1) A FIGURA DO PAI Não é necessário despender-se muito esforço para mostrar a relevância do pai no contexto da família e da sociedade. Em todos os tempos e em todos os lugares tem sido ele, do ponto de vista humano, o pedestal e sustentáculo em todos os aspectos da vida. Quem estuda a Bíblia, e particularmente o Velho Testamento, verifica que muitos personagens de sua história são identificados apenas com o nome do pai, omitindo-se o nome da genitora. Não é que a Bíblia seja machista por princípio, mas a verdade é que ela foi escrita em um mundo machista. Ao mencionarmos esse fato, de modo algum menosprezamos o importante papel da mãe no ambiente da família, já ressaltado em vários tópicos do nosso trabalho. Acontece que, com o crescimento do número de mães solteiras, por estranho que pareça, começa a ser preterida a figura do pai. Tal situação contraria frontalmente as normas mais rudimentares da vida e do sentimento humano. Verifica-se, ultimamente que, em formulários oficiais para requerimentos, aparece uma linha para identificação do peticionário onde consta apena o nome da mãe, omitindo-se o nome do pai. Isso ocorre, por exemplo, no formulário para requerimento do saque do F.G.T.S. da Caixa Econômica Federal. Quem assim preparou esse formulário, o fez, provavelmente, com o intuito de não causar constrangimento àquelas pessoas que não podem identificar seu pai. Seria esse um expediente para evitar atitude de discriminação à pessoa que, não conhecendo o pai, ou sendo por ele abandonada, teria, por força de tal situação, de omitir o nome do seu progenitor. Ocorre que esse procedimento termina por discriminar a importante figura do pai daquele que o tem e está relacionado com ele. O certo é que toda a pessoa, ao identificar-se, não se sente bem em mencionar apenas o nome de sua mãe, mas tem prazer em citar também o nome do seu pai. Habitualmente, em qualquer documento, o pai sempre foi, não apenas citado, mas aparecia em primeiro lugar, vindo depois o nome da mãe. Como as coisas vão mudando para pior, agora o nome do pai chega a ser omitido. É sinal de que a sociedade não vai se habituando a reconhecer filhos sem pai, mas de que, de certo modo, chega a se conformar com sua imprescindível ausência. Esse é um sinal de decadência. Na medida em que se avoluma tal situação, a sociedade se deteriora e vai descendo um despenhadeiro. 2) FAMÍLIA E COMPORTAMENTO A família tem muito a ver com a maneira de ser e viver de cada pessoa. O que recebemos, direta ou indiretamente, dos nossos pais influi decisivamente no que somos e fazemos. Somos, em grande parte, o fruto, o resultado do que recebemos do contexto familiar. Ainda que cada pessoa seja um mundo em si mesma, um universo diferente de todos os demais, os traços dos antepassados, mesmo que um tanto imperceptíveis, são marcantes em cada ser humano. Como Deus nos criou “à sua imagem e conforme a sua semelhança”, os nossos filhos tendem a nos perpetuar como imagens do nosso ser, não apenas nas características físicas, mas também no conteúdo geral do nosso ser. Assim sendo, o nosso comportamento, de modo geral, reflete a família da qual procedemos. O que aprendemos e vivemos em nosso mundo familiar, não só transmitimos aos nossos descendentes, como também praticamos no relacionamento com outras pessoas. Forma-se desse modo uma corrente de vida que vai se perpetuando através de gerações. Esse é o motivo porque a sociedade retrata nos seus atos as famílias que a compõem. É ela o resultado desses pequenos núcleos que lhe dão origem. Se essas se revelam ajustadas, ordeiras e disciplinadas, dentro dos padrões de um comportamento ético em relação aos seus membros e ao ser humano em geral, formam uma sociedade com a mesma tendência. O reverso da medalha é também realidade. Vivemos em um tempo quando a violência se torna cada vez mais generalizada e agressiva. Muita gente questiona sobre qual o motivo de tal situação. Onde estão as raízes da violência? Até bem pouco tempo tal situação era vista praticamente só nos grandes centros urbanos. Agora, alcança também, com terrível ferocidade, as distâncias mais afastadas, onde habitam populações escassas. Entre os motivos que possam ser alinhados, um deles é, sem dúvida, a crescente degradação da família. Na medida em que a instituição básica se afasta dos padrões divinos, a sociedade como seu resultado, sofre os efeitos de tal situação. Podemos remediar esse quadro de medo e angústia. Na volta a Deus e realização de Sua vontade encontra-se o recurso para um novo dia na sociedade. 3) FAMÍLIA E PROSPERIDADE Um povo é resultado de suas famílias. Como nas folhas sadias há vida para uma planta, nas famílias bem constituídas há prosperidade para a Pátria. Da sociedade organizada se constitui a Nação com sua língua, costumes e tradições. Forma-se daí o Estado, que nada mais é do que a entidade juridicamente estabelecida. A grandeza da Pátria depende da sólida estrutura das famílias que a constituem. Sem essa importante instituição, que é a base da sociedade, não se constrói a prosperidade da Pátria. Depois de comparar a família com um jardim e um palácio, prossegue o escritor sagrado, sustentando que o seu resultado é a prosperidade (Sl 144;13-14). As famílias, através de seus componentes: pais, filhos e demais participantes, trabalham intensamente tendo em vista a sua sobrevivência e progresso, e fazem o desenvolvimento coletivo, refletindo-se positivamente em toda a sociedade e na Pátria. Por outro lado, pessoas desajustadas em sua conduta e problemáticas, trazem transtorno à sociedade e à Pátria. Não são apenas peso morto, mas se tornam peso oneroso. Enquanto os filhos de lares bem ajustados têm condições de criar a prosperidade, aqueles que vieram de uniões desfeitas e outras situações irregulares, são muito mais propensos a causar males sociais. Imagine-se, por exemplo, alguém que pela carência de amparo familiar conjugado com outros fatores negativos, passa por todos os traumas e angústias de uma situação de abandono. Chegou a passar por algumas escolas, mas seu aproveitamento foi quase nulo. Orientação religiosa, nem se falou nisso. Não se profissionalizou. Chegando à adolescência e à juventude vem a cair na marginalidade. Desse estado para o mundo dos vícios a distância foi pequena. Envereda-se na prática de assaltos, furtos e roubos, chegando a cometer homicídios, e finalmente, vai para a penitenciária por longos anos. É uma vida que, além de nada produzir, tornou-se um peso enorme para a sociedade. Por causa do desequilíbrio da família e o menosprezo e negação de muitos outros valores reais da vida, é o que vem acontecendo de maneira cada vez mais acentuada. Tendo em vista a previsão dessa realidade, o escritor sagrado conclui advertindo contra os assaltos e clamores nas ruas. Parece que escreveu para hoje.
Extraído do livro: “Família Feliz”, editora EBAR.
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