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JESUS E A QUESTÃO DO JEJUM

MARCOS 2:18-22 (Mateus 9:14-17; Lucas 5:33-39)

V.18 – Ora, os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando. Vieram alguns e lhe perguntaram: Por quê motivo jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, mas os teus discípulos não jejuam? V.19 – Respondeu-lhes Jesus: Podem, porventura, jejuar os convidados para o casamento, enquanto o noivo está com eles? Durante o tempo em que estiver presente o noivo, não podem jejuar. V.20 – Dias virão, contudo, em que lhes será tirado o noivo; e nesse tempo jejuarão.

Esta cena ainda se passa na casa de Mateus, durante o banquete oferecido a Jesus. Jejuar era prática muito comum entre os judeus nos tempos do Novo Testamento. Os fariseus jejuavam duas vezes por semana e o faziam como obra de caráter meritório, aparentando devoção para chamar homens e a Deus à atenção (Lucas 18:11-12). Não é de estranhar que eles se escandalizassem ao observar que os discípulos de Jesus não estavam jejuando, como faziam os fariseus, seus discípulos, seus escribas e os discípulos de João (cf Lucas 5:30,33). Certamente João Batista admitia o jejum dos fariseus.

Desta vez a questão foi levada diretamente a Jesus, conforme o depoimento de Lucas. Mas Jesus não aceitava o jejum como prática religiosa tradicional criada pelos judeus para aparentar devoção (Mateus 6:16-18). Ele aprovou o conceito dos profetas que denunciavam o perigo do jejum interpretado superficialmente como expressão de adoração (cf Isaías 58:1-7; Zacarias 7:3-8).

A Lei de Moisés especificava no calendário judaico, um único dia de jejum por ano, para toda a nação de Israel. Era o dia da Expiação Nacional (Levítico 23:26-31). Além desse, havia outros quatro que foram instituídos como lamento, devido à destruição de Jerusalém pelos babilônios (Zacarias 8:19). É certo que Jesus observava o jejum anual do dia da Expiação Nacional, porque Ele cumpriu toda a Lei. Sabemos também que Ele jejuou quarenta dias no deserto, antes de iniciar o Seu ministério. Mais do que isso nada podemos afirmar, porque a Bíblia não o diz.

Para responder à pergunta dos fariseus e de seus aliados Jesus usou a parábola do casamento. A festa do casamento em Israel era marcada por dias de grande alegria. Eram os dias mais felizes da vida dos nubentes. Os convidados comiam, bebiam e se alegravam sobremaneira. Também, enquanto durava a festa que podia prolongar-se até por duas semanas, todos ficavam isentos de qualquer compromisso religioso. Portanto, não havia jejuns e nem observância de formalidades legais. Aqui, Jesus é comparado ao noivo e os seus discípulos são os amigos convidados que se alegram com o noivo e não há lugar para tristeza. Mas Ele adverte que um dia o noivo seria tirado. Então os Seus discípulos haveriam de jejuar. Ele se refere à Sua morte. Cousa semelhante havia acontecido com João Batista que já havia sido preso e levado para longe dos seus discípulos.

Em seguida Jesus enuncia duas parábolas para mostrar como as novidades do Seu Evangelho não se encaixam no pensamento daqueles adversários. Antes, lhes causam grandes transtornos. A parábola do remendo explica que, quando uma peça de roupa velha é remendada com pano novo, se essa peça for submetida a esforço, o tecido velho rompe-se e a rotura fica maior ainda. A parábola dos odres mostra que, quando é posto vinho novo em um odre envelhecido, este não pode suportar a pressão causada pela fermentação do vinho novo e acaba por estourar. Os odres, naquele tempo, eram feitos de couro de cabra que, com o tempo se enfraqueciam, tornando-se impróprios para guardar vinho novo. O resumo deste ensinos é: para receber o Evangelho de Cristo é preciso ter a mente renovada. Mas isto não acontecia com os fariseus, com seus escribas e com seus discípulos. Por quê? Lucas 5:39 explica: quem se acostumou com o vinho velho nunca vai se adaptar ao vinho novo e vai preferir sempre o velho. As tradições acumuladas pelos judeus não lhes permitiam aceitar as verdades do Evangelho de Cristo com suas novidades. É como diz Jesus em Mateus 15:6: “...E assim invalidastes a Palavra de Deus por causa da vossa tradição”. Estes ensinos do Mestre são atuais. Depois de dois mil anos de cristianismo cabe a cada igreja analisar as suas doutrinas e verificar se não há tradições embutidas nelas.

(continua)

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