O QUE É PROFECIA?
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O QUE É PROFECIA?

Olá. Meu nome é Valtair Miranda, e estou de volta com você numa série de mensagens em torno de PERGUNTAS DIFÍCEIS DA BÍBLIA. A pergunta de hoje é: O QUE É PROFECIA? O leitor cuidadoso percebe facilmente que a obra de um profeta é bem diferente de uma epístola do Novo Testamento, de um Evangelho ou de um livro como Levítico. A diferença se deve, entre outras coisas, ao gênero literário definido pelo autor para escrever sua mensagem. Ler um profeta da mesma forma que se leria uma epístola pode levar a resultados perigosos. A Bíblia é um livro profético por excelência. As Escrituras Sagradas foram escritas por profetas ou constituem o resultado de suas pregações. Abraão foi profeta (Gn 20.7). Moisés foi o maior profeta de Israel (Dt 18.15, 18; 34.10). Samuel recebeu a incumbência de um profeta (1 Sm 3.20) e também Davi, o poeta, é chamado dessa forma (At 3.20). Mesmo estando por trás de boa parte da literatura do Antigo Testamento (Pentateuco, os livros históricos ou sapienciais), as obras puramente proféticas vão de Isaías a Malaquias. Durante a leitura dos profetas, mais com qualquer outra obra da Escritura, que percebemos o abismo entre a maneira de Deus agir e a nossa. O fato de a Bíblia ser um livro sobre Deus coloca-a numa posição sem-par. Deus, que é infinito, não pode ser plenamente compreendido pelo que é finito. A profecia típica é uma espécie de interpretação do próprio tempo com o fim de exortar. Não tem necessária relação com o futuro, mas, para atingir determinados objetivos, faz por vezes predições ou reinterpretações do passado. Mas mesmo quando o profeta fala do passado ou do futuro, seus pés estão firmemente plantados no seu presente, já que é ele que ele quer alterar. Os profetas escritores surgiram depois da divisão de Israel em dois pequenos reinos, o Reino do Norte e do Sul. A intenção de suas obras é se opor à situação deprimente à sua volta. Suas mensagens tinham uma intensa crítica social. Criticam o estado, a religião, e o próprio povo, por estarem na situação de miséria e não buscarem a ajuda de Deus. Na verdade, suas palavras apontavam que a situação era resultado do afastamento de Deus. É verdade que a profecia já corria há muito tempo no meio do povo, como movimentos breves e localizados. Quem não se lembra da mensagem de Elias e Eliseu, ou antes, de Natã, no tempo de Davi? A tarefa essencial destes homens e mulheres era falar em nome de Deus para seus próprios contemporâneos. A base da mensagem dos profetas se encontra constantemente na Lei. Não têm a intenção de originar palavras novas, mas de atualizar a palavra já conhecida do povo, mas não necessariamente cumprida ou praticada. Os profetas são peritos em interpretação. Interpretam sua realidade histórica, os textos bíblicos e projetam isso para o futuro através de advertências ou promessas. Neste sentido, mais do qualquer outra porção da Escritura, uma boa compreensão das profecias depende da consciência do seu contexto original. As profecias mais difíceis de interpretar são justamente os oráculos de contextos indeterminados. Esse cuidado especial deve ser tomado para que não forcemos os textos a dizer aquilo que eles nunca intentaram dizer. Os profetas insistentemente buscavam a restauração do povo com Deus. Eles lembram seguidas vezes do pacto que há entre Deus e Israel. O conceito bíblico de pacto, encontrado tanto no Antigo como no Novo Testamento, designa o relacionamento gracioso de Deus com a humanidade pecaminosa e frágil. É Deus que inicia o relacionamento. É ele também que inaugura o relacionamento e garante o cumprimento. Se dependesse das pessoas, os pactos seriam nulos e vazios. Por isso, profetas foram levantados por Deus para lembrar, para ensinar, para aplicar e atualizar o pacto que Deus fez com o povo.

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