único, este que é Santo, Santo, Santo, é um Deus misericordioso, mas também de justiça e que, por isso, não pode conviver com o erro, com o pecado.
Nele coexistem essas duas características, além de seus outros atributos, embora misericórdia e justiça pareçam contradizer-se. Se a misericórdia leva à compaixão, a justiça, por sua vez, exige o cumprimento da pena.
E é exatamente aí, que a maravilhosa graça de Deus chega à sua expressão máxima, quando na morte de Cristo na cruz, justiça e misericórdia se fundem, a fim de salvar o pecador.
O Senhor Jesus, que nunca conheceu o pecado, assumiu o preço da nossa culpa, substituindo-nos na cruz, para cumprir a justiça que não pode deixar a culpa sem castigo. E o fez tão somente por compaixão e amor ao homem.
Por isso, só pode achar o Senhor aquele que o busca de todo o coração. Aquele que se reconhece indigno e se arrepende; aquele que, arrependido, confia no sacrifício de Cristo na cruz e, por meio de Jesus, porque também outro caminho não há, volta para Deus. Volta para amá-lo, para servi-lo, para trilhar os seus retos caminhos, para ouvir a sua voz. Para isso também vale a oração. A oração do caminho de volta.
E assim, se você é um crente que tem se sentido afastado do Senhor, o caminho da cruz continua aberto para você. É só buscar o Senhor de todo o coração, fazendo a oração do caminho de volta, na certeza de que o Senhor não lhe desamparará.
Ao fazê-lo, novamente você ouvirá a sua voz, diz a Palavra.
Para você que, porventura, não teve ainda o seu encontro pessoal com Cristo, o convite é o mesmo. Receba a Jesus hoje mesmo, nesse instante. Não espere mais. A misericórdia de Deus o convida a buscá-lo e Ele garante que você o achará, se o fizer arrependido, de todo o coração e de toda alma, porque, quanto à justiça, esta já foi cumprida. Jesus já pagou tudo na cruz.
Volta para Deus, confiando em Jesus. Segue-O com fidelidade, abandonando as coisas vãs que para nada aproveitam. Assim fazendo, você ouvirá a sua voz e com toda a alegria desejará cantar este belíssimo hino que tem o nº 384, no Cantor Cristão:
Que doce voz tem meu Senhor, Voz de amor, tão terna e graciosa, Que enche o coração, dá consolação Que só o crente goza.
Qual maior prazer que Lhe ouvir dizer: “Vem, meu filho, vem escutar O que fiz por ti, tudo o que sofri Na cruz pra te resgatar”?