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EVANGELHO DE JOÃO: ESTUDO 12 – SOFRIMENTO E MORTE DE CRISTO

Ana Maria Suman Gomes

João 18 e 19

O estudo de hoje, querido ouvinte, é um estudo difícil. Não que os textos apresentem qualquer dificuldade teológica, mas pensar que Jesus sofreu tanto nos deixa sempre emocionados, impactados. Os capítulos 18 e 19 são ricos em detalhes sobre os últimos minutos da vida de Jesus e os veremos de forma simplificada ainda neste estudo. Curiosamente, João não fala sobre a oração de Jesus no Getsêmane, apenas menciona que Jesus entrou no horto, acompanhado de seus discípulos. Apesar disso, é importante nos lembrarmos que ali ele orou. Se é verdadeiro que estivera, no caminho, orando ao Pai face a face pelos discípulos e por todos nós, agora Ele se ajoelha e derrama a sua alma diante de Deus.

Recentemente, o Pastor Dr. Israel Belo de Azevedo publicou um artigo pastoral, onde ele destaca um aspecto muito importante dessa oração, oração que foi a oportunidade de fortalecimento que Jesus recebeu do Pai para o cumprimento da Sua missão. Como erramos nós, amado ouvinte, em imaginar que poderemos executar o trabalho de Deus sem oração e sem a capacitação dEle!

Assim registrou o Pastor Israel Belo de Azevedo, no artigo que recebeu o título “Depois que o Anjo vem”.(Boletim da Igreja Batista de Itacuruçá de 16 de março de 2008):

Estava chegando a hora.

Ele foi para o Monte das Oliveiras, especificamente para um lugar chamado Getsêmane (ou “prensa de azeite”).

Ele se afastou dos discípulos que o seguiam para orar, desta vez ajoelhado (embora esta não fosse a prática dos judeus). Os discípulos, estarrecidos, conseguiram ouvir várias vezes o que pedia insistentemente ao Pai, usando uma metáfora que significava que não queria ir para a cruz.

Após essa oração, o Pai lhe enviou um anjo para consolá-lo.

Em sua angústia, ele orou ainda mais intensamente. Enquanto orava na longa e escura noite, seu suor escorria até o chão – seus discípulos puderam ver também – como se fossem pétalas na relva. Ele perdia água e expelia sangue (naquilo que os médicos chamam de hermatidrose ou “excreção de suor sanguinolento por efeito de hemorragia das glândulas sudoríparas”).

A história está em Lucas 22,39-44 e deve ser lida palavra por palavra. (O autor deve ter demorado meses para narrar esta história, tal a sua precisão, tal a sua profundidade, tal a sua beleza, tal a sua dramaticidade, tal a sua humanidade).

Tantas vezes nós a lermos, tantas vezes seremos tocados.

Tocou-me agora ler que somos consolados no sofrimento.

Tocou-me agora entender o que é o consolo: o anjo não foi enviado para lhe pôr fim ao sofrimento: o anjo veio para lhe dar a força necessária para a dor ainda maior que sentiria. (Depois de consolado, suou sangue – eis o que lemos.) Nem sempre somos libertos da angústia de sofrer, mas sempre somos consolados.

Tocou-me agora saber que, quando falham os nossos amigos e irmãos (e falham—como eu falho!), nossa solidão não dura para sempre: Deus nos envia uma companhia sobrenatural.

Tocou-me agora compreender que, quando os nossos amigos e irmãos – e também desconhecidos, igualmente nossos próximos – estão em solidão e angústia, podemos ser os consoladores que Deus quer enviar.

É por isto que eu amo a história de Jesus.

Uma vez fortalecido, Jesus enfrenta a sequência de fatos que o conduziriam à cruz. Com o auxílio da Bíblia Cronológica, vamos mencionar tais etapas, destacando as que foram também comentadas por João.

5ª. feira: Jesus é traído e preso; a orelha de Malco é restaurada. João 18, 2-11 nos conta esta parte da história. A seguir, Jesus é interrogado pelo sumo-sacerdote Anás, conforme relato em João 18, 12 a 14 e 19-23. A partir daqui, entramos na sexta-feira. Serão treze os acontecimentos desse longo e triste dia:

  1. Jesus, julgado e condenado, é escarnecido e espancado. João 18,24;

  2. Pedro nega Jesus três vezes. João 18,15-26;

  3. Jesus é condenado pelo Sinédrio. A narrativa poderá ser encontrada apenas nos evangelhos sinópticos.

  4. Remorso e suicídio de Judas. A história foi contada por Mateus em 27,3-10 e por Lucas em Atos 1,18-19.

  5. Jesus diante de Pilatos pela primeira vez (6h). João 18,28-28.

  6. Jesus diante de Herodes Antipas. Somente Lucas nos conta este episódio em 23, 6-12;

  7. Jesus diante de Pilatos pela segunda vez; libertação de Barrabás. João 18, 39 e 40.

  8. O julgamento é encerrado: zombaria e condenação definitiva. João 19, 1-16;

  9. A caminhada até o Gólgota: João 19,17.

  10. As primeiras três horas na cruz (9-12h): João 19, 18-27;

  11. Mais três horas na cruz (12h-15h) João 19, 28-37. Estes três últimos episódios foram narrados pelos quatro evangelistas, com detalhes que, somados, podem nos ajudar a enxergar com segurança o que ali se passou.

  12. Acontecimentos extraordinários. João não os menciona, mas podem ser conhecidos em Mt 27, 51-55; Marcos 15, 38-41 e Lucas 23, 47-49.

  13. O sepultamento. Os quatro evangelistas o narram. João o registra em 19, 38-42.

O dia seguinte à crucificação era o sábado. O sepulcro é vigiado e selado com uma pedra, o que pode ser lido em Mateus 27, 62-66.

Sim, amado ouvinte, o tempo para o cumprimento da profecia havia chegado ao fim. Jesus estava morto, após um processo longo e doloroso para ele, para os discípulos e ainda para todos nós que recebemos dEle a vida eterna e a certeza de que estaremos com Ele um dia.

Impossível relembrar estes fatos sem agradecer a Deus pelo seu infinito amor e pelo envio de Jesus a este mundo para nos transformar a vida.

 
APOIO BIBLIOGRÁFICO

A BÍBLIA – em ordem cronológica. REESE, Edward (org).São Paulo:Vida. 2003. ALLEN, Clifton J.(editor) Comentário Bíblico Broadman vol. 9 .Rio de Janeiro: JUERP. 2ª. edição. 1987. BORTOLINI, José. Como ler o Evangelho de João – O caminho da vida. São Paulo: Paulus. 7ª. edição 2005. BRUCE, F.F. João – Introdução e Comentário. São Paulo: Mundo Cristão. 1987. CHOURAQUI, André. A Bíblia – Iohanân (O Evangelho Segundo João). Rio de Janeiro: Imago. 1997 TAYLOR, W.C. Evangelho de João –Tradução e Comentário. Volumes I, II e III. Rio de Janeiro:Casa Publicadora Batista. 1946.

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