Texto: João 17
No estudo último, aprendemos algumas lições com a vida de oração do Senhor Jesus. Agora, vamos aprender um pouco mais com os ensinamentos que o nosso Salvador proferiu a respeito deste assunto.
Para tanto, nada melhor do que começarmos com a oração modelo, exatamente por ser o modelo de oração deixado por Jesus, mais conhecida como a oração do Pai Nosso.
O primeiro ponto que devemos observar é que, antes de apresentar a oração propriamente dita, o Senhor Jesus fez várias advertências e orientações sobre a atitude e a conduta que devemos ter ao orarmos, conforme registradas em Mateus 6:5-15.
A primeira advertência diz respeito à hipocrisia encontrada entre os fariseus, que oravam em pé nas esquinas das ruas para serem vistos pelos homens.
Hipocrisia, sim, porque não passava de teatro, de representação, motivada pelo desejo de ostentação; exibição pública de uma pretensa piedade, cheia de vaidade, vazia de significado espiritual e que, portanto, oração não era.
Estes já receberam a sua recompensa, diz o Senhor Jesus: a apreciação dos homens. Somente isso. Tal oração não chegará ao Pai.
Sobre este aspecto, a orientação de Jesus é para que entremos em nosso quarto e, fechando a porta, oremos em secreto, porque o Pai que vê em secreto nos recompensará. Oração livre do desejo de ostentação, com o intuito de ser ouvida unicamente por Deus. Discrição em vez de exibição é o que nos ensina Jesus.
Sabemos que o quarto não é o único lugar válido para a oração sincera. Foi citado por Jesus como símbolo de um local reservado, secreto, longe dos olhares humanos e, principalmente, símbolo de uma intenção pura de sermos vistos unicamente por Deus. Um lugar que nos protege da vaidade pessoal. Nenhum mal há na oração pública se o coração está livre do desejo de ostentação.
A outra recomendação diz respeito às vãs repetições, o que difere da persistência na oração, como veremos um pouco mais adiante.
Jesus esclarece o que são as vãs repetições, quando se refere aos gentios, dizendo: “porque pensam que pelo muito falar serão ouvidos” (v.7). É a suposição errônea de que se pode esclarecer a Deus sobre alguma coisa com palavras repetidas; ou, quem sabe, sensibilizar o coração de Deus com o cansaço que se experimenta repetindo a mesma coisa; por vezes, palavras já decoradas.
Inútil. São palavras vazias de sentido para Deus, que não passam de vãs repetições.
E Jesus completa a sua advertência, orientando-nos a não fazer isso. É desnecessário fazê-lo porque o Pai sabe qual é a nossa necessidade antes mesmo de pedirmos alguma coisa. Aquele que é onisciente não depende das nossas informações para saber o que se passa conosco. Amoroso como é Deus não deseja ver-nos cansados pelo esforço da repetição de palavras para ter o seu coração sensibilizado às nossas necessidades.
Confiemos nisso.
E, então, Jesus apresenta o modelo da oração verdadeira, genuinamente espiritual. Oração que todos nós temos gravada em nossa memória e penso que também em nosso coração.
Se observarmos atentamente as suas partes, veremos que é uma oração completa e perfeita, visto que contém adoração, petição, confissão e intercessão. Assim devem ser as nossas orações.
Considerando mais um dos ensinamentos de Jesus, voltamos a nossa atenção para a parábola do Juiz Iníquo, registrada em Lucas 18, onde o Senhor Jesus nos ensina sobre a persistência na oração. Esta, sim, diferente de vãs repetições, é recomendada por Jesus.
Já tínhamos visto no estudo 2 que Isaque orou insistentemente a Deus por sua mulher, Rebeca, que era estéril, e sua oração foi ouvida. Foram várias orações, a respeito de um mesmo assunto, ao longo de um tempo.
O Senhor Jesus ilustrou este assunto com a situação de uma viúva que insistentemente pedia a um juiz, homem de coração endurecido e que não temia a Deus nem aos homens, que julgasse a sua causa contra um adversário. Por sentir-se importunado com a insistência da viúva, acabou por atendê-la. Não porque estivesse sensível à sua causa, mas para que ela parasse de molestá-lo.
Jesus estabelece uma comparação com o Pai Celestial e conclui: “E não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que dia e noite clamam a ele, já que é longânime para com eles. Digo-vos que depressa lhes fará justiça” (v. 7,8).
A persistência em oração é uma forma de honrarmos a Deus com a fé na sua justiça e na sua fidelidade. O crente confiante não desiste. Persiste porque sabe que o Pai é Deus abençoador, que não se aborrece com a nossa insistência. Ao contrário, o Pai recebe as nossas petições de bom grado e trabalha a nosso favor.
Por vezes, é necessário algum tempo, a fim de que estejamos preparados para recebermos as bênçãos que Deus tem para nós. O Pai, que é longânime, trabalha pacientemente conosco e, então, nos dispensa as suas gloriosas bênçãos, maiores do que esperamos, “porque é poderoso para fazer muito além daquilo que pensamos ou pedimos” (Efésios 3:20).
E, finalizando o estudo, vamos dar um pouco de atenção à oração que Jesus fez pelos seus discípulos, na qual eu e você que cremos nEle já estávamos incluídos ( João 17:20).
Nessa solene oração, o Senhor Jesus pede ao Pai para que sejamos uma unidade, como são Ele e o Pai. E diz no verso 23: “Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, a fim de que o mundo conheça que tu me enviaste”.Esta unidade, na prática, significa unidade de mente, coração e propósitos, como existe entre Jesus e o Pai.
Entretanto, é necessário que primeiro esta unidade exista entre o discípulo (individualmente), Jesus e o Pai, para depois chegar à unidade da Igreja como corpo de Cristo. Assim é que primeiro Jesus orou pelos discípulos e depois, então, orou pela Igreja.
Formada esta unidade espiritualmente orgânica, ela deverá refletir a unidade existente entre Jesus e o Pai, a ponto de ser vista pelo mundo que, por ela, será levado à fé.
Para tanto, deverá haver um elemento de ligação que nos torne perfeitos nesta unidade. Este elemento é o amor, diz a Bíblia em Colossenses 3:14: “Revesti-vos do amor, que é o vínculo da perfeição.” O amor do Pai pelo Filho e, através dele, manifesto a nós.
Entendemos, então, porque o Senhor Jesus diz: “Como o Pai me amou, assim também eu vos amei; permanecei no meu amor” (João 15:9) e “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros” (João 13:35).
Assim façamos, trilhando com perseverança o caminho da oração.
E lembremos sempre: o Mestre que nos ensina como devemos orar e que nos orienta à persistência na oração, ele próprio orou em nosso favor.