top of page

BEM-AVENTURADOS OS VOSSOS OLHOS E OUVIDOS (Citações de Isaías no Novo Testamento)

1. INTRODUÇÃO


A profecia é uma prova irrefutável de que as Escrituras Sagradas são “A Palavra de Deus”. A pregação do profeta Isaias, como de resto, a de qualquer profeta bíblico, é comunicada aos seus receptores diretos e indiretos, do ponto de vista da eternidade. A marca da profecia é esta: “Assim diz o Senhor”.

A chamada de Isaias ao ofício profético se dá num ambiente repleto da transcendência divina. Deus se revela ao profeta, assentado em seu alto e sublime trono, tendo os Serafins a proclamarem Sua santidade. Logo a palavra de Isaias não é sua Palavra. Ele bem o sabia; era Palavra de Deus a ele, aos homens de sua geração e a todos os homens de todos os tempos, presente e vindouro.

Nesse particular, os profetas se assemelham a Jesus Cristo, o profeta anunciado por Moisés; “No meio de vós se levantará um profeta... a Ele ouvireis”. Jesus, em seu ofício profético, disse:” Porque eu não tenho falado por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, esse me tem prescrito o que dizer e o que anunciar”. Sendo, de fato, Deus quem fala pela boca do seu profeta, este pode anunciar com máxima segurança as coisas que hão de acontecer.

A verdadeira profecia não está subordinada ao tempo, pois procede daquele que habita a eternidade. O próprio Messias foi dito por Isaías ser “O Pai da Eternidade”. Em nossos estudos anteriores, vimos que a profecia de Isaías não obedece a uma linha histórica orientada do presente ao futuro. Ele anuncia coisas futuras como se já fossem passadas; “Mas Ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades”. Ele anuncia um homem ungido de Deus que livrará seu povo, e este homem, Ciro, nasceria mais de duzentos anos após o anúncio do seu nome. Só por isso Isaías se torna o evangelista do Antigo Testamento.

Jesus, o Pai da Eternidade, seus Apóstolos e discípulos, podem então se apropriarem de suas profecias de um ponto de vista pretérito, presente ou futuro, pois trazem a marca da verdade. Se perguntarem; são as Escrituras, de fato, A Palavra de Deus? A profecia responderá: Sim!


2. APLICAÇÃO DE ISAÍAS NO EVANGELHO DE MATEUS


Uma ideia preponderante nas profecias de Isaías é a de que a salvação de Deus, anunciada e prometida primeiramente aos Israelitas, alcançaria igualmente todos os não israelitas.

No capítulo doze de Mateus está registrado que, após altercação com os fariseus, Jesus curou muitos que o seguiam e advertiu-lhes de que não dessem publicidade dos seus feitos, para que se cumprisse o que havia sido dito pelo profeta Isaías: “Eis aqui o meu servo, que escolhi, o meu amado, em quem a minha alma se compraz, farei repousar sobre Ele o meu Espírito, e Ele anunciará juízo aos gentios. Não contenderá, nem gritará, nem alguém ouvirá nas praças a sua voz. Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega, até que faça vencedor o juízo. E, no seu nome esperarão os gentios”.

Aqui encontramos as palavras ouvidas do céu, por ocasião do batismo de Jesus por João Batista, e o anúncio da descida do Espírito Santo sobre Ele na mesma ocasião. Fala também o texto do caráter manso, humilde e pacífico do ministério de Jesus. Sobretudo, e para nossa bem aventurança, o mencionado texto profético fala da misericórdia com que Jesus quando lidou com nossas fraquezas, atraindo-nos a Si para que tivéssemos esperança n’Ele.

Ao proferir aos seus discípulos a “Parábola do Semeador”, Jesus lhes disse: “Bem-aventurados, porém os vossos olhos, porque vêem; e os vossos ouvidos, porque ouvem”.

As palavras de Jesus foram, por Ele mesmo, aplicadas em dois sentidos.

O primeiro diz respeito à felicidade de seus discípulos de terem visto e ouvidos coisas maravilhosas que os profetas e justos de tempos anteriores gostariam imensamente de ver e ouvir. O mesmo Jesus, mais tarde dirá a Tomé, “porque me vistes crestes? Bem aventurados os não viram e creram”. Esta palavra também diz respeito aos crentes em Jesus que viriam depois.

O segundo sentido diz respeito aos Israelitas que endureceram o coração de modo a não receber e por isso não entender as advertências quanto ao castigo por sua rebeldia, nem as boas novas de um Salvador vindouro. Por ocasião da sua chamada ao ofício profético, Isaías fora advertido de que sua pregação endureceria o coração do seu povo. Com efeito, esse endurecimento foi ainda foi percebido nos dias de Jesus. O efeito dos seus ensinamentos e obras foi similar ao que ocorrera nos tempos de Isaías. Então Jesus disse aos seus discípulos: “Por isso, lhes falo por parábolas; porque, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem, nem entendem”. A razão de tal endurecimento, o evidencia o próprio profeta Isaías, citado por Jesus: “O coração deste povo está endurecido, de mau grado ouviram com os ouvidos e fecharam os olhos”. Não dar a devida importância às advertências divinas, ouvi-lo de má vontade, produz fatal endurecimento do coração e do entendimento. Por isso, ainda hoje se adverte aos que ouvem a Palavra de Deus: “Se hoje ouvirdes a minha vós, não endureçais o vosso coração”.


3. APLICAÇÃO DE ISAÍAS EM ATOS E ROMANOS


Em seu tempo e ministério, Jesus encontrou em Jerusalém uma falsa religião controlada por falsos religiosos, os quais, segundo o próprio Jesus, não entravam no Reino, nem deixava entrar nele os que queriam. Guias cegos e surdos. Foram estes os perseguidores de Jesus e que, por fim pediram sua crucificação. Nem mesmo a maravilhosa ressurreição do filho de Deus comoveu corações tão endurecidos.

Foi assim que Estevão, o diácono mártir, os encontrou. Preso e interrogado pelo sumo sacerdote a respeito do evangelho que pregava. Estevão, teve que apresentar à corte religiosa de Jerusalém os fundamentos da fé Cristã desde Abraão, fatos que deviam ser do mais amplo conhecimento daquelas autoridades judaicas. Eram como surdos e cegos; nada entendiam; porém guardavam zelosamente o Templo e seus rituais, pelo que Estevão lhes traz à memória o profeta Isaías: “ O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés; que casa me edificareis, diz o Senhor, ou qual é o lugar do meu repouso? Não foi, porventura, a minha mão que fez todas estas coisas?”.

Para Estevão, as palavras de Isaías continuavam vivas pois disse aos sacerdotes: “Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim como fizeram vossos pais, também vós o fazeis”.

Na carta aos Romanos o Apóstolo Paulo argumenta a favor da Salvação mediante a fé, com exclusão de qualquer outro meio. Segundo o Apóstolo aos gentios, chamado diretamente por aquele que foi posto por Deus como esperança dos gentios, Jesus Cristo, não havia, como não há, nenhuma vantagem que favoreça ao Judeu ou ao Gentio, pois todos estão debaixo do pecado.

O Apóstolo, como Mateus, Pedro e Lucas, recorre ao profeta Isaías como se novamente perguntasse: “Senhor, quem deu crédito à nossa pregação?” Está escrito, diz Paulo; “Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus”. Desde tempos imemoriais a dureza de coração dos homens tem sido uma constante. Porém, a esperança de Isaías ainda prevalece. Haverá um remanescente fiel: aqueles que depositam sua fé em Nosso Senhor Jesus Cristo, por isso, bem aventurados seus olhos e ouvidos crentes.

Para Nós

Fiquemos com a bela poesia deste hino tão amado. “Enquanto, ó Salvador, teu livro eu ler, meus olhos vem abrir, pois quero ver, além da mera letra”.

Comments


bottom of page