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A ORAÇÃO APÓS OS TEMPOS BÍBLICOS

Agora, nesta série de estudos sobre oração focalizaremos o tema “A Oração após os tempos bíblicos”.

Podemos entender como “tempos bíblicos” o período em que a Bíblia foi escrita e compilada. Este período durou aproximadamente 1500 anos. E se encerrou próximo do ano 200 d. C. Nessa época o acesso a Bíblia era muito restrito devido a grande dificuldade de alfabetização do povo e alto custo para sua reprodução.

Segundo o historiador Robert K. Nichols, nos últimos anos do terceiro século, começou a surgir uma organização de igrejas ligadas por acordo formal. Essa organização foi denominada de Igreja de Roma e apresentava três aspectos: 1) uma só forma de governo: 2) a adoção de um só credo; 3) reconhece e recebe uma só forma de livros do Novo Testamento. Muitos crentes, embora pressionados e perseguidos, não aderiram ao novo grupo religioso e mantiveram os ensinos recebidos dos apóstolos formando outros grupos.

Essa nova igreja se arrogou o poder modificar os ensinos dos apóstolos contidos no Novo Testamento e de criar novos princípios e doutrinas. Assim, foi estabelecido o Papado, e o Celibato. Também foi estabelecido que só aos bispos fosse concedido possuir a Bíblia e que a salvação só era alcançada por aqueles que a ela se filiassem. Aqueles que discordaram da nova Igreja foram perseguidos de maneira drástica chegando até a pena de morte. O desenvolvimento deste quadro religioso provocou o aparecimento de várias heresias contrárias ao ensinamento bíblico do Novo Testamento. A idolatria foi estimulada, a salvação por Jesus dada pela graça de Deus foi trocada pelas indulgências.

Várias mudanças foram incentivadas na prática da oração como consequência da nova forma de interpretar a Bíblia. Uma delas foi a criação de várias rezas e ladainhas que foram escritas para uso repetitivo substituindo a livre expressão do coração de quem buscava a Deus. Esta é uma afronta ao que Jesus ensinou em Mt 6.7 “Não useis de vãs repetições”.

Outra característica criada para essas orações divergentes do ensino bíblico é que elas são dirigidas para intercessores que substituíam o Senhor Jesus. Jo 14.13-14

Como vimos nos estudos anteriores as orações foram expressões das necessidades dos crentes e do reconhecimento da bondade e do poder de Deus. Essas orações estão registradas na Bíblia e nos servem grandemente. Temos como exemplo a oração do Pai Nosso em Mt 6.9-13. Nada nos impede de escrevermos as nossas orações. Para alguns momentos é até recomendado que escrevamos ou memorizemos a nossa prece evitando assim erros e impropriedades. Muitos poetas cristãos, inspirados pelo Espírito Santo, têm criado poesias e cânticos de acordo com os ensinos bíblicos que usamos nos cultos de adoração e louvor em nossas Igrejas. O que não podemos esquecer é que o Senhor Deus por sua providência criou o livro dos Salmos, o Saltério, que contém um repositório de orações de todos os gêneros como: de celebrações, de ações de graças e gratidão, de exaltação a Deus e sua Lei, de lamentação e imprecação, de profecias e messiânicos, de confiança, de comunhão, de confissão, de proteção, de consagração e de santificação.

“Não há, pois, estado algum da alma, que nos Salmos não tenha um fiel exemplar: a tristeza, a alegria o abatimento, o temor, o arrependimento, a gratidão, a piedade, a magnanimidade, o perdão das injúrias – todos estes sentimentos são ali representados admiravelmente com espelhos em que o homem se pode mirar e reconhecer. São por assim dizer, umas fiéis fotografias do espírito humano, nas quais estão retratados todos os seus estados e situações, apresentando ao vivo todas as suas afeições, transmutações, e direções”.

Com a proibição da leitura da Bíblia imposta pela Igreja De Roma todo este tesouro dos Salmos foi enterrado por muito tempo impedindo que o povo pudesse usá-los como inspiração divina para orações.

Além do incentivo à idolatria o perdão dos pecados se tornou prática pela confissão auricular. Com esta prática os ministérios e os ministros da igreja arrogam para si o célebre: “Eu te perdoo”. Esta foi mais uma forma criada pelo clero excluindo a oração de confissão. O poder de perdoar pecados é exclusivo de Deus. Mc 2.7 Este procedimento de perdão dos pecados pelo clero é um retrocesso no ensino bíblico, pois bloqueia o livre acesso que temos ao Pai por Jesus Cristo o único mediador entre Deus e os homens. At 4.12, 1Tm 2.5 e 1Co 3.11.

A profissionalização do clero criou também a aberração das indulgências que eram as missas e cultos remunerados. Esta prática contrária à orientação bíblica criou um comércio, um tráfico religioso e foi uma das fortes razões que levaram Martinho Lutero à reforma.

Citamos alguns dos ensinos e práticas que foram dados aos religiosos, após os tempos bíblicos, que ainda persistem prejudicando o relacionamento dos homens com Deus. Estas práticas e ensinos corrompem o que a Bíblia demonstra como certo para as orações e as tornam ineficazes.

Rogamos a Deus que nossas orações sejam expressões sinceras de nosso coração de acordo com a sua Palavra.

Que Ele nos abençoe, em nome de Jesus, amém.

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