JESUS CURA UM LEPROSO MARCOS 1:40-45 (Mateus 8:1-4; Lucas 5:12-16)
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V.40 – Aproximou-se dele um leproso rogando-lhe de joelhos: Se quiseres, podes purificar-me. V.41 – Jesus, profundamente compadecido, estendeu a mão, tocou-o e disse-lhe: Quero, fica limpo! V.42 – No mesmo instante lhe desapareceu a lepra, e ficou limpo. V.43 – Fazendo-lhe então veemente advertência, logo o despediu, V.44 – e lhe disse: Olha, não digas nada a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que Moisés determinou, para servir de testemunho ao povo. V.45 – Mas, tendo ele saído, entrou a propalar muitas cousas e a divulgar a notícia, ao ponto de não mais poder Jesus entrar publicamente em qualquer cidade, mas permanecia fora em lugares ermos; e de toda parte vinham ter com ele. Para compreender bem essa passagem devemos conhecer alguma cousa sobre a enfermidade chamada lepra naqueles tempos e as condições dos leprosos. Devemos também analisar as atitudes do leproso e de Jesus diante desta situação tão dramática e, ao mesmo tempo, constrangedora. “Lepra” era o nome que se dava a algumas enfermidades que se apresentavam especialmente na pele, causando descoloração e purulência. Mas havia alguns casos específicos de grande gravidade, que provocavam enorme sofrimento físico e moral ao portador da doença. A mais grave delas produzia excrescências na pele que se endurecia e perdia a cor, causando apatia e muitas dores no paciente. Elas se espalhava nas partes vizinhas das costas ao mesmo tempo que apareciam ulcerações que se amontoavam nas rugas da face, da testa, no nariz e nos lábios, produzindo uma secreção de cheiro forte e desagradável. Este processo afetava ainda a voz que se engrossava, porque atingia as cordas vocais, além das pálpebras e das pestanas. O aspecto do ser humano nesta etapa da evolução da enfermidade tornava-o horroroso, como se fosse um monstro. O desfecho final deste processo era a morte em menos de 10 anos, após a perda do raciocínio e o coma. Outro tipo de lepra era semelhante à que foi descrita acima, mas atingia as extremidades dos nervos, tornando o paciente insensível nas partes afetadas, de modo que ele não sentia tato e nem dor, podendo sofrer traumas sem perceber. Como no caso anterior, a evolução da doença produzia manchas na pele as quais se transformavam em úlceras abertas. O enfraquecimento dos músculos e a contração dos nervos deixavam as mãos em forma de garras e as unhas ficavam deformadas. No final da evolução da doença que podia durar mais de 20 anos, o paciente podia até perder algum dos membros. Enfim, o corpo ia-se definhando até a morte. Um terceiro tipo de lepra era uma combinação das duas anteriores e aparecia mais frequentemente do que as outras. Como naqueles tempos não havia recursos médicos como hoje, não era possível debelar esta enfermidade. Atualmente ainda existe a lepra e, se for descoberta em tempo, ela pode ser controlada e até mesmo curada. Mas naquele tempo, se houvesse uma cura espontânea seria considerada um milagre. Acerca dos cuidados com a lepra no Velho Testamento veja-se Levítico, capítulos 13 e 14. A vida de um leproso não podia ser mais triste e humilhante, se é que podia ser chamada vida, pois esses seres humanos eram considerados mortos ou cadáveres ambulantes. Tinham que permanecer isolados da população, vivendo em lugares descampados, impedidos de entrar em cidades cercadas de muralhas. Deviam vestir-se de farrapos, ter as cabeças descobertas e os cabelos desgranhados. O lábio superior tinha que ser coberto com um trapo. À vista de alguém que se aproximasse, deviam alertar gritando: “Leproso,leproso!”. A distância entre o leproso e o que se aproximava tinha que ser maior do que quatro côvados (dois metros). Era possível até que alguém lhe atirasse pedras para evitar a aproximação. É oportuno observar que a lepra tem sido considerada como figura do pecado. Pelo fato do leproso ter que viver afastado do povo de Deus em Israel, assim também o pecador, enquanto pecador, não permanecerá na congregação dos justos e nem na presença de Deus (cf Salmo 1:5-6; Isaías 59:2). Foi em circunstâncias como estas que o leproso descrito nesta passagem aproximou-se de Jesus. É de se notar a sua coragem, a sua humildade e a sua confiança. Ele foi corajoso porque se aproximou de Jesus e Lhe dirigiu a palavra quebrando as regras estabelecidas pelos judeus. Ele foi humilde porque prostrou-se diante de Jesus em atitude de adoração e não ousou pedir que Ele o purificasse. Antes, disse: “Senhor, se quiseres, podes purificar-me”. Ele foi confiante porque tinha convicção de que Jesus podia curá-lo. A resposta de Jesus foi imediata e cheia de terna misericórdia porque, compadecido, Ele estendeu a mão, tocou-o e disse: “Quero, fica limpo!”. Com esta atitude Jesus leva-nos a compreender que Deus está disposto a salvar todo pecador que, reconhecendo o seu estado de impureza, chega-se a Ele em busca de perdão. Para isto basta ter disposição e confiar nas Suas providências. O ato de Jesus tocar o leproso torna-Lo-ia impuro, segundo as prescrições legais em vigor. Mas Jesus veio exatamente na época em que o “tempo estava cumprido” e o reino dos céus estava sendo implantado e, nestes novos tempos chamados “era do Espírito”, o amor e a misericórdia de Deus falam mais alto do que os preceitos legais provisórios estabelecidos no passado (cf Hebreus 8:7,13). Ao despedir o ex-leproso, Jesus lhe fez uma advertência enérgica para não falar nada a ninguém da sua cura. Mas ele não pode conter-se, provavelmente pela alegria de ter sido curado. Isto veio a causar mudança no itinerário de Jesus que já não mais podia entrar nas cidades para pregar. A partir de então Ele teve que optar por lugares afastados, tão grande era a quantidade de gente que vinha de toda parte para procurá-lo. Também Ele ordenou àquele homem que se apresentasse ao sacerdote e se submetesse ao ritual de purificação previsto na Lei de Moisés. Pelo que se lê em Levítico 14, era um ritual complicado e teria que ser feito em Jerusalém. Mas aquele homem devia testemunhar a sua cura e mostrar que Jesus não agia contra a Lei.