top of page
Gerson Berzins

"A MISSÃO DE CRISTO”

João caps. 4 e 5

Elaborado por Gerson Berzins gberzins@ceoexpress.com

É bom podermos nos encontrar novamente nesta seqüência de estudos no Evangelho de João. Hoje nos concentramos nos capítulos 4 e 5. Retornando da Judéia, onde ocorreram os acontecimentos apresentados no capítulo 3, e indo em direção a Galiléia, Jesus e seus discípulos tinham que atravessar a região dos samaritanos, pelos quais os judeus não nutriam nenhuma admiração. A Samaria era a região do antigo Reino do Norte, ou Israel, resultado da cisão ocorrida depois da morte de Salomão. Para evitar que os israelenses do norte fossem a Jerusalém adorar a Deus, os reis do Norte acabaram edificando um novo templo, no monte Gerezim. Posteriormente, durante o domínio Assírio, os israelenses do norte foram expostos a uma miscigenação, e os judeus entendiam que os samaritanos não mantiveram uma genealogia pura, e por isso não deviam ser considerados. O encontro é permeado por muitas surpresas. A mulher samaritana se surpreende ao deparar-se com um varão judeu lhe dirigindo a palavra (v.9), e vai tendo um crescente de surpresas ao ir constatando quem seu interlocutor era e a mensagem e as revelações que ele ia apresentado. Os discípulos de Jesus se surpreendem ao verem o Mestre falando com uma mulher (v.27). Somos chamados a comparar o encontro de Jesus com essa mulher, com o encontro de Jesus com Nicodemos. Alguns contrastes são por demais evidentes. De um lado, a alta posição religiosa de Nicodemos que procurou Jesus; de outro lado, a desclassificação tríplice da samaritana abordada, que além de ser samaritana, era mulher e, possivelmente, adúltera. Qualquer uma dessas condições faria um religioso judeu consciente repudia-la e evitar qualquer contato com ela. Quanto mais as três condições encontradas na mesma pessoa! No entanto, ambos tiveram dificuldade de entender a mensagem do Mestre. As idéias comuns utilizadas por Jesus, nascer, água, foram de início tomadas literalmente, e o Mestre precisou elaborar mais, e deixar que os sinais do seu poder fizessem os dois interlocutores atentarem para o que dizia. Mas o contraste significativo que se ressalta dessa comparação é o resultado dos encontros. È a confirmação da declaração do prefácio: “Veio para os seus, mas os seus não o receberam” (1.11) A bagagem intelectual de Nicodemos dificultou-lhe ver o que tão claramente a samaritana compreendeu: “será este, porventura, o Cristo?” (4.28) Não só compreendeu como se empenhou de trazer outros para se certificarem do Messias entre eles, suplicando que Jesus ficasse mais tempo ali. O encontro também serviu para o Mestre mostrar aos seus discípulos a urgência da obra, visto que os campos estavam brancos para a ceifa. Os samaritanos exemplificavam que as pessoas estavam ansiosas pela boa nova representada pela encarnação do Filho de Deus, e tempo não podia ser perdido para que a obra de apresentação do Verbo entre nós fosse concluída. Ao nos adiantarmos na evolução da história e passarmos para Atos cap.8 vamos realmente perceber o que Jesus queria significar com os campos brancos. Felipe foi pregar na Samária, e os frutos foram abundantes, de maneira “...que houve grande alegria naquela cidade.” (At.8.8). Prosseguindo no texto, o evangelista nos apresenta o relato de dois milagres: a cura do filho de um oficial, e a cura de um paralítico junto ao tanque de Betesda. Dos poucos milagres que João apresenta, apenas dois são também relatados nos outros evangelhos. Os outros seis, incluindo-se estes dois, são exclusivos do evangelho de João. O milagre ocorrido à borda do tanque também evidencia o início da crescente oposição dos líderes judeus ao ministério de Jesus. Qualquer razão era pretexto para os representantes da religião oficial tramarem a morte do Mestre. Nesse episódio, o fato de Jesus realizar o milagre no Sábado, foi entendido como violação da lei, além de as autoridades não aceitarem que Jesus se apresentava como o Filho de Deus. A partir do verso 19 do cap.5, Jesus mais uma vez ensinou a respeito do seu ministério, enfatizando a sua autoridade, como vinda diretamente do Pai. Os sinais eram as confirmação dessa autoridade. Os testemunhos também eram evidências dessa autoridade. Depois de considerar que o seu próprio testemunho não seria considerado verdadeiro (v.31), Jesus lembrou do testemunho de João Batista, a seu respeito: “Ele era a lâmpada que ardia e alumiava; e vós quisestes alegrar-vos por um pouco de tempo com a sua luz.” (5.35). Mas, o testemunho de João foi o testemunho de um homem, e Jesus evocou o testemunho das suas obras, pois elas testificavam do poder que o Pai lhe outorgou. E além desses testemunhos todos, ainda havia a palavra de Deus, tal como os judeus a conheciam e a respeitavam, que também de Jesus testemunhava: “Examinai as escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim;” (5.39). Mas, todos esses testemunhos não foram suficiente para convencer os que se negavam vir a Ele para ter vida (v.40). Ao atentar para os relatos dos evangelhos, tal como estamos fazendo agora com João, percebemos três audiências distintas acompanhando o ministério de Jesus. Os ensinos e as realizações do Mestre atingiam todas essas audiências, embora por vezes com mais ênfase em uma específica. Mas os resultados produzidos em cada um deles eram bem distintos. Primeiro, percebemos a audiência do grande público, interessado, sobretudo, nos sinais. Acompanhava o Mestre querendo ser testemunha ocular de coisas espetaculares. Deles João já disse que Jesus os conhecia e por isso não confiava neles (2.24). A mesma grande audiência que se maravilhou em presenciar os sinais de Jesus, foi a audiência que pediu a sua crucificação. A segunda audiência era a dos representantes do judaísmo. Se sentiam incomodados com o Mestre, os seus ensinos e a popularidade que Jesus ia granjeando. Se interessavam por Jesus e acompanhavam o seu ministério no intuito de buscar a oportunidade e a razão para elimina-lo. Seu confronto com o Mestre foi crescendo a medida do desenrolar dos acontecimentos. A terceira audiência, mais restrita, era dos seguidores fiéis de Jesus, na qual se destacavam os doze. A esses, o Mestre desejava dedicar o melhor de seus ensinos, para prepará-los para a continuação do seu ministério, após a sua partida. A lembrança desses três grupos distintos deve levar-nos a uma só reflexão: Nos dias de hoje, em relação a Jesus, de qual grupo nós fazemos parte? Que, definitivamente, estejamos entre os seguidores fiéis de Jesus.

bottom of page