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OS PERIGOS DA DOUTRINA EQUIVOCADA

2 Pe 2 e 3

Os capítulos finais de 2 Pedro são ricos em ensinamentos que nos ajudam a ficar alertas em relação ao grande perigo de, por descuido, nos envolvermos com doutrina equivocada que certamente nos afastará do caminho que Deus preparou para os comprometidos com Jesus.

O perigo é ainda maior, porque a atuação de falsos mestres é sutil. Eles não se apresentam como sendo perigosos. Pelo contrário, envolvem-se com a vida do crente e vão – sutilmente – inserindo perguntinhas aqui e comentários ali de modo que, quando menos esperamos, eis que dúvidas se instalam em nossa mente e nos afastam da fé. Pedro sabia desse perigo e adverte seus leitores veementemente: fujam das heresias destruidoras. Pedro sabe que o efeito do ensino equivocado é a negação do Senhor Jesus, que os resgatou. Este é um termo magnífico, usado já em 2 Sm 7.23 para descrever a redenção de Israel para fora do Egito.

Estivesse o autor entre nós, ainda hoje repetiria a mensagem. Quem não conhece os perigos da chamada doutrina do “evangelho da prosperidade” que tem distorcido a fé bíblica e conduzido tantos por caminhos escusos? E sabemos que este é apenas um exemplo dentre tantos. A Igreja precisa ficar atenta para identificar o erro e combatê-lo de imediato.

Pedro insiste que a finalidade daquele grupo que cercava os crentes de então era fazer negócio. Acompanhemos a leitura do versículo 3: “E por avareza farão de vós negócio com palavras fingidas; sobre os quais já de largo tempo não será tardia a sentença, e a sua perdição não dormita.” Usavam, para tanto, palavras fingidas, com a entonação e vocabulário tão comuns na oratória grega e o faziam para envolvê-los. Desejavam comprar, quando Jesus havia morrido para remir.

Como se fosse um grande parêntesis aberto para exemplificar a ação de Deus, o autor nos apresenta três exemplos do juízo de Deus. Podem ser encontrados nos versículos de 4 a 8 do capítulo 2 e vamos agora resumi-los, com a ajuda do biblista Green:

1. Deus não poupou os anjos caídos. O destaque aqui é a triste história relatada em Gênesis 6. 1-4. Ali encontramos o erro da rebeldia diante de Deus. Porque assim procederam, o autor diz que Deus os precipitou no tártaro, expressão que, na mitologia grega era o lugar para os ímpios falecidos. A expressão é melhor compreendida em nosso idioma pelo termo inferno. Aqueles anjos enfrentaram o juízo divino.

2. O dilúvio (v.5). O comentarista Green nos diz que “no julgamento daqueles que não tinham qualquer tempo para Deus, vimos que a salvação era disponível para todos, mas se tornou eficaz apenas para oito pessoas. Noé, o pregoeiro da justiça, foi guardado.”

3. Condenação de Sodoma e Gomorra (v.6-8). Temos aqui alusão ao episódio descrito em Gênesis 19.24. Se o juízo de Deus para a geração de Noé aconteceu pela água, agora o temos pelo fogo. Ló é libertado, assim como o fora Noé. E pela mesma razão: mantiveram-se firmes à Palavra do Senhor.

O recado é bem claro: assim como Deus mandou o juízo sobre aquele povo rebelde, voltará a fazê-lo, segundo Seu tempo e propósito. Nunca saberemos quando isso acontecerá. Mas, do mesmo modo como Deus livrou os Seus, também irá livrar da destruição aquele que se mantiver fiel em meio a tantos infiéis. Esta é a confiança que todo crente deve cultivar.

O autor passa a descrever as qualidades daqueles que se misturam entre o povo de Deus para dissuadi-lo do caminho da verdade. Ocupa-se de todo o final do capítulo e será muito bom o ouvinte fazer uma leitura atenta de tudo aquilo que ali foi registrado.

É chegado, no entanto, o momento de encerrar a carta. O autor, então, reitera o seu propósito: amados... recordai-vos (3.2); amados...vivei irrepreensíveis (3.14); amados... acautelai-vos. (3.17) Isto ele o faz porque é hora de despertar a mente esclarecida, ou o ânimo sincero ou ainda a mente não contaminada pelo preconceito. E deseja que seus leitores despertem a partir da recordação das palavras ditas pelos profetas, por Jesus e pelos apóstolos. Isto porque os apóstolos repetiram mandamento recebido do Senhor e Salvador Jesus Cristo. Green afirma que “havia perfeita conexão entre os profetas que prenunciam a verdade cristã, Cristo que a exemplificou e os apóstolos que a entenderam e a ensinaram.” Então, o despertar é para a Palavra de Deus.

Penso que um bom roteiro para o aprofundamento no estudo deste último capítulo seria seguirmos a indicação de Carlson, como segue:

a) Um chamado para lembrarmos a promessa ( 1 e 2); b) Uma advertência para ignorarmos os escarnecedores ( 3 e 4); c) Uma razão para não esquecermos esta palavra (5-7) d) Uma razão para a demora de Deus (8 e 9) e) Uma informação do fato e suas consequências (10-13); f) Um chamado ao comportamento correto, apoiado por um apelo aos escritos de Paulo e g) Um chamado à firmeza e ao crescimento. (17-18).

Se quisermos resumir o ensino desses versículos, poderíamos nos aproximar de Ray Summers e explicar o erro desses escarnecedores com três ideias básicas:

1) eles ignoravam o fato de que Deus, que criou o mundo, estabeleceu a Sua ordem, tem permanecido ativo nessa ordem e assim continuará até que o Seu propósito seja realizado. (5-7);

2) Ignoravam o fato de que Deus não está limitado pelo tempo e nem considera o tempo da maneira como os homens fazem (8-10) e 3) Eles não conseguiram ver a longanimidade de Deus no fato de não dar fim à ordem mundial, para que outras pessoas pudessem chegar à salvação e à maturidade cristã. (11- 18).

Há, amados ouvintes, uma boa notícia para nós. Diante de um quadro tão assustador, o autor aconselha que nos empenhemos em algo positivo que, se praticado, irá encher a nossa vida de significado e de alegria. Termino, então, com esse conselho tão profundo, quase uma ordem, mas que resume tudo o que pode e deve ser feito para termos uma vida cristã sem quaisquer equívocos:

“Vós, portanto, amados, sabendo isto de antemão, guardai-vos de que, pelo engano dos homens abomináveis, sejais juntamente arrebatados, e descaiais da vossa firmeza; Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da eternidade. Amém. (2 Pedro 3, 17 e 18).”

 

Apoio Bibliográfico:

5. GRUNZWEIF, Fritz et all. Cartas de Tiago, Pedro, João e Judas. Comentário Esperança. Curitiba: Paraná – Editora Evangélica Esperança, 2008. 6. McNAB, Andrew. O Novo Comentário da Bíblia – vol. II. São Paulo: Vida Nova. Reimpresso em 1987. 7. GRREN, Michael. 2 Pedro – Introdução e Comentário. Série Cultura Bíblica. SP: Mundo Cristão. 1988 8. SUMMERS, Ray. Comentário Broadman. Volume 12. Rio de Janeiro: JUERP. 1987 9. CARSON D. A. Comentário Bíblico Vida Nova. São Paulo: Vida Nova. 2009.

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