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CARTA AOS FILIPENSES: a Carta da Alegria! (Parte 1)

Quando Paulo escreveu aos Romanos ele finalizou a sua carta com um pedido: que os irmãos orassem a seu favor “a fim de que, pela vontade de Deus, chegue a vós com alegria, e possa recrear-se convosco” (Rm 15.32). A oração foi ouvida, pois três ou quatro anos mais tarde Paulo chegou a Roma, preso é verdade, e, ao encontrar-se com os irmãos da metrópole, o seu coração transbordava de alegria. Perto do fim da sua prisão em Roma escreveu aos filipenses, e com justa razão essa carta é chamada de “A Epístola da Alegria”! Nada menos que dez vezes é que a palavra, em forma de substantivo ou de verbo, aparece na Epístola, e a carta só é de apenas quatro capítulos curtos!

E, humanamente falando, as circunstâncias em que Paulo escreveu essa carta exigiam que ele fosse triste, acabrunhado, sim, até cheio de ódio e de amargor. Vejamos as circunstâncias quando escreveu aos filipenses. Há quatro anos tinha estado preso e isso injustamente. As maiores autoridades que o examinaram declararam que Paulo nada fizera que merecia prisão ou morte.

“... achei que o acusavam de algumas questões da sua lei; mas que nenhum crime havia nele digno de morte ou prisão” (At. 23.29), escreveu Cláudio Lísias a Festo. “Este homem nada fez digno de morte ou de prisões” (At. 26.31, disse Agripa e Festo em conversa. “Este homem bem podia ser solto, se não tivesse apelado para César” (At. 26.32), finalizou Agripa Sua prisão, portanto, era injusta, e as acusações contra ele, feitas pelos seus próprios patrícios, os judeus, eram falsas.

E, na prisão em Roma, vinte e quatro horas1 por dia, Paulo sofria a humilhação de estar acorrentado ao soldado romano que lhe servia de guarda. E, como se tudo isso não fosse o suficiente de sofrimento, Paulo era caluniado por certos ‘crentes’ em Roma, gente que aspirava a liderança na comunidade cristã. Esses homens inescrupulosos viam na prisão de Paulo uma oportunidade de desprestigiá-lo em proveito próprio. Paulo escreve: “Verdade é que também alguns pregam a Cristo por inveja e porfia, mas outros, de boa mente. Estes, por amor, sabendo que fui posto para defesa do evangelho. Aqueles, contudo, anunciam a Cristo por contenda, não sinceramente, julgando suscitar aflição às minhas cadeias” (1.15-17). Ainda mais, Paulo deveria sentir-se frustrado: as igrejas que ele fundara estavam sem os seus cuidados pastorais; os seus planos para uma vasta campanha missionária que o levaria até a Espanha, estavam parados. E, além de tudo, Paulo estava na véspera de comparecer perante Nero, o imperador, e, embora inocente, bem poderia ser condenado à morte.

Preso injustamente, caluniado por inimigos gratuitos, seus planos frustrados, a sua vida em perigo – tudo isso deveria fazer com que Paulo fosse magoado, revoltado, vingativo, e com a vida totalmente amargurada. Mas, longe disso, ele declara em verdadeira euforia de alma: “Mas que importa? contanto que Cristo, de qualquer modo, seja anunciado, ou por pretexto ou de verdade, nisto me regozijo, sim, e me regozijarei” (1.18).

Logo se vê, a verdadeira alegria não depende de circunstâncias. Qual o segredo então? “Alegrai-vos sempre no Senhor” (4.4). O segredo de uma vida contínua de alegria está “em Cristo”. Cristo está em mim, e a minha vida está escondida com Cristo em Deus: que importa que a tempestade ruja em torno de mim? No Senhor sempre me alegro e sempre me alegrarei. O fruto do Espírito é alegria, e alegria vem em segundo lugar, logo depois do fruto por excelência, o amor. Para mim que sou crente, a alegria não é anormal, mas perfeitamente normal em todas e quaisquer circunstâncias, pois, a alegria é fruto do Espírito.

(continua)

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