ESTUDO DAS CARTAS PAULINAS: DUAS SAUDAÇÕES
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ESTUDO DAS CARTAS PAULINAS: DUAS SAUDAÇÕES

1 Coríntios 1 e 2 Coríntios 1


Apreciação da “Primeira e Segunda Cartas aos Coríntios”


Introdução:


Na linguagem escrita nos blindamos o quanto possível! Ainda assim, uma carta expressa literalmente muito do que somos. As epístolas de Paulo não são diferentes. Revelam uma vida inteligente e coerente, ecoando e articulando-se nos primórdios da igreja, agindo em consonância com o evangelho, testemunhando do amor que pregava. Em todas as cartas paulinas, identificamos o pulsar de um coração saudável, buscando vigorosamente oxigenar as mentes esclerosadas dos que se desviavam do Caminho. Observa-se a diligência legítima em zelar pela saúde do rebanho de Deus. Acentua-se a gravidade das preocupações do apóstolo com a recém-organizada igreja de Jesus Cristo que se estabelecera numa cidade que era um grande centro comercial, mas também um espaço onde a devassidão e a miséria humanas eram obstáculos constantes a serem superados pela magnitude da pregação da cruz.


Para entender melhor qualquer escrito, é preciso conhecer as circunstâncias que o motivaram. Toda leitura consensual começa na contextualização, porém se dispõe a ir ao exame das entrelinhas. Empreenderemos todo esforço para conquistar aquela (a contextualização), sem negligenciar este, ou seja, o exame das entrelinhas. A estrutura formal de uma carta será o nosso ponto de partida. Assim temos, conforme a apreciação feita por William Barclay das cartas paulinas:


1- A saudação: Rm 1.1; I Co 1.1; II Co 1.1; Gl 1.1; Ef 1.1; Fl 1.1; Cl 1.1; I Ts 1.1; II Ts 1. 1.

2- A Oração: Sempre vemos Paulo rogando a graça de Deus para os destinatários de sua cartas. Vemos em: Rm1.7; I Co 1.3; II Co 1.2; Gl 1.3; Ef 1.2; Fl 1.3; Cl 1.2; I Ts 1.3; II Ts 1.3.

3- O Agradecimento: Rm 1.8; I Co 1.4; II Co 1.3; Ef 1.3; Fl 1.3; I Ts 1.3; IITs 1.2.

4- O Conteúdo Especial: O assunto principal da carta.

5- As recomendações Finais: Rm 16; I Co 16.19; II Co 13.13; Fl 4.21, 22; Cl 4.12-15; I Ts5.26.


As cartas paulinas não são, a rigor, estudos sistemáticos ou exposições teológicas, porém, nisto se tornam, posto que inspiradas pelo Espírito Santo. Expressam a preocupação legítima, ou melhor, graciosa de um amigo para os seus amigos, com os quais se preocupa verdadeiramente. Buscam atender a um problema específico de uma igreja que estava perdendo a visão. Demonstram que situações catastróficas podem ser superadas pelo poder do evangelho de Cristo.


Temos consciência de que estes e outros tantos assuntos dessas cartas são desafios aos crentes de hoje. O exame das Escrituras dará condições à igreja hodierna para enfrentar e superar todas as dificuldades. Que possamos abstrair da Palavra, sob a estrita orientação do Espírito Santo, os benefícios para as nossas vidas e para a igreja atual nestes dias conturbados!


DUAS SAUDAÇÕES


“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, Pai das misericórdias e Deus de toda a consolação, que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também sejamos capazes de consolar os que passam por alguma tribulação, por meio da consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus.

Introdução:


Precisamos entender que as cartas paulinas aos coríntios só foram compiladas, no ano 90 d.C., visto que todo o material de que se dispunha estava em diversos papiros.


Houve um extraordinário esforço em reuni-los, implicando em algumas dificuldades que, se não comprometeram o conteúdo da mensagem, causaram alguns embaraços para explicar a própria cronologia das cartas. Se Paulo admite, no que se conhece como primeira carta, capítulo 5, verso 9, que já houvera escrito outra carta, parece-nos claro que não há como precisar o conteúdo de cada carta, bem como o tempo em que foram escritas. Ficamos cientes (capítulo 7, da primeira carta, verso primeiro) que a igreja de Corinto se correspondia com o apóstolo. A crítica abalizada aponta nunca antes de 50 a.D. e não mais tardias do que o ano 57 a.D., como o período mais provável para a redação de ambas. É bom ressaltar que, certamente, o espaço de meses transcorre entre três ou quatro cartas. Não vamos nos alongar na discussão do assunto, por entender que tudo, que precisava ser mantido como Escritura Sagrada, está preservado e merece toda a nossa confiança. Além disso, temos constatado que, invariavelmente, os debates sobre essas questões trazem sempre mais calor do que luz.


Saudações positivas ao povo de Deus:


Ambas as cartas são endereçadas à igreja de Deus em Corinto. Os crentes são considerados santificados por Cristo Jesus. A despeito de todas as complicações vivenciadas por aquela comunidade eclesiástica, Paulo derrama-se em amor, saudando-os como santos. Observemos que as recomendações não são exclusivas aos crentes de Corinto, porém”a todos os que em toda parte invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso” (ICo 1, verso 3bc). Na segunda carta, vemos a abrangência a todos os crentes da Acaia ( II Co 1.1)., que são igualmente tratados de santos e capacitados por Deus para o exercício pleno do ministério cristão.

Sem ser polêmico, seria muito bom que também algumas igrejas abandonassem a presunção de dizerem que Jesus Cristo é Senhor exclusivo seu e compreendessem a multiforme graça de Deus.


Observações Negativas ao povo de Deus:


Observando as divisões que se acentuavam na igreja de Corinto, Paulo os repreende, na sua primeira carta, para que tenham um mesmo sentimento em Cristo, um mesmo pensamento e um mesmo parecer.


Menciona que fora informado das facções que estavam constituídas em torno de líderes: Paulo, Cefas (Pedro) e Apolo. Havendo um grupo que se dizia de Cristo. Não temos dúvidas em afirmar que toda a divisão na igreja é de inspiração maligna, motivada pela vaidade e pela inveja, refletindo o baixo nível espiritual daqueles crentes sobre o que Paulo vai falar-lhes, visando à união, procurando com insistência o crescimento daqueles irmãos.

Os que se orgulham, julgando-se mais de Cristo, são os que menos conhecem da humildade e do real serviço cristão. Na segunda carta, motivado pela insensibilidade de muitos daqueles crentes que desprezavam a sua pessoa e o seu apostolado, o apóstolo denunciará com extrema franqueza a opulência que demonstravam. Crentes orgulhosos que precisavam ser lembrados do quanto haviam e estavam negligenciando no cuidado dos crentes e também para com os apóstolos. Paulo os exorta, estando angustiado e triste, desejando despertar neles a consolação. Quem não sente a dor dos outros, jamais poderá buscar uma expressão de conforto. Nunca será capaz de consolar, porque seu coração está seco.


Conclusão:


Paulo se dirige aos crentes coríntios, na sua primeira carta, entristecido pela vaidade que os mantinha orgulhosos e desunidos. Conclama-os à comunhão em Cristo, pedindo para que sejam irrepreensíveis até o dia do Senhor.


Saudando-os, na sua segunda carta, as ações de graça transbordam pelas bênçãos recebidas. Mesmo diante de tanta tribulação e sofrimento, há consolação indizível divina que o permite louvar ao Senhor, a despeito de tantas adversidades. Apesar de os crentes coríntios serem tão problemáticos (tão fora dos padrões que elegemos ideais e desejados), vemos o apóstolo os tratando como crentes, ainda que carnais, que precisavam progressivamente ir compreendendo a dimensão infinita da graça de Deus.

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