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Gerson Berzins

A PARÁBOLA DO GRANDE PREÇO - Mateus 13. 45-46

44 “O Reino dos céus é como um tesouro escondido num campo. Certo homem, tendo-o encontrado, escondeu-o de novo e, então, cheio de alegria, foi, vendeu tudo o que tinha e comprou aquele campo.

45 “O Reino dos céus também é como um negociante que procura pérolas preciosas. 46 Encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo o que tinha e a comprou.

Voltamos nossa atenção para as palavras que Jesus Cristo transmitiu, utilizando-se do recurso de parábolas, isto é de pequenas estórias com as quais os seus ouvintes podiam se identificar e com isso entender com mais facilidade a mensagem que o Mestre queria ensinar. O que Jesus trouxe foi uma nova perspectiva de vida, uma mensagem revolucionária, e Ele precisava fazê-la ser entendida pelos seus ouvintes. Para quem se dispunham a escutar Jesus, as suas palavras eram novidade pura e as belas estórias que o Mestre utilizava ajudavam a compreender e a guardar essas verdades. E assim continua até hoje. Nos voltamos às mesmas estórias para permitir que as suas verdades mais relevantes nos impactem, nos orientem e se façam realidade em nós.

Consideramos hoje parábolas em dose dupla. Duas estórias que o evangelista registrou em sequência, utilizadas para ilustrar uma mesma verdade. São das mais breves parábolas pronunciadas, pois cada uma delas pode ser contada em apenas duas frases. O fato de serem tão enxutas não as diminui, pois com elas Jesus nos quer levar a pensar sobre a importância daquilo que é importante. Há uma pergunta que deve ser feita por cada um de nós, que serve de introdução ao tema: o que é de fato importante para você? Que coisa, que valor, que alvo faria fosse abandonar tudo, se desfazer de tudo para em troca ter esse objeto de desejo profundo?

Na segunda parábola, para o negociante de perolas, aquela perola mais preciosa que ele já viu o fez se desfazer de todas as outras para em trocar poder ter essa joia de grande valor. Podemos dar asas à imaginação e pensar nos amigos do negociante que espantados lhe perguntam: por que você está vendendo tudo? Essas pérolas todas são a sua vida, são o seu negócio, são a sua motivação, como se desfazer disso? E o negociante, com certeza, com um sorriso misterioso responderia: aguardem e vocês saberão. E ai, quando ele conseguiu aquela perola especial ela chamaria os amigos, a exibiria com orgulho e diria algo do tipo: eu tenho o que ninguém tem. Eu tenho a perola mais bonita, mais importante e mais valiosa. Realizei meu sonho de vida.

A primeira das parábolas, por outro lado, fala de uma pessoa não identificada que tropeça em um tesouro em um terreno qualquer. Ele assim passa a ser o portador de um segredo valioso, mas isso não é suficiente para ele. Que proveito ele teria em só saber sobre o tesouro? Ele precisa se apropriar dele, tornar o tesouro seu, e diz Jesus que ele decide perseguir esse objetivo com uma obsessão total. Como com o negociante de perolas ele parte para vender tudo o que tinha e assim obter os recursos para poder comprar o campo onde está o tesouro. É curioso notar que nas duas estórias, o herói que Jesus apresenta é alguém que aos olhos dos outros parece estar fora de razão: agindo de forma amalucada. Só a própria pessoa é que está consciente do que faz e por que razão o está fazendo. Este, eu creio, é o xis da questão dessas parábolas do Mestre, e é por esta causa que devemos responder a pergunta a respeito do que é importante para mim. Cada pessoa, só ela, isoladamente é que pode decidir o que o mais importante para si. O pai não pode decidir pelo filho ou filha, nem a mãe. O marido não pode decidir pela esposa, nem vice-versa. Cada um tem que decidir sozinho.

O grande problema nessa questão da coisa importante é que para muita gente não existe ainda a definição do que é o mais importante na vida. Tais pessoas, por conseguinte, vão ao som da valsa da hora. Em um momento o mais importante é a família, no momento seguinte é o futebol, logo depois é o emprego, e ai tudo muda porque surge uma nova paixão, e de paixão em paixão a vida segue. Não há um rumo definido, não há um alvo pelo qual valha a pena dar a vida, pelo qual vale a pena se desfazer de tudo para poder obter o que é prezado como o realmente importante.

As duas parábolas falam de pessoas obcecadamente centradas em conseguir um objetivo: conseguir a coisa importante. Para essas pessoas não há a nada que as façam se desviar do que desejam: nem distração, por mais interessante que seja; nem urgência por mais demandante que seja, nem preguiça, nem cansaço. A única coisa que importa é conseguir o que é importante.

Talvez a esta altura você esteja se perguntando: se ao menos eu soubesse o que realmente deve ser importante para mim! Se eu disso tivesse certeza, eu poderia me dispor a abrir mão de todo o resto e perseguir insistentemente o importante. Pois é, essas parábolas de Jesus são exatamente para isso. A insistência e o foco na busca da coisa importante são utilizados por Jesus para nos conscientizar a respeito do que deve ser para nós essa coisa mais importante. O que Jesus nos quer deixar com essas estórias é a determinação que devemos ter em buscar o Reino de Deus, e que absolutamente nada na vida é mais importante que o Reino de Deus que Jesus veio apresentar.

Aceitar o Reino de Deus como a coisa mais importante começa em reconhecer Jesus Cristo como o filho de Deus que veio até nós, morreu por nós na cruz e com o seu sacrifício nos abriu o acesso a Deus e ao seu reino. Aceitar o Reino de Deus é por consequência, diminuir a importância das coisas desse mundo, suas riquezas, suas paixões e decidir, de todo o coração que todas essas coisas, todas as coisas podem ser trocadas pela única coisa que tem importância. É dar prioridade total às coisas de Deus, e viver por elas e para elas. Podemos – e devemos – continuar nos importando com as coisas que nos interessam e que prezamos: nosso emprego, nossa família, nossa diversão. Mas, o que de fato importa é que todas essas coisas não competem com a mais importante de tudo o que podemos ter: o reino de Deus. É Jesus mesmo, que em outra ocasião nos chama a esta realidade: “Buscai primeiro o reino de Deus e toda a sua justiça e as demais coisas vos serão acrescentadas”.

Terminando, você não pode decidir por mim, eu não posso decidir por você, ninguém pode decidir por você. Nem Jesus pode, nem Deus pode. Mas o convite é claro e insistente e nessas parábolas vem em forma de exemplo: seja como o negociante de perolas; seja como o homem que encontrou o grande tesouro. Se for preciso abra mão de tudo, desfaça de tudo, só não perca a coisa mais importante que você pode ter.

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