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A CHEGADA A JERUSALÉM - Mateus 20 e 21

Sabendo que o final do seu ministério terreno se aproximava, o Senhor Jesus se dirigiu para Jerusalém, levando consigo os seus discípulos, aos quais falou abertamente sobre os acontecimentos que o aguardavam: “Eis que vamos para Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos príncipes dos sacerdotes, e aos gentios para que dele escarneçam, e o açoitem e crucifiquem, e ao terceiro dia ressuscitará” (Mateus 20:19 e 20).

Enquanto isso, algumas situações foram ocorrendo, mediante as quais o Senhor Jesus continuou a instruir os discípulos, apresentando-lhes diversos ensinamentos.

Um primeiro aspecto que devemos observar é que, àquela altura, os discípulos demonstravam ainda não ter compreendido o significado do que Jesus dizia, face ao pedido feito pela mãe dos filhos de Zebedeu (Tiago e João), estando ela acompanhada pelos dois filhos: “Dize que estes meus dois filhos se assentem, um à tua direita e outro à tua esquerda, no teu reino” (Mateus 20:21). Sabemos se tratar de Tiago e João pela informação que encontramos em Mateus 4:21.

Tal pedido revela que eles não estavam ainda tão afinados com o espírito de Cristo. O Senhor acabara de lhes anunciar de modo tão claro e profético a sua paixão, morte e ressurreição, mas eles permaneciam presos à esperança do estabelecimento do reino terreno, pensando na glória do reino.

Esta limitação de entendimento que os dominava até então fica confirmada pela indignação dos outros dez discípulos contra esses dois irmãos (Mateus 20:24), que demonstraram, com isso, pensar da mesma forma.

Em decorrência deste entendimento limitado, a compreensão a respeito do lugar a ser ocupado no reino de Deus também estava prejudicada. Julgavam que a ocupação seria distribuída por favoritismo, quando, na realidade, é determinada pelo serviço que compete a cada discípulo realizar no reino.

É através da posição de servo que se alcança o lugar de honra no reino de Deus e aquele que mais serve é o maior, foi o que Jesus ensinou quando disse: “Não será assim entre vós; mas todo aquele quiser entre vós fazer-se grande seja vosso serviçal; e qualquer que entre vós quiser ser o primeiro seja vosso servo” (Mateus 20:26 e 27).

A exemplo do próprio Senhor Jesus que “não veio para ser servido, mas para servir” (Mateus 20:28). Para servir e “para dar a sua vida em resgate de muitos” (Mateus 20:28). Em resgate, disse Jesus. Assim dizendo, o Senhor estava falando em redenção vicária, substitutiva, cujo preço era a sua própria vida.

Este foi o preço da nossa redenção: a vida de Jesus, pelo seu sangue derramado na cruz.

Sejamos, pois, discípulos dignos de honra, prestando o serviço que da parte do Pai nos compete realizar em seu reino.

É necessário, no entanto, que haja cuidado de nossa parte e que sejamos vigilantes quanto aos desejos do nosso coração, para que não venhamos a servir a Jesus e à sua Igreja movidos por interesses secretos de alcançarmos maiores posições. Se assim acontecer, o processo já estará comprometido.

Importa que o serviço prestado se realize pela motivação íntima de sermos servos, sendo isso o suficiente para a alegria do nosso coração, uma vez que servir a Jesus já é em si mesmo uma grande honra para nós.

Neste mesmo espírito de serviço e compaixão pelos necessitados, encontramos a seguir o Senhor Jesus dando atenção a dois cegos que insistentemente clamavam por Ele, quando ia de Jericó para Jerusalém. Um se chamava Bartimeu, conforme informação de Marcos 10:46, o outro de nome não mencionado. Ao contrário da multidão que os repreendia, Jesus parou, chamou-os e perguntou-lhes: “Que quereis que vos faça?” (Mateus 20:32). E movido de íntima compaixão, atendeu-lhes o pedido, tocando-lhes nos olhos para que vissem.

Sua caminhada em direção a Jerusalém continuou.

Chegou a Betfagé, uma aldeia perto de Betânia, que ficava próxima da estrada que ia de Jericó para Jerusalém, situada do outro lado do Monte das Oliveiras, a uns dois quilômetros ao leste de Jerusalém.

A partir dali, tiveram início os acontecimentos da última semana do ministério terreno de Jesus, sendo a entrada em Jerusalém o primeiro deles. Uma entrada que assinalou o cumprimento das profecias de Isaías 62:11 e Zacarias 9:9.

Por isso, Jesus ordenou a dois dos seus discípulos que fossem à aldeia em frente e de lá trouxessem uma jumenta e um jumentinho, que logo seriam encontrados. Se alguém os interrogasse, deveriam responder: “o Senhor os há de mister” (Mateus 21:3). Assentado sobre os animais, Jesus deu entrada em Jerusalém.

A entrada de Jesus em Jerusalém aconteceu de forma triunfal, porém conjugando aspectos de sua soberania com os de sua humildade, conforme predito por Zacarias: “Eis que o teu rei virá a ti, justo e Salvador, pobre, e montado sobre um jumento, sobre um asninho, filho de jumenta” (Zacarias 9:9). O Rei (soberania), pobre, montado num jumento (humildade).

Alguns detalhes deram ao acontecimento a característica triunfal, sendo a aclamação do povo um dos mais marcantes: “Hosana ao Filho de Davi; bendito o que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas” (Mateus 21:9), dizia o povo, enquanto muitos estendiam ramos de árvores pelo caminho, à semelhança do que acontecia na Festa dos Tabernáculos, em que o povo se regozijava e alegrava na presença do Senhor, conforme lemos em Levítico 23:40.

Estando em Jerusalém, Jesus foi ao templo. Templo de Deus, esclarece Mateus, no c. 21, v. 12.

Lá chegando, encontrou os cambistas vendendo e comprando, no templo, e os que vendiam pombas. Jesus os censurou com veemência e os expulsou, citando Isaías 56:7 e Jeremias 7:11: “Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração – mas vós a tendes convertido em covil de ladrões” (Mateus 21: 13).

Logo foram ao seu encontro cegos, coxos, aos quais Ele curou, enquanto os meninos clamavam: “Hosana ao Filho de Davi”, em cumprimento à profecia do Salmo 8:2. Mais uma vez, o Senhor Jesus estava sendo aclamado e exaltado.

Uma ocorrência que muito indignou os principais dos sacerdotes e os escribas, não apenas pela popularidade de Jesus ali evidenciada, mas também pela expressão ‘Filho de Davi’, empregada no louvor que saiu dos lábios das crianças. ‘Filho de Davi’ indicava haver reconhecimento de que Jesus era o Rei Messias prometido.

Aliás, devemos ressaltar que a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém colocou em evidência um contraste que havia entre dois grupos de pessoas ali, conforme podemos observar nos versos 10 e 11.

Diante do alvoroço que a sua chegada causou, havia aqueles que demonstraram não conhecê-Lo ou não estarem reconhecendo a sua identidade, porque perguntavam: “Quem é este?” (v.10). Por outro lado, havia a multidão que sabia responder, em meio ao sentimento de alegria e regozijo, demonstrando saber quem era Ele: “É Jesus, o Profeta de Nazaré” (v.11).

É Jesus! O Rei Messias e Salvador nosso! Dizemos nós.

Que cada leitor esteja também entre aqueles que, pela fé, conhecem a Jesus e O têm como Salvador pessoal, e conosco possa cantar com júbilo e alegria:

No mundo paz louvor nos céus! Cantava a multidão; Com o clamor dos fariseus Erguiam mais o som.

Como em Jerusalém, Hei de clamar, hei de clamar: Bendito o Rei, que do alto vem, Que vem do céu as trevas dissipar.

Do grande Rei, Jesus Senhor, Sim, tais palavras são: Se algum dos crentes se calar, As pedras clamarão.

Bendito Rei, nós, servos teus, Como em Jerusalém. Sem atender aos fariseus, Louvamos-Te também.

(João C. da Costa) Hino 57 do Cantor Cristão

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