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BÊNÇÃO E DESAFIO (Marcos 10)

O nosso primeiro estudo centra-se no ensino de Jesus sobre o casamento e o divórcio. Em Marcos 10 a tônica é o ensino. Os fariseus, como inimigos de plantão, mais uma vez, estão maquinando contra Jesus, para apanhá-lo em alguma falha.

Em Marcos 10:2 os fariseus fazem uma pergunta desonesta, isto porque, os fariseus já tinham uma opinião formada sobre a questão do divórcio; eles não buscavam uma resposta, mas armavam uma cilada para Jesus. Os fariseus não estavam focados nos princípios de Deus sobre o casamento, mas nas filigranas da concessão mosaica para o divórcio.

Observe o que eles mais desejavam: colocar Jesus contra Herodes. Lembre-se quando João Batista foi degolado por denunciar o divórcio ilegal e o casamento ilícito de Herodes com sua cunhada Herodias. Os fariseus instigavam Jesus a ter a mesma atitude de João, pensando que com isso teria o mesmo destino. Queriam também colocar Jesus contra Moisés.

Os fariseus queriam colocar à prova a ortodoxia de Jesus, para poderem acusá-lo de heresia: se Jesus dissesse que era lícito, Ele afrouxaria o ensino de Moisés sobre o divórcio. Moisés tinha ensinado que se homem encontrasse qualquer coisa “indecente” na mulher, lavraria carta de divórcio e a despediria (Dt 24:1).Um auxílio nos vem da interpretação de dois rabinos famosos – Hillel e Shammai: Hillel liderava uma escola liberal que entendia que o marido poderia despedir sua mulher por qualquer motivo, como queimar o jantar, falar alto ou mesmo se esse marido encontrasse uma mulher mais interessante. Shammai, por sua vez, liderava uma escola conservadora e acreditava que o divórcio só poderia ser dado no caso de o marido encontrar na mulher alguma coisa indecente, ou seja, falta de castidade ou adultério. Queriam também colocar Jesus contra o povo, pois se a resposta de Jesus fossesim, eles acusariam Jesus de estar promovendo a desintegração da família e atentando contra os direitos da mulher. Já, se Jesus respondesse não, eles acusariam Jesus de contrariar a concessão dada por Moisés e ainda O colocariam numa situação de extremo perigo em relação ao inconsequente rei Herodes.

Uma resposta esclarecedora (Mc 10:3-5) – Jesus não caiu na armadilha dos fariseus; Ele respondeu à pergunta deles com outra pergunta, abrindo a porta para a verdadeira interpretação sobre a concessão de Moisés acerca do divórcio.

Três verdades são destacadas:

O divórcio não é uma instituição divina (10:4) – Deus instituiu o casamento, não o divórcio; atente para os seguintes versículos bíblicos – Gn1:27; 2:24; o divórcio é fruto do pecado e da dureza de coração (10:5); o casamento é digno de honra (Hb 13:4); Deus odeia o divórcio (Ml 2:16); a resposta dos fariseus em 10:4 revela que Jesus se referia às palavras de Moisés em Gênesis sobre o estado ideal da criação e particularmente do casamento.

O divórcio não é um mandamento divino (10:4,5) – Jesus como supremo intérprete da Escritura diz que Moisés não mandou divorciar por qualquer motivo, ele permitiu por um único motivo, a dureza de coração; na verdade. Moisés nunca mandou. O divórcio nunca é um mandamento ou ordenança, mas uma permissão e uma permissão regida por balizas bem estreitas, ou seja, a dureza do coração. A concessão do divórcio estabelecida na lei de Moisés tinha como propósito proteger suas vítimas.

O divórcio não é compulsório (10:5) – o casamento é ordenado por Deus, o divórcio não; o casamento agrada a Deus, o divórcio não; Deus permite o divórcio, mas jamais o ordena; o problema era que os fariseus interpretavam equivocadamente a lei de Moisés sobre o divórcio.Eles a entendiam como mandamento, enquanto Jesus considerou-a uma permissão, uma tolerância. Moisés não ordenou o divórcio, ele permitiu. Deus não é autor do divórcio, o homem é responsável por ele. Em suma, o divórcio embora legítimo, no caso de infidelidade conjugal (Mt 19:9) ou abandono irremediável (1 Co 7:15), não é compulsório nem obrigatório; o divórcio só floresce no deserto árido da insensibilidade e da falta de perdão.

Uma explicação necessária (10:6-9) – os fariseus estavam focados no divórcio e Jesus no tema casamento. Agora Jesus nos mostra quatro pilares do casamento como instituição divina.

Em primeiro lugar, o casamento é heterossexual (10:6) – Deus criou o homem e a mulher, o macho e a fêmea (Gn1:27).O casamento é monogâmico (10:7) – unir-se à sua mulher e não mulheres; não cobiçaras a mulher do teu próximo (Ex20:17); 1 Co 7:2; 1Tm 3:2. O casamento é monossomático (10:8) – os dois, homem e mulher, foram feitos complementarmente um para o outro; “uma só carne” significa que haja intimidade tal que não pode ser separada; o sexo no casamento é uma ordenança (1Co 7:5); o sexo é bom, santo e puro (Hb 13:4); Deus nos criou sexuados; o sexo nos foi dado como uma grande fonte de prazer (Pbv5:15-19) e não apenas para a procriação (Gn 1:28).O casamento é indissolúvel (10:9) – o casamento deve ser para toda a vida; é uma união permanente; o casamento é indissolúvel porque foi Deus quem o instituiu e o ordenou.

Um alerta solene (10:10-12) – agora a conversa é com os discípulos; os discípulos tinham uma visão bem liberal sobre a questão do divórcio, pois quando Jesus falou sobre a infidelidade conjugal como a única cláusula de exceção para o divórcio, os discípulos reagiram com uma profunda negatividade em relação ao casamento (Mt 19:10).O evangelista Marcos omite a cláusula de exceção que legitima o divórcio, contudo essa omissão não muda o conteúdo do ensino de Jesus sobre o assunto.

Nenhum sucesso compensa o fracasso do casamento e da família; não fomos chamados para imitar o mundo, mas para ser um referencial de Deus no mundo; o povo de Deus precisa mostrar ao mundo casamento sólidos, famílias unidas e regadas pelo amor.

A seguir, vemos O lugar das crianças no Reino de Deus (10:13-16) – Marcos no seu evangelho apresenta uma sequência lógica – casamento, crianças e propriedades. Três grupos merecem destaque neste ponto:

Os que trazem as crianças a Jesus (10:13) – devemos ser facilitadores e não obstáculo para as crianças virem a Cristo; aqueles que trazem as crianças a Cristo reconhecem que elas precisam de Jesus.

Os que impedem as crianças de virem a Cristo (10:13) – os discípulos mais uma vez demonstram dureza de coração e falta de visão; não podemos ser obstáculos para as crianças virem a Cristo. Os discípulos não achavam que as crianças fossem importantes, mesmo depois de Jesus ter ensinado claramente sobre isso (9:36,37); os discípulos não compreendiam a missão de Jesus, a missão deles nem a natureza do Reino de Deus.

Os que abençoam as crianças (10:16) – Jesus demonstra amor, cuidado e atenção especial com todos aqueles que eram marginalizados na sociedade; ele dava valor aos leprosos, aos enfermos, aos publicanos, às prostitutas, aos gentios e agora, às crianças.

Um encorajamento (10:14) – Jesus disse claramente que deixasse as crianças virem a Ele – Jesus tinha afeição com as crianças; Jesus encoraja os pais a trazerem seus filhos; Jesus convida as crianças a virem a Ele.

Uma reprovação (10:14) – indignação de Jesus (10:14) – a indignação de Jesus ocorreu concomitantemente com seu amor; indignação com a atitude dos discípulos, contudo profundo amor para com os pequeninos.

Por que Jesus reprovou os discípulos tão severamente? – a conduta deles foi errada com aqueles que traziam as crianças.A conduta foi errada com as próprias crianças.A conduta foi errada com o próprio Jesus.A conduta foi errada contra o próprio ensino do Mestre.A conduta deles foi contrária à prática de Cristo.

Por que os discípulos impediram as pessoas de trazerem as crianças a Jesus?

Por causa da preocupação deles com o próprio Jesus – demonstraram zelo sem entendimento. Jesus estava indo para Jerusalém e ali viveria momentos de grande tensão, porém Jesus revela seu grande apreço pelas crianças.

Por causa da dúvida deles acerca da capacidade das crianças de entenderem Jesus – Jesus foi claro que nós, adultos, devemos imitar as crianças.

Por causa do esquecimento deles com respeito ao valor das crianças – não podemos pensar que as crianças estão aquém da possibilidade de serem salvas: as crianças fazem parte da família de Deus.

Como as crianças podem ser impedidas de virem Jesus?

Quando deixamos de ensiná-las a Palavra de Deus; quando deixamos de dar exemplo a elas; quando julgamos que as crianças não merecem a nossa maior atenção.

Jesus faz uma revelação (Mc 10:14) – “porque dos tais é o Reino de Deus” – isto mostra que as crianças são criaturas inocentes.As crianças estão salvas pelo simples fato de serem crianças, ou seja, a salvação não tem a ver com a faixa etária.Nenhuma pessoa é salva por ser criança ou velha, mas por crer no Senhor Jesus.

Por que às crianças pertence o Reino de Deus? As crianças vêm a Cristo com total confiança; elas creem e confiam; as crianças vivem na total dependência.

Que lugar o dinheiro ocupa na sua vida? (Mc 10:17-31)

Temos aqui o encontro do jovem rico com Jesus; de todas as pessoas que vieram a Cristo, esse homem é o único que saiu pior do que chegou; ele foi amado por Jesus, mas, mesmo assim, desperdiçou a maior oportunidade da sua vida.

Rico, porém, insatisfeito (10:17-22) – predicados que o jovem possuía – ele era jovem; ele era riquíssimo; proeminente; virtuoso; insatisfeito com a sua vida espiritual (que me falta ainda?); era uma pessoa sedenta por salvação. Ele foi a Jesus, a pessoa certa.Ele foi a Jesus com pressa, de forma reverente. Ele foi amado por Jesus.

Rico, porém, enganado (10:17-22) – as virtudes do jovem rico eram apenas aparentes: ele superestimava suas qualidades;

ele estava enganado a respeito da salvação (10:17): viu a salvação como mérito e não como presente da graça de Deus. Queria obter a salvação por obras e não pela graça;

ele estava enganado a respeito de si mesmo (10:19-21); o jovem rico não tinha consciência de quão pecador ele era; o jovem rico pensou que guardava a lei, mas havia quebrado os dois principais mandamentos da Lei de Deus: amar a Deus e ao próximo.Ele era idólatra, pois seu deus era o dinheiro.

ele estava enganado a respeito da lei de Deus (10:19,20): mediu sua obediência apenas por ações externas e não por atitudes internas.

ele estava enganado a respeito de Jesus (10:17): chama Jesus de Bom Mestre, mas não está pronto a Lhe obedecer.

ele estava enganado acerca da verdadeira riqueza (10:22); o jovem rico perdeu a riqueza eterna, por causa da riqueza temporal: rejeita a Cristo e a vida eterna.

Rico, porém, perdido (10:23-27).Os que confiam na riqueza não podem confiar em Deus (10:23-25). A salvação é uma obra milagrosa de Deus (10:26,27).Os discípulos foram aturdidos com a posição radical de Jesus. A conversão é uma obra sobrenatural do Espírito Santo e ninguém pode salvar-se a si mesmo.

Pobre, porém, possuindo tudo (10:28-31). Atente para alguns fatos acerca dos discípulos:a abnegação (10:28)- seguir a Cristo é o maior projeto de vida; vale a pena renunciar a tudo para ganhar a Cristo.A recompensa (10:30): Jesus garante aos Seus discípulos que todo aquele que O segue não perderá o que realmente é importante, quer nesta vida quer na vida por vir.

A maior marcha da história (10:32-45) – essa é a terceira vez que Jesus fala de Sua morte e à medida que torna o assunto mais claro, vê os discípulos mais confusos. Jesus fala das coisas que vão acontecer, na santa Cidade Jerusalém.Os discípulos pareciam cegos para o significado da cruz.


A marcha da salvação (10:32-34,45):

a determinação de Jesus (10:32): a cruz não foi um acidente na vida de Jesus, mas um apontamento;

a liderança de Jesus (10:32): não havia nenhum sinal de dúvida ou temor da parte de Cristo;

o sofrimento de Jesus (10:33,34): Jesus foi entregue aos líderes religiosos, foi condenado à morte pelo Sinédrio, foi entregue aos gentios. Jesus foi escarnecido,,foi cuspido, foi açoitado. Jesus foi morto;

a morte expiatória de Jesus (10:45); Jesus não morreu como um mártir, mas como um Redentor; sua vida não lhe foi tirada, Ele voluntariamente a deu.

A marcha da ambiçãoum pedido egoísta (10:35-38). Enquanto Jesus percorre o caminho da renúncia, eles (Tiago e João) seguem pela estrada da ambição.

uma resposta sem entendimento (10:38-40); Jesus estava indo para cruz e não para um trono. Jesus cruzaria o caminho do sofrimento e não de aplausos humanos.Beber do cálice significa experimentar, em profundidade, o sofrimento.Quando Tiago e João disseram que podiam beber do cálice de Cristo, eles não discerniram o que falavam, pois o sofrimento de Cristo é único e exclusivo.

uma consequência inevitável (10:41); a indignação dos outros discípulos não era pelo pecados dos dois, mas por acharem que eles haviam tramado contra eles.

A marcha da grandeza (10:42-45) – a grandeza segundo o mundo (10:42); os discípulos estavam admirando a glória e a autoridade dos governadores romanos, homens que amam posições e autoridade.

a grandeza segundo Jesus (10:43,44): no reino de Deus, a pirâmide está invertida; a grandeza é medida pelo serviço e não pela dominação; o padrão de Deus é que uma pessoa deve ser um servo antes de Deus promovê-la a uma posição de liderança.

a grandeza exemplificada por Jesus (10:45); Jesus sendo Senhor, usou o seu poder não em benefício próprio, mas para socorrer os aflitos.Tenham a mesma atitude demonstrada por Cristo Jesus. Embora sendo Deus, não considerou que ser igual a Deus fosse algo a que devesse se apegar. Em vez disso, esvaziou a si mesmo; assumiu a posição de escravo e nasceu como ser humano. Quando veio em forma humana, humilhou-se e foi obediente até a morte, e morte de cruz - Filipenses 2:5-8; no Reino de Deus ser grande é ser servo e ser poderoso não é ter autoridade sobre muitos, mas servir a muitos.

Uma trajetória das trevas para a luz (Mc 10:46-52)

a cura do cego Bartimeu; sua condição antes de Cristo; ele vivia numa cidade condenada (10:46); Jericó havia sido derrubada por Josué (Js 6:20,21); maldito seria o homem que a levantasse e reedificasse. Jericó era uma cidade sob maldição. Herodes, o grande, reconstruiu a cidade e a adornou. Jericó era uma cidade encantadora; chamada cidade das palmeiras e dos sicômoros. Jericó era uma cidade dos prazeres: ali estava o palácio de inverno do rei Herodes. Jericó era uma cidade que ficava no lugar mais baixo do planeta: 400 metros abaixo do nível do mar. Jericó era uma cidade às margens do mar Morto: lago de sal. Nele não existe vida.

o cego teve a última oportunidade; Jesus estava indo para Jerusalém; Ele marchava resolutamente para o calvário.A oportunidade tem asas, se não a agarrarmos quando ela passa por nós, podemos perdê-la para sempre; uma grande multidão seguia a Jesus; era o tempo da festa da Páscoa, a mais importante festa judaica.

Qual a condição do cego Bartimeu antes de Cristo? Ele vivia numa cidade condenada (10:46); ele era cego e mendigo; ele não tinha nome; Bartimeu significa tão somente filho de Timeu; não é nome próprio; ele estava à margem do caminho.

Sua decisão por Cristo – Bartimeu buscou a Jesus na hora certa (10:47); Bartimeu buscou a pessoa certa.Bartimeu buscou a Jesus com perseverança (10:48).Bartimeu buscou a Jesus com humildade (10:47,48).Bartimeu buscou a Jesus com desprendimento (10:50).

Sua nova vida em Cristo – Bartimeu foi salvo por Cristo (10:52).Bartimeu foi curado por Cristo.Bartimeu foi guiado por Cristo; Jesus vai hoje passar; qual vai ser a decisão? Segui-Lo ou deixá-Lo passar?


Bibliografia:

1) Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal – CPAD – 2003

2) Bíblia Brasileira de Estudo – Editora Hagnos – 2016

3) Bíblia de Estudo da Reforma – Sociedade Bíblica do Brasil – 2017

4) Bíblia Shedd – Antigo e Novo Testamento – Edições Vida Nova – 2007

5) Comentário Expositivo do Novo Testamento – volume 1 – Hernandes Dias Lopes – Editora Hagnos - 2019

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