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GENTE CANSADA DE IGREJA

Tem muita gente cansada de igreja. Talvez você seja uma delas, com o dom apagado, conforme a advertência de Paulo a Timóteo. É que, por vezes, na igreja sobram línguas para criticar destrutivamente a faltam braços para fazer. A comunidade, por exemplo, precisa de um determinado ministério. Muitos veem a necessidade, mas ninguém se apresenta. Quando alguém começar a desenvolvê-lo, contudo, não faltarão aqueles para dizer que fariam diferente.

Sobram dedos para apontar os erros dos outros e faltam ombros para sustentar os que querem ficar firmes. A tendência humana competitiva também grassa na igreja, de modo que o fracasso de um é discretamente comemorado. Quando se firmam as direções dos nossos dedos, em lugar de chorar, preferimos dizer: “Não falei?”. Se uma pessoa errou no passado, é porque vai continuar errando. É triste saber que há pessoas que têm que trocar de igreja para recomeçar suas vidas. Deus já as perdoou, mas, muitas vezes, nós não.

Sobram olhos para ver as brechas e falta disposição para tapar uma delas. Por vezes, sobram lépidas pernas para escorregar dos compromissos e falta vigor para se por a caminho. Somos capazes de fazer belos diagnósticos, identificando os problemas da igreja. No entanto, nós nos esquecemos que, quando não nos empenhamos na solução dos problemas, nós somos os problemas. Sobra cérebro para discutir temas irrelevantes e falta inteligência e criatividade para encontrar soluções novas para um tempo novo que tem as carências de sempre. Como perdemos tempo com coisas sem importância! Enfim, por vezes, na igreja sobram palavras, palavras de compreensão e entendimento, e faltam ações, ações de compreensão e entendimento. Jesus recomenda (Mateus 18.15) que, quando tivermos alguma informação sobre um irmão, nós temos que ir a ele para saber o que está acontecendo e ajudá-lo, se for possível. No entanto, achamos que a maneira de ajudá-lo é espalhar informações que temos dele a um amigo mais íntimo, que o divulga para outro irmão mais íntimo, que pede oração a um grupo íntimo.

Quando o irmão-vítima fica sabendo e esclarece que não é nada daquilo, já não é mais possível recolher as penas lançadas do alto... Este irmão, certamente, será um que terá que lutar muito com Deus para que o dom não seja apagado por um cristianismo teórico demais nas intenções boas e prático demais nas realizações más.

Por isso, e por outros fatores, há muita gente cansada de igreja, gente que logo ficará cansada de Deus e dele logo se afastará, às vezes irremediavelmente. Há gente cansada por ter feito muito e acabou sufocada pela incompreensão e pela crítica. Há gente cansada por não ter feito nada, enfadada, pois, de sua própria acomodação. Há gente cansada de esperar atitudes coerentes. Certas coisas acontecem conosco – o desânimo e a descrença, a falta de compromisso com a sua santificação e com o projeto divino para o mundo – porque nos esquecemos de que o Espírito Santo mora em nós. Pois que religião é esta em que o Deus – que nas outras religiões habita em lugares diferentes e exige tantas voltas para permitir o acesso a ele – habita com e nas pessoas? Será que ele é fácil demais? Será que não estamos querendo um Deus difícil, ao qual, por exemplo, só se pode ter acesso uma vez por ano, e não a toda hora ou todo domingo?

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