Texto: I Timóteo 2:1-8
Depois de termos refletido um pouco sobre o muito que Jesus nos ensina a respeito da oração, vamos voltar a nossa atenção para os ensinamentos que a Bíblia nos dá através das epístolas do Novo Testamento.
Iniciaremos com os ensinos encontrados nas cartas de Paulo.
“Orai sem cessar” (I Tes.5:17). Este é um ensinamento aparentemente intrigante e que desperta alguns questionamentos, uma vez que a vida já nos impõe uma rotina tão preenchida de atividades, compromissos e deveres a cumprir. Como poderá alguém orar sem cessar?
Sabemos, de antemão, que o nosso Deus não nos dá nenhum ensinamento impossível de ser cumprido. Esta certeza, portanto, já é suficiente para afastar o questionamento quanto à possibilidade. É possível.
Sendo possível, como então fazê-lo?
A resposta a esta questão nos remete de volta ao sentido e significado da oração.
Mais do que um comportamento, de proferir palavras formalmente organizadas para isso, a oração é antes de tudo uma atitude – é interna – do espírito humano, do coração, para depois expressar-se em atividade. Ambas (atitude e atividade) envolvem adoração, ação de graças, petição, confissão que nos levam à comunhão com Deus.
Sendo assim, além do comportamento formal da oração, por sinal necessário e de inestimável valor espiritual como já temos estudado, é possível estarmos incessantemente em oração. Assim acontecerá se estes elementos que a caracterizam estiverem presentes e atuantes em nosso coração, ainda que nem sempre possam ser expressos em oração formal.
Se intimamente estamos em sintonia com Deus, com o coração preocupado em fazer com que todas as atividades do nosso dia, inclusive as de lazer, glorifiquem a Deus e sejam realizadas sob a sua orientação, então já nos encontramos em estado de oração.
É uma extraordinária oportunidade que Deus nos dá de vivermos sempre em sua presença.
O apóstolo Paulo faz referências a várias formas de oração possíveis, além da oração formal: oração como cântico de adoração, como intercessão, como fonte de consolação. Enfim, toda forma que nos mantenha em comunhão com Deus.
Sobre algumas dessas formas estaremos meditando ainda neste estudo.
Vale ressaltar, entretanto, que não estamos estudando os tipos de oração: oração de adoração, de intercessão... Sobre os diversos tipos de oração estaremos tratando num estudo próximo.
Voltamos, então, às formas apresentadas pelo apóstolo Paulo. Começamos com a oração na forma de cântico de adoração. Para efeito didático, uma distinção deve ser feita: oração como cântico de adoração não é a mesma coisa que oração de adoração, embora ambas produzam benefícios espirituais e resultem em adoração a Deus.
A oração como cântico de adoração ocorre a partir do desejo e da alegria que sentimos em louvar e cultuar a Deus. O próprio reconhecimento de que Deus é digno do nosso louvor já é uma forma de oração, onde a adoração é o fator principal. É considerado como sendo uma forma de oração porque o Senhor que vê em secreto se agrada desse nosso sentimento e recebe-o como ato de louvor, o que faz com que a nossa comunhão com Ele seja mantida em momentos como este.
Tal sentimento poderá expressar-se em comportamento: cantar um hino de louvor; conversar com alguém sobre as grandezas de Deus; formalizar uma oração neste sentido, caso seja possível; ou simplesmente permitir que este sentimento envolva o nosso coração para que o Senhor o veja e o receba nos céus.
Assim aconteça conosco: que os nossos sentimentos, pensamentos e ações exaltem ao Senhor em todo o tempo, fazendo com que a nossa vida seja vista por Deus como uma forma de oração permanente em seu louvor, dando-nos a consciência de sua presença conosco e mantendo-nos em constante comunhão com Ele.
O apóstolo Paulo fez a oração na forma de cântico de adoração na carta aos Romanos 11:33-36, quando exaltou e glorificou a Deus de forma extraordinariamente bela.
Semelhante ao que acontece com o aspecto adoração, a intercessão informal também se torna em oração. Embora sendo diferente do tipo específico de oração de intercessão, esta também produz resultados de grande benefício espiritual.
A intercessão, como forma e com efeito de uma oração, acontece todas as vezes que os nossos sentimentos se ocupam com uma necessidade, os quais são vistos e acolhidos por Deus. As nossas conversas e os nossos comentários serão considerados como oração se neles existir o reconhecimento de uma necessidade presente, acompanhado da fé no poder de Deus para atendê-la e do sentimento de um encaminhamento íntimo do assunto à presença de Deus.
Nestes casos, uma simples conversa será transformada espiritualmente em oração porque passará a ser um meio de encaminhamento a Deus de um pedido em favor de alguém. Terá o valor e o efeito de uma intercessão.
Diante disso, dois ensinamentos essenciais saltam dessas meditações para o nosso coração:
- é possível cumprir o imperativo bíblico de I Tessalonicenses 5:17 e vivermos em oração incessante, se passamos todas as horas do nosso dia na consciência da presença de Deus conosco, tendo o nosso coração anelante por mantermos comunhão com o Pai Celeste em todo o tempo e deixando fluir constantemente do nosso interior sentimentos de louvor, adoração e súplicas que irão envolver e direcionar as nossas atividades; - porque é possível vivermos em oração incessante, devemos ser zelosos e vigilantes em tudo aquilo que sentimos, pensamos ou fazemos, de modo que o nome de Deus seja exaltado e glorificado através do nosso viver.
Que a nossa vida seja uma permanente oração para a glória de Deus!
E que para tanto o Senhor nos ajude.