GÊNESIS – UMA VISÃO GERAL (Gênesis 1 a 50)
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GÊNESIS – UMA VISÃO GERAL (Gênesis 1 a 50)

Há pouco tempo atrás alguém me perguntou pela Internet, qual a importância que o livro de Gênesis teria para nós hoje. Pude responder com uma pequena lista de cinco motivos:

1º) Gênesis é um livro de revelações divinas que aos poucos vai mostrando quem Deus é, e como isso impacta a vida das pessoas. A revelação de Deus aos homens em Gênesis, e em toda a Bíblia, é progressiva bem como a percepção que temos sobre Ele.

2º) Gênesis não é um livro de História nem de Ciência, mas contém informações relevantes tais como: o Universo teve um início e foi criado por etapas, sendo que o homem foi criado na última dessas etapas. Gênesis afirma também que as leis da Natureza foram criadas por Deus.

3º) Gênesis não apenas fala da criação do Universo, mas aborda questões teológicas profundas, do geral ao específico em quase todas as áreas da teologia.

4º) Estudar Gênesis permite aprendermos sobre a natureza humana. Permite-nos considerar alguns dos temas fundamentais referentes ao nosso comportamento e à nossa existência.

5º) O livro não apenas fala do passado, mas também derrama luz sobre o porquê de alguns dos acontecimentos que vivenciamos na atualidade.

Possivelmente escrito por Moisés encontramos duas grandes divisões neste primeiro livro da Bíblia:

i. Criação, queda, dilúvio e a confusão das línguas (Capítulos 1 a 11); ii. A história de Abraão, Isaac, Jacó e José (Capítulos 12 a 50).

1.Ambiente histórico e cultural de Gênesis

Aprendemos que na Bíblia sempre as revelações ocorrem em um dado contexto histórico o qual deve ser usado para se entender o texto. Ao se aplicar esse princípio, uma primeira pergunta que surge é para quem Gênesis foi originariamente escrito e com qual propósito?

Dentro do processo da revelação bíblica ao longo do tempo, o conceito do monoteísmo, isto é, admitir a existência de apenas um único Deus, não foi plenamente entendido. A forma mais primitiva de prática religiosa conhecida pela História foi o politeísmo, onde se adorava vários deuses. Em seguida, vem a monolatria, onde se assume a existência de vários deuses, mas, dentre esses, elege-se apenas um para ser adorado. A formação do povo israelita se deu em seu período de 400 anos de escravidão no Egito onde reinava o politeísmo. Os israelitas, à medida que se caracterizavam como um povo, na realidade praticavam a monolatria indo aos poucos percebendo que Javé era o Deus único e suficiente que deveria ser adorado. Um dos grandes problemas do povo era a idolatria. Mesmo tendo a presença marcante de Javé durante o Êxodo e depois, frequentemente, bandeavam para outros deuses.

Quando se fala na origem do Universo surge a questão de qual divindade o criou e como. Praticamente todas as culturas têm a sua própria cosmogonia, isto é, as histórias, lendas ou teorias sobre as origens do universo de acordo com as religiões, mitologias e ciências de cada cultura. O relato da criação em Gênesis é uma cosmogonia. Ela é posterior às encontradas em algumas outras culturas. O interessante é que há elementos similares do Gênesis com muitas dessas cosmogonias pagãs. Por exemplo, (i) há um monstro ou força ou estado de caos que retém o processo ou energia da criação, (ii) um herói desafia o monstro ou o caos e (iii) libera as forças assumindo o controle de tudo. As similaridades existem porque todas as cosmogonias buscam explicar o mesmo fenômeno.

2.O que Gênesis significa para os israelitas do AT?

Pode-se afirmar que a narrativa de Gênesis é uma exposição corretiva da cosmogonia da época. Josué 24.14 afirma que “Agora, pois, temei ao Senhor, e servi-o com sinceridade e com verdade; e deitai fora os deuses aos quais serviram vossos pais além do rio e no Egito, e servi ao Senhor”. A cosmogonia de Gênesis, diferentemente das demais, descreve não apenas a origem do Universo, mas fala sobre o caráter e os atributos de Deus. É nesse texto que primeiro nos é apresentado que Deus é Soberano e Todo Poderoso (a luta contra o caos). Deus não é meramente uma Força, mas uma Pessoa (Gn 1.26-28). Ele é Eterno, criou o tempo, as coisas e o Universo. Ele é bom (Gn 1.31). Deus cuida de sua criação e a sustenta. Ele é único. Deus dá o livre arbítrio para o ser humano. Deus faz um pacto com sua criação para redimi-la e mantê-la salva sob seus cuidados. Esses são alguns dos princípios teológicos que encontramos em Gênesis.

3.Conclusão - O que Gênesis pode significar para nós hoje?

Ao concluirmos essa breve introdução ao primeiro livro da Bíblia gostaria de deixar com você uma pergunta e sugerir algumas respostas. A pergunta é como a narrativa da criação encontrada em Gênesis pode se relacionar com a nossa vida pessoal ou nos sugerir alguma ação prática? Seguem algumas repostas:

• Submeter-se ao Deus da criação em temor e obediência (Salmos 104:1-9). • Confiar no Deus criador para o provimento de cada necessidade pessoal (Salmos 104:14-23). • Reconhecer em humildade a sabedoria e o poder de Deus, evidenciados na criação (Salmos 8:3-5). • Quando em crise, saber que Deus tem poder para ajudar-nos a vencê-las (Isaías 42:5-6). Responder ao Deus da criação com louvor (Salmos 104:31-35). • Reconhecer que a criação é parte de um Plano que foi implementado por um Planejador. • O Plano da Criação é tão bom quanto Aquele que projetou o plano. • O Criador do Plano criou todas as coisas. Ele salva, redime e sustenta sua criação. • O Planejador é estável e não muda. • Os planos humanos mudam por conta das nossas imperfeições. • Como Deus é perfeito, seus planos não precisam mudar.

Finalizando, se Deus é soberano em cada aspecto de sua criação, então Ele está no controle. Às vezes não entendemos o Plano, mas o que importa, é confiar no Autor do Plano.

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