Em nosso último estudo, ouvimos a declaração solene e profunda de Jesus: não julgueis para que não sejais julgados. Esta recomendação, bem como as demais registradas no Sermão da Montanha, somente poderá ser seguida pela pessoa que conta com a graça de Deus, concedida por intermédio de Jesus Cristo. Sim, leitor, se alguém resolver procurar os valores do Reino de Deus, vai precisar, primeiro, ter um encontro pessoal com Jesus Cristo, o Filho de Deus que morreu por nós na cruz do Calvário.
O texto que hoje estamos estudando, registrado no capítulo 7 do Evangelho de Mateus, a partir do versículo 7, fala sobre a oração e respondem aos problemas que o crente possa ter à vista das instruções sobre o julgamento, que Jesus acabara de dar aos ouvintes. A necessidade de se discernir acertadamente entre cães e porcos, quando estiver fugindo à trave do olho, exige sabedoria do alto e por esta razão Jesus incentivou os seus seguidores a pedir, buscar e bater para que todas as dificuldades a esse respeito fossem supridas por provisão divina.
Os três imperativos estão em ordem crescente e suas formas contínuas sugerem, além de perseverança, oração frequente por toda e qualquer necessidade que possamos ter. A ênfase nesses imperativos é interativa, ou seja, o discípulo nunca deve cansar-se de pedir, buscar e bater à porta. Deve ser persistente na apresentação dos seus pedidos ao trono da graça, para que tenha as suas orações respondidas, diz o nosso Salvador e Senhor.
Enquanto estudamos este lindo texto bíblico, com certeza o amado leitor está-se recordando das inúmeras vezes em que recorreu a esses ensinamentos do Mestre para alimentar a sua fé, na busca incessante de respostas. Sim, é-nos familiar a orientação de Jesus, e, se colocada em prática, descobriremos tesouros infindáveis em nossa caminhada de fé. Vale a pena tentar, meu amigo. Realmente é uma bênção apresentar a Deus as necessidades da vida, esperando nEle e ouvindo-Lhe a voz.
O Professor de Novo Testamento, em uma Universidade em Kentucky, nos Estados Unidos, Dr. Frank Stagg, pronuncia-se de forma clara e edificante a respeito das palavras de Jesus, dizendo: pedi, buscai e batei significa primariamente uma predisposição para Deus, para sua instrução, orientação ou dádivas. Isto não quer dizer que a pessoa obtém o que deseja simplesmente orando por ela. Jesus orou três vezes pela possibilidade de remoção do cálice que o esperava. Ele não exigiu sua remoção e não foi atendido com relação a essa remoção. Mas, sabemos que Jesus recebeu forças para bebê-lo. Assim, continua Dr. Frank, pode ser que a pessoa não receba o que pede, não encontre o que busca e a porta onde esteja batendo não se abra, mas a certeza é que, onde houver busca, haverá encontro; onde houver batidas insistentes, Deus abrirá uma porta. E enxergar essa porta que Deus abre, deve ser o nosso desejo enquanto oramos.
A esta altura e porque muito oportuno, convém registrar, também, o comentário que o Pastor Jonas Celestino Ribeiro registrou a respeito do fato de que pedir, buscar e obter são ações daquele que acredita que suas orações serão respondidas.
Fazemos este destaque, a fim de ajudar a muitos e possibilitar melhor reflexão a respeito da forma como nos dirigimos ao Pai e Senhor, em oração.
Vamos conferir o que o referido pastor escreveu: muitos ensinam que a oração tem que ser com fé. Concordamos plenamente! Mas é preciso alertar contra os exageros que têm sido praticados por alguns na oração. Muitos praticam certo tipo de oração que coloca a fé acima de Deus e se sentem no direito de dar ordens a Deus do tipo : eu ordeno”ou “eu declaro”.
Orar, continua o autor, e pedir que Deus faça a sua vontade na vida da pessoa doente requer mais fé que repreender a doença. Quando pedimos que se cumpra a vontade de Deus, nos submetemos a ela e aguardamos com fé que Deus responda. Quem repreende ou declara alguém curado, só espera resposta sim. Se não vier, ficará envergonhado e deixará a pessoa doente em situação mais difícil ainda, assim como todos aqueles que estão relacionados com a pessoa. Meditemos, portanto, a respeito deste assunto.
Assim, meu leitor, Jesus queria, ao nos dar esse ensinamento, fazer com que aprendêssemos a confiar sempre em Deus e a depender dEle para a solução dos nossos problemas e para o atendimento aos pedidos que fazemos.
Jesus continua o seu discurso, recomendando aos ouvintes que observassem a regra áurea, mostrando que devemos tratar os outros como gostaríamos de ser tratados. Na verdade, não era este um ensinamento novo. Havia, já naqueles dias, a fórmula apresentada pelo judaísmo, ensinada pelo rabino Hillel, escrita de forma negativa: tudo quanto não queres que te façam, não faças a outrem. Jesus retira, como de praxe, a ideia negativa e aponta para um ideal positivo e atraente: tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a lei e os profetas. Mateus 7:12. Essas palavras, que resumem toda a lei e os profetas, são reafirmação da segunda tábua da Lei e repousam sobre a primeira, pois o relacionamento do homem com Deus sempre será a base do seu relacionamento com o próximo.
Este ideal preconizado por Jesus, assim como todas as demais orientações que temos estudado, é muito elevado, concordamos todos. A regra áurea pressupõe discipulado, ou submissão ao governo de Deus. Não é, portanto, uma regra que possa ser observada por qualquer pessoa. Alguém que tenha a mente doentia e corrompida por valores maus, pode aplicá-la de forma a prejudicar o próximo, a partir da disseminação dos princípios deturpados. O que Jesus estava desejando enfatizar, no entanto, é que a pessoa deveria preocupar-se com o bem dos outros, tanto quanto com o seu próprio bem.
Agir assim requer compromisso com Cristo, e o discípulo obediente deve estar preparado para percorrer o estreito caminho da entrega pessoal e da renúncia de si mesmo, seguindo, desta forma, os passos do próprio Jesus, que abriu mão da sua própria vida, para que pudéssemos alcançar o caminho da vida eterna com Deus. Que estejamos dispostos a imitar-lhe o exemplo, é a nossa oração.