1.Introdução
Em nosso último estudo vimos como o profeta Isaias apresenta juízos de Deus contra diversas nações. Seu propósito é mostrar que Deus tem o mundo em suas mãos. Ponto focal do trecho que hoje estudamos é o capítulo 20. Nele o povo de Deus é alertado contra a inconveniência de confiar em forças humanas para obter proteção.
A Etiópia, como veremos, nem tampouco os Egípcios, poderão salvar Israel das garras da Assíria, povo que Deus estava usando como instrumento do seu juízo contra a desobediência tanto do povo escolhido como das demais nações do mundo. O propósito de Deus é trazer todas as nações à plena obediência às suas leis e mandamentos. O anúncio de juízo iminente vem, entretanto, unido a prenúncios de misericórdia, mesmo para a Etiópia como Isaias registra: “Naquele tempo, será levado um presente ao Senhor dos Exércitos por um povo de homens altos e de pele brunida, povo terrível...”. Em Atos dos Apóstolos se registra que um alto funcionário do reino da Rainha de Candace, Etiópia, foi batizado por Felipe, levando consigo a semente do evangelho. Mais tarde a Igreja de Cristo floresceu naquela região da África, cumprindo a profecia de Isaias.
2.Castigo e Misericórdia para o Egito
Através de seu servo Moisés, o Senhor Deus já havia demonstrado a inutilidade dos ídolos e deuses egípcios, bem como a fraqueza de Faraó, abatendo os opressores do povo escolhido através de pragas. Todas as nações o souberam e temeram ao Deus de Israel. Agora, ao tempo do profeta Isaias, é proferida uma nova sentença contra a poderosa e guerreira nação. O Senhor se apressa contra o Egito. “Ele vem cavalgando uma nuvem ligeira”. Seus ídolos vão estremecer diante dele. Consultarão inutilmente os encantadores, os necromantes e feiticeiros. O conselho dos sábios será nulo.
Deus visitará o Egito colocando neles um espírito de confusão, de tal modo que uma verdadeira guerra civil desarticulará o sistema político e econômico como profetizara Isaias: “Porque farei com que egípcios se levantem contra egípcios, cada um pelejará contra o seu irmão e cada um contra o seu próximo; cidade contra cidade, reino contra reino”. Depois disso um feroz ditador se levantará para dominá-los como foi dito: “Entregarei os egípcios nas mãos de um senhor duro, e um rei feroz os dominará”.
Através desse duro golpe da parte do Senhor, os egípcios se lembrarão dos feitos do Deus de Judá e se encherão de pavor. Em sua angústia clamarão ao Senhor por causa dos seus opressores e Ele lhes enviará um salvador e defensor que os há de livrar. Deve-se pensar aqui, em primeira mão, de um governo político moderado e justo, mas este também é uma prefiguração do Messias, salvador de todo aquele que o busca em arrependimento. No capítulo 19 verso 22 esta ideia fica bem clara: “Ferirá o Senhor os egípcios, ferirá, mas os curará; converter-se-ão ao Senhor, e ele lhes atenderá as orações e os curará”. Sim, todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. A misericórdia de Deus agira assim com os ninivitas quando se converteram mediante a pregação irada do profeta Jonas. É propósito de Deus estender sua graça a todas as nações. Do mesmo modo as punirá duramente em sua desobediência.
Eis novamente que Isaias profetiza sobre um dia futuro; “Naquele dia... os assírios irão ao Egito, e os egípcios, à Assíria; e os egípcios adorarão com os assírios”. E diz mais o profeta: “Naquele dia, Israel será o terceiro com os egípcios e os assírios, uma bênção no meio da terra”. Encontramos o cumprimento dessa profecia na Igreja de Cristo, o mistério de Deus. Um Corpo Espiritual composto de Judeus e gentios de todas as nações, unidos em adoração e uma bênção na terra.
3.Sentenças Divinas Contra Nações
De qualquer modo, antes que as nações venham ao arrependimento, Deus, em sua soberania e poder, precisa afligi-las para que se ajustem ao seu propósito. Assim se deu com os egípcios e etíopes. Deus estava utilizando a Assíria como um chicote de correção das nações. O rei Acaz havia adotado uma política de cooperação com a Assíria na vã tentativa de livrar-se do seu poder. O Rei Ezequias que o sucedeu, ao contrário, fazia aliança anti-assíria com os egípcios e etíopes. Logo, Sargão, Rei da Assíria, entrou em ação, enviando seu Tartã para punir e tomar a Cidade rebelada de Asdode. Orientado por Deus, Isaias adverte ao Rei de Judá para não colocar sua confiança nos exércitos do Egito e da Etiópia. De fato, logo a seguir as forças assírias derrotaram estas nações. Prenderam milhares deles, tanto jovens como velhos e os levarão ao exílio, despidos e descalços, para vergonha do Egito. Então se assombraram os israelitas e disseram; “Como, pois, escaparemos nós?
O profeta Isaias continua proferindo sentenças de Deus contra diversas nações. A Assíria cai diante do novo poder babilônico que se levantara. Logo a Babilônia se afunda na idolatria, violência e orgulho. Não tardou o dia da ira de Deus e se disse: “Caiu, Caiu Babilônia!”diante da Média. Duma, Tiro a grande comerciante dos mares, Reis, Administradores e a própria Jerusalém rebelde seguem o mesmo caminho da desobediência a Deus e são destruídas. A desolação anunciada atinge em fim, a própria terra. È o apocalipse de Isaias: “A terra cambaleará como um bêbado e balanceará como rede de dormir; a sua transgressão pesa sobre ela, ela cairá e jamais se levantará”.
Estamos no mundo que, segundo as Escrituras, jaz no maligno. Seu fim é sofrer a sentença condenatória de Deus. Sua desolação não tarda ainda que Deus se mostre longânime. Em seu amor e misericórdia, o Senhor nos tem oferecido socorro e refúgio em Cristo. Como escaparemos nós se não atentarmos para tão grande salvação?
Bibliografia: J. Ridderbos – ISAÍAS, Introdução e Comentário. Vida Nova.
Isaltino Gomes Coelho Filho – ISAÍAS, O Evangelho do Antigo Testamento. JUERP.
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