Texto: João 14
Depois de aprendermos algumas lições sobre a oração no Antigo Testamento, chegamos ao Novo Testamento, onde a oração não apenas continua sendo uma prática relevante na vida cristã, como parece evidenciar-se de forma cada vez mais clara e objetiva.
Esta evidência vai surgindo de tal modo, a ponto de podermos dizer que há uma Teologia da Oração que vai sendo construída ao longo da Bíblia e que se completa no Novo Testamento.
Se no Antigo Testamento a experiência da oração esteve presente na vida dos grandes servos de Deus de forma marcante, no Novo Testamento não é diferente.
A título de exemplo, citamos o nome do sacerdote Zacarias, cuja mulher, Isabel, era estéril. Quando o anjo do Senhor lhe apareceu anunciando o futuro nascimento de seu filho João – o Batista, o fez com as seguintes palavras: “Não temas Zacarias, porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, te dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João” (Lucas 1:13). O texto nos mostra com clareza que Zacarias tratou deste assunto com Deus, em oração.
Contudo, neste estudo desejamos concentrar a nossa atenção na vida de oração do Senhor Jesus.
Só o fato de sabermos que o nosso Salvador viveu uma vida de oração já deveria ser visto por nós como uma preciosa lição; como fonte de inspiração suficiente para sermos mais dedicados e empenhados na experiência da oração. A prática da oração era algo constante na vida de Jesus e não apenas ocasional.
Entretanto, encontramos muitos outros ensinamentos quando nos detemos a observar as situações em que Jesus dedicou-se à oração.
Vejamos algumas:
Em Marcos 1:29-39, encontramos o relato de um dos momentos de intensa atividade no ministério de Jesus, em que realizou muitas curas milagrosas e expulsou muitos demônios. Logo em seguida, no verso 35, lemos que de madrugada, estando ainda bem escuro, Jesus levantou-se e foi a um lugar deserto e ali orava.
Quantas lições o Mestre nos ensina neste único episódio de oração! Primeiro, de madrugada, ainda bem escuro, aproveitando o silêncio e a tranqüilidade da noite. Depois, num lugar deserto: ambiente propício para estar a sós com Deus e favorável à meditação, à reflexão e à intimidade com o Pai.
Assim devem ser os nossos momentos de oração. Pelo menos, alguns dos momentos, uma vez que a oração pode e deve acontecer em outros contextos também, e isso com regularidade.
A outra lição, sobre a qual não devemos ficar despercebidos, é que após um período de intenso trabalho entre o povo, e trabalho de caráter espiritual, o Senhor Jesus procurou ter momentos a sós com o Pai para logo retornar às atividades do seu ministério e de novo estar com o povo. Desejando sermos obreiros eficientes na seara do Senhor, não podemos negligenciar esses momentos a sós com o Pai. Quem não passa muito tempo a sós com Deus, não poderá ser bem sucedido no tempo que passa com os homens.
Outro momento da vida de Jesus em que Ele muito nos ensina a respeito da oração, é o episódio do Getsêmane, conforme registrado em Lucas 22:39-46. A narrativa começa dizendo que Jesus, segundo o seu costume, foi para o Monte das Oliveiras. Sendo costume, então era algo que acontecia frequentemente, com regularidade.
Entretanto, no Getsêmane a circunstância era especial. Sabendo estar bem próxima a sua morte na cruz, Jesus que, sendo Deus era homem também, angustiou-se. E neste momento dramático de sua experiência humana, Jesus orou. Três vezes. Orou de joelhos, numa atitude de submissão ao Pai. E advertiu os discípulos a que orassem também, para que não entrassem em tentação.
O motivo de sua ida ao Monte das Oliveiras nesta passagem, nós sabemos. Contudo, temos razões para crer que, em muitas outras vezes que para lá foi, Jesus o fez com o objetivo de orar. Sabemos disso porque há outros relatos dos evangelhos que mencionam, claramente, a ida de Jesus aos montes com a finalidade de orar, embora não revelando o nome desses montes. Em Mateus 14:23 e Lucas 9:28, encontramos a afirmação “subiu ao monte para orar”, em duas situações diferentes: após ter realizado o milagre da multiplicação dos pães e passando pela experiência da transfiguração, a qual aconteceu enquanto Ele orava.
Em Lucas 6:12 lemos: “Naqueles dias retirou-se para o monte a fim de orar; e passou a noite toda em oração a Deus”. Mais uma vez, Jesus subiu ao monte a fim de orar. Desta feita, num momento que precedeu a escolha dos doze apóstolos que iriam acompanhá-lo em seu ministério. Uma decisão tão séria e com tamanha importância para o ministério de Jesus foi tomada após ter Ele passado toda uma noite em oração.
Aprendemos, com isso, que é bom orarmos em todas as ocasiões, mas que é essencial orarmos antes de uma decisão importante. E orarmos demoradamente, insistentemente, até que tenhamos recebido a orientação de Deus. Quantas decisões frustradas nós não temos amargado por tê-las tomado sem oração prévia! Quantas outras, igualmente fracassadas, por termos orado apressadamente, sem aguardarmos a confirmação do Senhor, ou sem termos dado a devida atenção à resposta!
O Senhor Jesus nos ensina o segredo do sucesso: oração.