(O prof. Riolando atuou em nossos programas e nos deixou um farto material escrito, fruto da sua dedicação integral ao Senhor, com quem já está.)
CAPÍTULO 1(continuação)
Dando continuidade ao nosso estudo da carta aos Efésios vamos ler no capítulo 1, os versos de 15 a 23:
A oração do apóstolo Paulo registrada nesse parágrafo exprime o ardente desejo de Deus de que seus filhos recebam espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento d'Ele. Entendemos isto porque trata-se de uma oração inspirada pelo Espírito Santo.
O que é o pleno conhecimento de Deus? É um conhecimento muito elevado, que o homem, por si só, não pode alcançar. Mas Deus pode capacitá-lo com a sabedoria necessária para compreender o propósito divino e pode mostrar-lhe estas cousas por revelação do Espírito Santo. Sem a operação do Espírito, isto não é possível. Na 1° Carta aos Coríntios, capítulo 2, versos 8 a 10, Paulo escreve a respeito da sabedoria que vem de Deus, dizendo: “sabedoria essa que nenhum dos poderosos deste século conheceu, como está escrito: Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam. Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as cousas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus”.
A incessante busca de Deus e a íntima comunhão com Cristo são importantíssimas para este conhecimento. Basta ver o exemplo de Paulo, que tinha uma real experiência de vida com Eles.
Há três realidades espirituais apontadas nesta intercessão do apóstolo, que Deus quer que nós conheçamos. Mas para isto é necessário que o Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da Glória, ilumine os olhos do nosso coração. Em outras palavras, é necessário que Ele ilumine os nossos olhos espirituais ou seja, o nosso espírito, a nossa mente e o nosso coração para estarmos preparados para receber tal conhecimento.
Quais são estas realidades que precisamos saber?
A primeira é: “A esperança do seu chamamento”.
Há várias passagens que falam dessa esperança. Em 2° Tessalonicenses 2:13-14 Paulo esclarece que fomos escolhidos para a salvação pela santificação do Espírito e fé na verdade, e para isto também fomos chamados por meio do evangelho, para alcançar a glória de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Em Tito 2:11-13, depois de falar da nossa salvação pela graça, ele continua informando que Deus nos educa para vivermos de maneira sensata, justa e piedosa, enquanto aguardamos a bendita esperança e a manifestação da glória do Nosso Grande Deus e Salvador Cristo Jesus.
O apóstolo João, em sua 1° Carta, capítulo 3, versos 2 e 3 esclarece que ainda não se manifestou aos filhos de Deus, o que havemos de ser, mas quando ele se manifestar seremos semelhantes a Ele, porque havemos de vê-lo como Ele é. Quem tem essa esperança purifica-se a si mesmo para ser puro como Ele.
Então qual é a esperança que temos desse chamamento de Deus? Evidentemente é sermos glorificados com Cristo, quando Ele voltar. Colossenses 3:4 diz exatamente isto: “Quando Cristo que é a nossa vida se manifestar, então vós também sereis manifestados com Ele, em glória”. É claro que não receberemos toda a glória que ele tem, pois seremos apenas semelhantes a Ele, mas Deus compartilhará conosco uma parcela da sua glória.
Naquele dia compreenderemos muitas cousas que hoje que não compreendemos, teremos atributos e capacidade que hoje não temos e também teremos consciência de quem Ele realmente é e de tudo o que Ele fez para nos salvar. Assim, poderemos adorá-lo na beleza da sua santidade.
Mas quando chegar aquele dia, muitas cousas ainda devem acontecer. Em Romanos 8:15-25 a Palavra nos promete que a nossa glória superará em muito os sofrimentos que suportamos por Cristo no tempo presente; a própria criação, que geme por causa das consequências do pecado, espera ardentemente a revelação dos filhos de Deus, quando então ela será libertada do cativeiro da corrupção e participará da liberdade da glória dos filhos de Deus. Nós mesmos que já temos o penhor do Espírito Santo, ansiamos por receber o nosso corpo de glória, incorruptível, até que se concretize a nossa adoção de filhos. Afinal, nós fomos salvos na esperança e, com paciência, devemos aguardar a consumação de tudo.
A segunda realidade contida na intercessão do apóstolo e que precisamos saber é: “A riqueza da glória da sua herança nos santos”.
Assim como Israel foi liberto da escravidão do Egito e tornou-se propriedade de Deus, ou sua herança, como afirma Deuteronômio 9:21, assim também nós fomos libertos da escravidão do pecado e nos tornamos herança de Deus. Libertos pelo sangue de Cristo, e também comprados pelo preço do seu sangue, somos agora propriedade de Deus por direito de compra.
Em contrapartida, pelo conceito de aliança, Ele nos dá o direito de recebermos herança d'Ele. Isto se deu da seguinte maneira: Aquele que nos comprou foi ressuscitado, exaltado e entronizado nos céus, recebendo do Pai da Glória um prêmio valiosíssimo, pela obra realizada. Este prêmio é o Espírito Santo que Ele derramou sobre a igreja com toda a riqueza da sua glória.
Agora , então, com espírito de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento de Deus, podemos ver com olhos espirituais a riqueza da glória da sua herança nos santos. Em outras palavras, a riqueza da sua glória na igreja. O motivo pelo qual Cristo se entregou por ela está declarado em Efésios 5:27 “...para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem cousa alguma semelhante, porém santa e sem defeito”.
Em 1° Coríntios 1:4-9 Paulo mostra como aquela igreja foi enriquecida pela graça de Deus que lhe foi concedida em Cristo Jesus. E quando falamos de “graça” devemos sempre nos lembrar do Espírito Santo e da capacitação que ele proporciona para o desempenho do serviço dos santos. No verso 5 o apóstolo esclarece que a igreja foi enriquecida em toda palavra e em todo o conhecimento. Os versos 6 e 7 falam como Cristo dava testemunho de estar presente entre eles por meio de todos os dons do Espírito Santo que ali operavam, enquanto eles aguardavam a volta do Senhor Jesus. O verso 8 contém a rica promessa de que a igreja seria fortalecida até o fim para ser irrepreensível no dia de Cristo. E o verso 9 revela o valor da gloriosa comunhão com o Filho de Deus, para a qual eles foram chamados.
Não devemos perder de vista o fato de que o chamamento de Deus tem um propósito especial e muito bem definido de transformar-nos na imagem do seu próprio Filho. Em Romanos 8:29 Ele é colocado como o nosso modelo de caráter, por ser Ele o primogênito entre muitos irmãos. Para isto fomos de antemão chamados, conhecidos, predestinados e justificados com vistas à nossa glorificação final. Este é o objetivo do Eterno Propósito Divino de Redenção.
Pensando na aplicação prática da riqueza da glória de Deus em Efésios 3:14-21 Paulo intercede pela igreja para que cada membro seja fortalecido poderosamente no seu interior pelo Espírito, a fim de que Cristo habite em cada um pela fé. Mas a ênfase recai sobre o amor que é a base de todo o relacionamento entre os santos. Só assim se pode conhecer a total extensão do amor que levou Cristo a realizar o Propósito de Deus e, só assim, podemos também ser totalmente tomados por Deus.
Desta maneira é glorificado eternamente na igreja e em Cristo o Deus que faz infinitamente mais do que tudo o que ela possa pedir e pensar, porque é o Seu poder que está em ação nela.
Os ministérios da igreja, que são dons de Cristo citados em Efésios 4:7-11, têm tudo a ver com a riqueza da glória de Deus. A importância dos ministros no preparo dos santos para o desempenho dos seu serviços e edificação do corpo de Cristo pode ser observada ao longo da história da igreja, no caráter cristão de seus membros. A criação de escolas, colégios, universidades, hospitais, sociedades filantrópicas e leis que protegem trabalhadores, pobres e mulheres no mundo ocidental é devida em grande parte a cidadãos e a parlamentares cristãos que trabalharam para isso no decorrer dos séculos. Tudo isto é reflexo da glória de Deus na igreja. Acima de tudo, porém, está a obra missionária realizada pelos discípulos de Cristo ao longo da história do cristianismo, levando a salvação para todos os cantos da Terra. (continua)
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