Em Casamento Feliz Uma Caminhada a Três Transformações de Lares Pela Presença de Jesus Conto com os leitores apreciadores deste trabalho, jovens que estão buscando o par e outros que já se casaram. Haverá muitos no regozijo pleno, como aquele par que se preparava para comemorar as Bodas de Ouro, mas que insistia em dizer que a lua-de-mel continuava. Outros terão algumas ou muitas decepções, mas continuam juntos. Outros, ainda, certamente estão enfarados e pretendem se separar. Deixemos fatos falarem ao nosso coração. O pregador visitante estava pregando a mensagem, quando a mulher de rosto triste tocou o braço do pastor, pedindo para atendê-la logo após o culto. Ainda que tumultuado por muitos chamados e entrevistas, foi possível, certamente orientado por Deus. - Pastor, a crueldade do meu marido forçou-me a abandoná-lo. Voltei para a minha mãe com os três filhos e, confesso; difícil tem sido a caminhada. Há algumas semanas resolvi terminar com o problema, começando por envenenar meus filhos. Depois tomaria eu mesma dose igual de veneno. Comprei o tóxico e tentei forçar o mais velho a tomar a dose da morte. Sua reação e choro me fizeram recuar. Na noite seguinte tentei uma vez mais, encontrando a mesma dificuldade. Saí um tanto desarvorada e triste e vinha descendo a rua, quando ouvi um cântico que falava de Jesus como Aquele que leva os fardos. Sem dar conta de mim; entrei e ouvi algumas palavras que confirmaram a música. Foi dito que haveria outra reunião na noite seguinte. Hoje ouvi de novo o cântico e a história do amor de Jesus. Não vou mais suicidar-me nem matar meus filhos. Quero, apenas, sua oração e encorajamento. Trinta dias depois, um mês apenas, e a senhora foi imersa nas águas do batismo. Ao tempo do batismo segredou-me: - Pastor, quero uma oração sua, agora, pedindo a conversão do meu marido. No domingo seguinte, o marido passou pela porta da igreja, mas não entrou. No outro domingo a senhora pediu para falar comigo e trouxe o marido ao seu lado. Ele decidiu ficar para ouvir o sermão e ao apelo, veio à frente chorando e confessando Cristo. Mais alguns dias e, de novo, a sofrida senhora! Verdade, havia mudança no seu rosto e alegria profunda, quando comunicou: - Pastor, meu marido achou emprego! Alugamos uma pequena casa e queremos realizar o culto da nossa gratidão ali. Quero que o senhor nos ensine como realizar o culto doméstico em nossa casa, para que Jesus presida sempre sobre nós. Esta história me foi contada por um pastor inglês, que usou na ocasião para ilustrá-la a expressão de Amós 4.11: “Vós fostes como um tição arrebatado do incêndio”. Contei-lhe então o que Jesus tinha realizado em nossa igreja na conversão de José Porfírio e D. Alice. Junto recitamos o mesmo e tradicional verso: “Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente”. Ele continua esperando por convites para que assista ao casamento que se realizará em Caná de algum jovem par. Sua presença alimentará o enlace e santificará o lar. A Oração e a Felicidade da Família O tema do livro aborda uma terceira Pessoa, que transcende o próprio casal. É a companhia invisível. Lemos na história do profeta Daniel, que seus companheiros, quando lançados na fornalha, foram assistidos por uma pessoa desconhecida ao rei pagão que o identificou como sendo semelhante “ao filho de Deus”. Os caminhantes de Emaús andaram trilha longa, em companhia de Alguém que não conseguiam identificar e que foi conhecido ao “partir do pão”. Quando lemos a biografia de Jesus no Evangelho de Lucas, somos transportados a algo maravilhoso. O evangelista quis deixar claro que a prática da oração tinha muito a ver com as santas e verdadeiras decisões do Senhor. Aprendemos, destarte, que Jesus estava orando, quando do tempo do Seu batismo (Lc 3.21). Mais adiante, lemos que “naqueles dias retirou-se para o monte a fim de orar, e passou a noite orando a Deus. E quando amanheceu, chamou a Si os seus discípulos e escolheu doze dentre eles aos quais deu também o nome de apóstolos” (6.12). Prosseguimos na leitura do Evangelho e deparamos com outra informação preciosa: “estando Ele orando em particular, achavam-se presentes os discípulos a quem perguntou: - Quem dizem as multidões que sou eu”? (Lc 9.18). Ora, bem sabemos da importância daquela hora no ministério do Senhor, quando o jogo de concepções a respeito d’Ele era posto à prova. Agora Jesus estava seguro de que pagaria o preço da nossa salvação pela entrega de Seu próprio corpo. Tornava-se necessária uma disciplina especial que transformasse em energia plena todas as suas forças físicas, morais e espirituais. O texto nos informa, uma vez mais, dizendo: “Tomando consigo a Pedro, João e Tiago subiu ao monte com o propósito de orar e aconteceu que, enquanto orava, a aparência do seu rosto transfigurou-se e Suas vestes resplandeceram brancura” (9.28-29). E para não cansar o leitor, apresento mais um exemplo maravilhoso da vida piedosa do Senhor, “que estando a orar em certo lugar, quando terminou, um dos seus discípulos lhe pediu: - Senhor! Ensina-nos a orar”. Cito tais exemplos, tendo em vista deixar bem clara a necessidade de oração contínua e constante. Não existem conquistas espirituais legítimas à parte da disciplina e prática da oração. Oração no Trato de Tensões e Lutas Fulton Sheen analisa de modo proveitoso que considera “as três tensões do amor”. Mais além discute três elementos fundamentais no amor. Sumarizo a verdade de seus conceitos. A primeira tensão está ligada à natureza metafísica do homem e seu par. Existe uma parte material do casamento que é a união sexual do par. Nesse ato acontece a fusão de dois em apenas um. Mas depois de findo o ato, permanece a identidade de duas personalidades separadas, cada qual com suas características básicas de genes de sua linha biológica. Fulton Sheen descobre aí o que chama grande paradoxo: as almas dos entes que se amam aspiram por unidade, mas o corpo sozinho, malgrado o símbolo passageiro da união, continua sendo exclusivista! A segunda tensão no conceito do autor diz respeito à humanidade. Preferia dizer que este tipo de tensão se forma no seio da sociedade. Relacionamento é algo importante e fundamental na unidade humana. O amor conjugal pede exclusividade. Não se fala de ciúme doentio, mas de uma marca preponderante e constante no trato marido e mulher. Fulton Sheen ousa uma declaração forte quando afirma: O amor é pessoal, mas o sexo é social e procura a humanidade. A terceira tensão diz respeito à finitude e infinitude do amor. Cito algures a expressão do casal inglês, “a delicada eternidade que há no amor”. O coração que busca eternidade descobre que existe o lado prático e sofredor da vida conjugal, com as contradições e provações do dia-a-dia. Existe alguma coisa de verdade no verso: “Sim”, disse-lhe eu ontem à noite; “Não”, digo-lhe hoje; As cores vistas à luz de vela, Não parecem serem as mesmas de dia. Atmosfera Espiritual Que Firma Vigamentos do Lar É inegável o poder da oração. Não duvido de sua crença na oração, dileto leitor. Mas desejo amalgamar em seu coração esta convicção absoluta de que “orações mudam coisas”. Mudam situações, alteram planos definidos e destronam convicções até inabaláveis. Ana, esposa de Elcana, lutou com Deus pela geração de um filho! Deus lhe deu Samuel como resposta da oração em lágrimas, mas foi além, muito além e a própria Ana nos declara em seu cântico de fé: “Até a estéril tem sete filhos e a que tinha muitos filhos perde o vigor” (1Sm 2.5). Não desejo fixar neste capítulo apenas a oração frase, conversa com Deus. Precisamos ir além, para construirmos na vivência do lar aquele sentido em que o espírito se desenvolve com tamanha regularidade que transforma em calma e alegria até ambientes atribulados por determinadas circunstâncias. Quando o marido viaja, a esposa precisa ter fé na integridade dele. No momento do parto, o marido necessita de fé e segurança para ajudar a nova mãe. A unidade da fé manterá sempre aceso e firme o ideal da família estável, ainda que os ventos soprem contrariamente. O altar familiar ou culto doméstico, por exemplo, é parte da família espiritual. A verdade é que todas as coisas parecem querer separar a família. Tomemos uma família de oito que frequenta a mesma igreja para os trabalhos religiosos de domingo. O adolescente segue para uma sala onde a lição é ministrada. Os jovens andam pelo corredor e encontram o salão da mocidade. Os menores descem um andar para seu estudo. A esposa se separa para a classe e depois segue para a cantina. Como se vê, até dentro da casa de oração a família se distancia, cada um no seu setor. Mas quando a família descobre tempo para a leitura conjunta da meditação do dia e a oração de mãos dadas, forma-se a unidade no Espírito! Encontrei-me há dias com distinta senhora e mãe de criancinhas lindas. O esposo viaja com frequência, dentro do programa de seu trabalho. - Sinto dificuldade com sua ausência, dizia ela. Minha resposta foi imediata: - Vocês estão sempre à distância de uma oração. Não há, portanto, o que temer. Mais ainda: insta com os filhos sobre a natureza do trabalho do esposo. Deixe as crianças sentirem que o pai está trabalhando para Jesus. Deixe-as orar por ele. O resultado lhe será altamente favorável. Quando este tipo de atitude é estabelecido e a prioridade espiritual posta em relevo, as demais partes se unem. Vamos criar, portanto, na esfera do lar o sentimento da presença invisível. É a mensagem do Mezuzah de Israel, sempre presente na soleira da porta como lembrete de que existe Alguém no primeiro plano por detrás das portas que se fecham. Não existe realidade de vida a menos que haja um plano e propósito estabelecido. Podemos rodar a bicicleta ou a motocicleta em lugar do automóvel. Podemos selecionar alimentos e escolher diversões. Mas a menos que exista em nós a decisão de construir na prioridade certa, no domínio do espírito pelo Espírito, então a família se perde. Lugar da Oração na Comunidade da Família Durante um Congresso Mundial de Evangelismo, tive experiência marcante. Nosso grupo era animado, com mesa separada para os mesmos comensais cada dia. Um dos parentes, pastor, em Cape Town, África do Sul, gostava de alegrar o ambiente com piadas as mais variadas. Numa das manhãs, decidi mudar um pouco o ambiente. Pedi que cada um de nós desse uma palavra ligeira sobre a família, especialmente sobre os filhos e sua relação com Jesus. Aconteceu o inesperado, quando nosso contador de piadas declarou sua tristeza em ver os três filhos fora do aprisco do Senhor. Não pude resistir e declarei peremptório, talvez veemente: - Se eu tivesse filhos perdidos não cessaria de clamar ao Senhor até que os visse agasalhados na Arca! Houve silêncio! Quase choro. O restante do tempo foi marcado por estranha sobriedade. Alguns meses mais tarde; recebi comunicação daquele nobre companheiro que se alegrava por ver na Arca os três filhos perdidos! Encerro o livro A Cura Divina à Luz da Bíblia Sagrada com a história das orações de olhos úmidos, que trouxeram filhos perdidos a Deus. Tentemos relacionar alguns tópicos de orações a serem vividos no lar: 1) Oração unida ao exemplo em prol dos pequeninos do lar. 2) Oração pelos filhos que estudam – Há tanta incredulidade nos colégios. 3) Oração pelo futuro dos filhos – Creio ser perfeitamente nobre a oração que suplica bons maridos para nossas filhas e noras santas para os nossos rapazes. 4) Oração pela vocação dos nossos filhos – Cada dia se amplia o campo das vocações e precisamos ajudá-los a encontrarem o caminho certo da vontade de Deus. 5) Oração pela unidade da família – Lembro aqui a fraternidade com parentes e afins. Muitos dos parentes não seguem nossa fé, mas podem ser instruídos pelo exemplo e convocados pela palavra na hora oportuna. 6) Oração pela saúde espiritual e também física dos membros da família – mesmo em aparentes situações equilibradas, há lugar pela oração que nos fortalece diante do imprevisto. 7) Oração pelo casal em separação – problemas financeiros, materiais ou de marcas de personalidade devem ser tratados com honestidade diante de Deus. “Não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao diabo” – deve ser norma comum na fraternidade do casal. 8) Oração pelos amigos – nosso lar não pode se assemelhar ao Mar Morto que recebe e retém. Ao contrário, devemos exercer o feito do rio Jordão, que sempre dá e continua dando e vai crescendo de utilidade. 9) Oração por problemas considerados impossíveis – colocar Deus à prova deve ser norma comum na vida da família crente. De novo, retorno à minha adolescência. Houve um problema na Rede Mineira de Viação, onde meu pai trabalhava por muitos anos. Um dos jornais da Capital denunciou a administração, inclusive por desonestidade. O Diretor da Rede foi ao jornal e deixou um bilhete: - Pare com a campanha, do contrário acertarei tiros. Selou tudo com sua assinatura! O jornal publicou o bilhete em fac símile que o Diretor negou como legítimo. Meu pai, com inocência, confrontou o fac símile com a assinatura do diretor em sua carteira de trabalho. Numa palavra eloquente declarou: - Que a assinatura é dele, não tenho dúvida. Na manhã seguinte meu pai estava afastado do trabalho, por tempo indeterminado e sem salário. Minha mãe nos convocou à oração. - Vai ser difícil, disse. Comeremos o que for possível, sem reclamar. E vamos orar até que o pai volte ao trabalho, pois Deus não falha. Lembro-me de nós, seis ou sete pequeninos que se espantavam, mas podiam crer na palavra da mãe. E, maravilhosamente, depois de dois ou três meses, meu pai foi reintegrado e seu salário atrasado pago. O Diretor demitido. Olho para trás e sinto o poder daquelas orações infantis e daquela mãe valorosa. Seu filho está fora da igreja, contaminando pelo vício, caído nas tentações? Lembre-se, Deus é vivo e acordado. 10) Oração por uma vida controlada pelo Espírito Santo. O caminho da plenitude é custoso, mas a promessa de Jesus continua sendo: “Se alguém tem sede, venha a Mim e beba”... 11) Orações pelo controle do uso da língua, dos comentários e das palavras que usamos – a influência do dia-a-dia se forma até nas criancinhas. 12) Oração pela santidade do lar. Os veículos de divulgação estão destruindo os sentimentos de respeito. Li em El País, de Madri, em setembro de 1986, a carta de um estudante do Kênia, que passava por Madri. O jovem reclamava pela falta de respeito que sentia no país e argumentou: - Anos atrás os senhores nos ensinaram que era necessário vestirmos roupas para demonstrar nossos respeito aos demais. Agora, em passando por uma praia aqui, descobri corpos nus em grande número. Promiscuidade e desrespeito. Será que teremos de trazer do Kênia princípios que coloquem os senhores no caminho do respeito? A carta é simples, mas leva-nos a entender a necessidade de algo que estabeleça o princípio da santidade do lar. Roma antiga teve um período de estabilidade na família. O historiador Dionísio declarou que por 520 anos não houve divórcio em Roma. Durante aquele tempo, acrescenta, houve prosperidade e paz social. Mas como decorrência de muitas guerras e conquistas, como escravos em grande número e culturas em misturas, o lar foi abalado. Surgiram três formas de casamento: primeiro, o casamento indissolúvel para alguns da alta liderança; segundo, um contrato meramente civil, e por último um casamento que podia terminar por qualquer razão e em qualquer tempo. Foi este o grande princípio da decadência horrível.
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