COMO EXPERIMENTAR A VITÓRIA ESPIRITUAL (1 Jo 4 e 5)
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COMO EXPERIMENTAR A VITÓRIA ESPIRITUAL (1 Jo 4 e 5)

A vitória espiritual é algo que deve ocupar a nossa atenção. Curiosamente, porque a Bíblia nos assegura que temos a salvação por meio de Jesus Cristo, pode ser que confundamos as coisas e não nos preocupemos com a qualidade da vida espiritual e do relacionamento com Deus.


O autor de epístola que estamos estudando quis alertar os crentes sobre a atenção que devemos ter para manter saudável a vida cristã, só assim capaz de produzir frutos abundantes para o Reino de Deus. Nos capítulos finais, o autor destaca a importância do discernimento espiritual, da consciência do que o novo nascimento representa e convoca seus leitores a levarem a sério o envolvimento com o Senhor Jesus Cristo. Para fins didáticos, vamos dividir o tema em alguns pontos principais.


1. O Espírito da Verdade e o Espírito do Erro (4.1-6). Para o cultivo da saúde espiritual, que levará à vitória, o crente precisa aprender a discernir aquilo que vem de Deus e o que dEle não se originou: “Amados, não creiais a todo espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque muitos falsos profetas se têm levantado no mundo”. (4.1). Stott, ao comentar este ponto, destacou que “há urgente necessidade de discernimento entre os cristãos. Fenômenos sobrenaturais, tais como ‘profecia’e ‘línguas’ fascinam”. Findlay acrescenta: “identificar o sobrenatural com o divino é um erro perigoso”.


2. O amor: amemo-nos uns aos outros. (4.7-12). Este é um tema inesgotável e muito recorrente nos escritos joaninos. O termo, traduzido por amor, que é usado aqui, é desafiador. Não temos a ideia de fraternidade entre irmãos (phileo), mas agapao, que é da família de agape, o amor que tem Deus como autor, ou melhor, “o amor da espécie de Deus”, diz Drummond. O amor que o autor ordena que haja entre nós denota um sentimento por escolha. Você e eu escolhemos amar, porque desejamos obedecer ao mandamento de Jesus. Amar como Jesus ordenou é amar da maneira que Deus, nosso Pai, nos ama.


O autor afirma que todo aquele que ama é nascido de Deus (7). Todo aquele que não ama, não conhece a Deus (8). O amor é da própria essência e caráter do cristão, visto que Deus é amor. Quando falamos assim estamos afirmando algo diferente do que se disséssemos “o amor é Deus”. O amor, que se manifestou com a vinda do próprio Filho, não foi manifestação esotérica. O Filho de Deus, um da Sua própria espécie, veio em carne e demonstrou quem é o Pai. Deus é amor. Deus não pode ser reduzido a uma força, a uma energia chamada amor. Stott conclui: “Deus é amor. Seus filhos devem ser semelhantes a Ele.”


3. Deus em nós (4.13-16). Para Dodd, esta passagem é o ponto mais alto do pensamento da epístola. A teologia que priva Cristo da Sua divindade, também afasta o Deus da glória do Seu amor e o homem da única crença que gera nele um perfeito amor, acrescenta Stott. “Enfraquecer a fé é amortecer o amor”, conclui Findlay.


O autor diz que “Ninguém jamais viu a Deus; se nos amamos uns aos outros, Deus está em nós, e em nós é perfeito o seu amor”.(v.12) Perseguir a vitória espiritual, então, é permitir que o perfeito amor do Pai domine as nossas ações. A fé e o amor são as provas e a evidência de que Deus está em nós. Desafiador, não é?


Ainda sobre a importância do amor, o autor caminha um pouco mais no raciocínio e nos lembra que não há lugar para medo no amor. O medo introduz a categoria do castigo. O crente não tem medo de Deus, ele O ama (v.19). E, porque O ama, cumpre o mandamento do amor. Somente a atuação do Espírito Santo em nós pode produzir a vitória neste ponto.


Quando nos aproximamos do capítulo 5, percebemos que o autor se preocupa em fazer uma síntese do que disse e ao mesmo tempo ampliar cada assunto. Stott identifica que, ao descrever o novo nascimento (1-5), forma-se um círculo, formado por afirmações que podem ser assim resumidas: Os crentes cristãos são filhos de Deus, nascidos de cima. Os filhos de Deus são amados por todos os que amam a Deus. Os que amam a Deus guardam também os Seus mandamentos. Guardam os Seus mandamentos porque vencem o mundo. Vencem o mundo porque são crentes nascidos de cima.


Esse novo nascimento tem três testemunhas (6-9): água, sangue e Espírito: “porque três são os que testemunham: O Espírito, a água e o sangue, e os três tendem ao mesmo fim”. Esse testemunho produz resultados: nos ensinam sobre a vida eterna que não é um prêmio, mas é uma dádiva que não merecemos. Essa vida eterna se acha em Cristo. Jesus veio para que possamos ter vida. Falamos de uma vida eterna que começa agora, no momento em que o Filho de Deus passa a morar em nós.


Vamos conferir: “Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho; quem a Deus não crê mentiroso o fez, porquanto não creu no testemunho que Deus de seu Filho deu. E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida.”. (1Jo 5.10-12).


O testemunho é para que tenhamos confiança e possamos perseguir a vitória espiritual. O autor deseja que seus leitores ouçam, ouvindo creiam, crendo vivam e vivendo saibam. Saibam que têm a vida eterna.


Precisamos concluir e lamentamos, pois ainda há muito a dizer sobre essa aula para enfrentar a vitória. Importante, então, para este momento é dizer que o autor conclui sua carta apregoando três afirmações que devem ser nossas, dia após dia. São elas:


1ª. Afirmação: sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado. A Bíblia de Jerusalém traduz o versículo 18 da seguinte forma: “nós sabemos que todo aquele que nasceu de Deus não peca; o Gerado por Deus o guarda, e o Maligno não o pode atingir”.


2ª. afirmação: sabemos que somos de Deus e que o mundo jaz no maligno. João não diz que o mundo é do maligno, mas que está no maligno.


3ª. afirmação: sabemos que o Filho de Deus é vindo. Esta é a afirmação fundamental que destrói a teologia dos hereges.


O crente que vence espiritualmente é aquele que afirma com toda segurança que o Filho de Deus veio em carne e que pagou o preço para a salvação de cada pessoa que nele crer.


Apoio Bibliográfico:

  1. GRUNZWEIF, Fritz et all. Cartas de Tiago, Pedro, João e Judas. Comentário Esperança. Curitiba: Paraná – Editora Evangélica Esperança, 2008.

  2. DRUMMOND, R.J., MORRIS, Leon. O Novo Comentário da Bíblia – vol. II. São Paulo: Vida Nova. Reimpresso em 1987.

  3. STOTT, John R. W. I.II, III João – Introdução e Comentário. Série Cultura Bíblica. SP: Mundo Cristão. 1985

  4. McDOWELL, Edward A.. Comentário Broadman. Volume 12. Rio de Janeiro: JUERP. 1987

  5. CARSON D. A. Comentário Bíblico Vida Nova. São Paulo: Vida Nova. 2009.

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