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INTRODUÇÃO AO LIVRO DE NEEMIAS - ESTUDO 11

Prezado leitor,

Em sequencia aos estudos anteriores, onde nos capítulos 1 a 6 o desafio foi a reconstrução dos muros de Jerusalém e nos capítulos 8 a 10, o foco foi na instrução e nos compromissos espirituais do povo, chegamos ao capítulo 11 de Neemias, onde encontramos o desafio do estabelecimento de uma nova sociedade.

Jerusalém já estava reconstruída, mas a maioria do povo de Israel viva em outros lugares, aldeias e vilarejos afastados. Era necessária uma ocupação ordenada da cidade, mesmo porque, como capital fortificada, Jerusalém necessitava não apenas de moradores, mas pessoas comprometidas com sua vida e sua segurança. Parece que nem todos tinham o desejo de mudar-se para Jerusalém, seja porque isso iria requerer abandonar terras, seja pelos compromissos adicionais de cidadania que os seus moradores teriam que assumir. Neemias, portanto, tem mais uma tarefa, a de reprovar Jerusalém.

Ele poderia ter arbitrado que certas famílias vendessem suas propriedades e se mudassem. Ao contrário, ele abre para o próprio povo o problema e a forma de resolvê-lo. O que acontece é que muitos judeus, agora mais conscientes de sua herança e missão espiritual, concordam em lançar sortes como uma forma final de escolha de quem deveria morar na cidade. Aquela situação crítica passa a ser resolvida com justiça e equidade. Há uma distribuição de poder e deveres com o povo tendo parte nos afazeres da comunidade. Há ausência de conflito e o povo age buscando fazer a vontade de Deus.

Muitas igrejas e mesmo denominações têm se diferenciado, entre outras coisas, pelas suas formas de governo, isto é, a forma pela qual cada uma delas é administrada. Umas são mais na linha da monarquia. Outras são mais democráticas e costumam abrir espaço para que as decisões sejam tomadas pelo voto. Dentro da perspectiva dos batistas, que adotam a linha democrática congregacional, podemos identificar um primeiro ponto de destaque nos fatos narrados nesta nossa lição, baseada no capítulo 11 do Livro de Neemias, e que nos diz respeito hoje:

* A participação democrática nos assuntos administrativos da igreja requer uma forte ligação espiritual. O povo que participou da solução de repovoamento da cidade, sob a liderança de Neemias, entendeu a vontade de Deus no que diz respeito a que famílias deveriam se mudar. Ou seja, a solução do problema administrativo veio pela ligação espiritual que o povo detinha com Deus. No caso das igrejas hoje, há quem diga que Deus pode manifestar Sua vontade através do voto em uma assembleia administrativa da igreja. Isto certamente ocorre. Mas o que dizer quando os votos empatam ou a assembleia se apresenta fortemente dividida? Com qual lado está a vontade de Deus?

Sabe-se que a vontade de Deus para uma igreja é a soma das percepções da vontade de Deus que cada membro tem. Ou seja, ninguém consegue ter sozinho a visão completa da vontade de Deus para a igreja. Quase nunca haverá unanimidade pois nem todos estarão suficientemente ligados espiritualmente com Deus, de modo a perceber a vontade Dele para aquele assunto. Quando a assembleia estiver fortemente dividida, portanto, poderá significar que apenas uma parte percebeu ou sentiu a vontade de Deus. Há quem diga que, quando isso ocorrer, e sendo possível, é melhor transferir a decisão para uma data posterior e assumir o desafio de orar para que a vontade de Deus possa ser melhor percebida por um maior número de pessoas até a próxima sessão administrativa.

O ponto relevante aqui, e que nos leva de volta a Neemias, é que um assunto administrativo e político foi resolvido por um processo participativo onde o povo possuía uma forte ligação com o Deus Iavé, a ponto de poder perceber a sua vontade em relação a quem deveria mudar-se para a cidade reconstruída. Claro que houve uma inteligência e uma liderança humana naquele processo, mas houve essencialmente a atuação do Espírito de Deus sobre o povo ajudando-o a perceber e decidir.

Um exame de outra parte desse capítulo 11 nos leva a perceber que outros grupos escolhem Jerusalém para morar. Entre esses estão os sacerdotes que servem no Templo (versos 1o a 14), os levitas, encarregados do trabalho externo da casa de Deus (versos 15 a 18 e 22 a 24) e os guardas dos portões e sevos do Templo (19 a 21). Estes grupos têm seus líderes constituídos e Neemias integra-os à comunidade, mas sem conflitos, demonstrando novamente aqui sua habilidade de diplomata, apesar de muitos desses não serem exatamente leais ao Governador Neemias. Um segundo ponto de destaque, que entendemos se aplicar aos nossos dias de hoje, é a separação que Neemias sabiamente fez com respeito aos aspectos políticos e religiosos da cidade.

* Neemias separou administração pública da administração religiosa. É interessante notar que, apesar da relação especial de Israel com Deus, Neemias não faz sua administração baseada no sacerdócio. Deus vem iluminar de forma brilhante o entendimento de Neemias, pois este mantém separadas as entidades administrativas e religiosas. Os sacerdotes não são os que governam o povo. Parece que Neemias nos estava anunciando que misturar política e religião, não daria muito certo. E é o que a História nos tem mostrado, tanto no passado, com a fase negra da época da chama "Santa" Inquisição, quanto no presente, onde encontramos hoje situações extremas de fanatismo, onde líderes religiosos islâmicos governam com poder de vida e morte, levando nações inteiras à "guerra contra os infiéis".

Como conclusão às nossas reflexões hoje, tenhamos em mente que as vitórias administrativas em nossas igrejas certamente possam por uma liderança hábil, competente e inspirada por Deus, mas passa também por um engajamento e participação dos crentes, sempre vinculados à presença de Deus na vida e na vontade de cada um.Que todos possamos nos mudar e repovoar a Jerusalém dos projetos e desafios da vida cristã que temos à frente, com nossos talentos e nossa percepção do que Deus tem para cada um de nós.

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