(Usado com permissão)
MATEUS 7:1-5
V.1 - Não julgueis, para que não sejais julgados. V.2 – Pois com o critério com que julgardes, sereis julgados; e com a medida com que tiverdes medido vos medirão também. V.3 – Por que vês tu o argueiro no olho de teu irmão, porém não reparas na trave que está no teu próprio? V.4 – Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu? V.5 – Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho e então verás claramente para tirar o argueiro do olho de teu irmão.
O verso 1 refere-se ao julgamento irrefletido, severo e injusto, que implica em condenação. Jesus não se opõe ao julgamento feito pelos magistrados, julgamento que cumpre a justiça da lei, porque este é necessário (Romanos 13:3-4), a menos que tal julgamento conflite com as Leis de Deus. Também não é posta em jogo a formação de opinião a respeito da conduta dos outros, quando se sabe que eles estão agindo de maneira errada. O que é posto em questão é o hábito de fazer julgamento apressado, severo, sem levar em conta todas as circunstâncias que possam atenuar o caso, e dar uma opinião precipitada, desnecessária e leviana. Provavelmente a censura de Jesus está ligada ao hábito dos escribas e fariseus procederem dessa maneira.
O verso 2 é um provérbio em voga entre os judeus, que exprime uma verdade que Jesus endossa, porque confere com a Sua ética. A questão resume-se em que o critério pelo qual seremos julgados é o mesmo que nós usamos para julgar os outros. Se somos severos e intolerantes ou compreensivos e condescendentes, Deus será assim também conosco.
Ninguém pode negar que a mente tenha a função de analisar os fatos para tirar conclusões. Mas expressar a nossa opinião é o mesmo que atuar como juiz (Tiago 4:11-12). Por isso é necessário sermos cautelosos. As nossas palavras devem ser controladas pela nossa mente (I Coríntios 14:15-16). Assim, quem expressa uma sentença como se fosse juiz já está determinando que será julgado com a mesma medida com que julgou. Isto significa que um julgamento sem misericórdia impede o julgamento misericordioso de Deus. Por ser absolutamente justo, Ele não pode dispensar Sua misericórdia a quem não é misericordioso para com os outros. Assim, é na maneira de julgar, que cada um estabelece o padrão a ser usado para o seu próprio julgamento.
É nesse contexto de ideias que Jesus dá a ilustração do argueiro (pequeno corpúsculo) no olho daquele que está sendo julgado e da trave (viga para travar uma porta) no olho daquele que julga. Ele define como hipocrisia o ato de alguém condenar nos outros as faltas que ele tolera em si mesmo (Romanos 2:1). Como pode alguém que tem um obstáculo tão grande no próprio olho, querer tirar um pequeno cisco do olho do outro? Muitos dos nossos julgamentos incorrem nesse paradoxo. Uma pessoa honesta precisa, primeiramente, julgar-se a sim mesma, livrar-se dos seus preconceitos e intolerâncias, para depois tentar ajudar a outros que têm tais embaraços. Isto não significa que devemos ignorar os defeitos de outros. O certo é que, se não nos livrarmos dos nossos, não teremos condições de socorrer outros irmãos que têm essas dificuldades. É exatamente isto que Jesus diz no verso 5.
É bom relembrar que Deus não nos colocou como juízes. Não temos o conhecimento completo dos fatos, e somos falíveis, sujeitos a preconceitos e propensos a pré-julgamentos e ao pecado.