O Apocalipse: "A revelação final” (Apocalipse 22)

Caros leitores, encerramos, com este estudo, a jornada pelo livro do Apocalipse. Creio que baseado no forte conteúdo simbólico do que aqui tentamos ver, dizer que estamos encerrando a jornada pelo Apocalipse deve também ser simbólico. Jamais a encerraremos, pelo menos não enquanto nesta vida.

Sinceramente o desejo é que esta série seja apenas o início de uma caminhada muito mais longa e mais séria pelo ultimo livro da Bíblia. Gostaria que tudo o que aqui foi lembrado funcione para o despertar de um interesse mais compromissado com o texto de João; que tenhamos apenas sentido que precisamos mais; que precisamos ver mais; que precisamos meditar mais; que precisamos nos esforçar em penetrar na essência do que o livro da Revelação nos quer mostrar.

Se este é o sentimento que ao fim prevalece, estamos na direção certa e devemos suplicar pelo auxílio do espírito da verdade, conforme a promessa de Jesus: “Mas quando o Espírito da verdade vier, ele os guiará em toda a verdade. Não falará de si mesmo, falará apenas o que ouvir, e lhes anunciará o que está por vir.”(Jo.16.13).

Como sumário e recapitulação, vamos listar as verdades mais essenciais que pudemos perceber ao longo da leitura desse relato:

A primazia de Cristo. Rejeitado pelos homens quando aqui viveu, combatido pelo dragão e suas bestas em todas as formas, ao fim Cristo prevalecerá. A vitória final será dele e ele reinará para sempre.

A transcendência de Deus. Não podemos alcançar o completo entendimento de Deus, do que ele é, de sua aparência e de sua atuação. Resta-nos colocar sob a sua soberania e contemplar a glória e a majestade daquele que está assentado no trono.

A importância da adoração. A adoração é o acontecimento mais comum dos céus e o relato mais comum do Apocalipse e a ele somos convocados.

A verdadeira Igreja. Apocalipse nos ajuda a perceber o que é a verdadeira igreja. O livro deve ser o nosso Manual de eclesiologia.

A persistência na verdade e no seu testemunho. Esta é a constante advertência e incentivo para nós. A verdade vale mais que a vida. Somente os que não se sujeitarem ao sinal da besta, ao pai da mentira é que poderão participar da plenitude do que o Apocalipse antecipa.

É importante também adicionar alguns temas sobre os quais podemos aprender muito nesse livro, mas nos quais não conseguimos nos deter para uma maior análise: o Espírito Santo, os anjos e a oração são alguns deles.

Á luz desses destaques, devemos delinear algumas atitudes que o estudo de Apocalipse deve nos levar a reconsiderar:

Devemos aprimorar a nossa visão do mundo e da incompatibilidade entre o reino do mundo e o Reino de Cristo. Ler Revelação deve aguçar nosso senso crítico, nossa avaliação a respeito do que de fato significa ser fiel; o que é a igreja verdadeira e o que é tão somente expressão da besta ou do falso profeta. Devemos deixar de nos surpreender em como o sistema social do mundo pode manipular política, ideologia, crenças e economia com o objetivo único de arregimentar adoradores fieis de si.

Devemos, igualmente, ganhar um novo sentido para a oração do Pai Nosso. Não é apenas uma questão de tê-la com mais frequência e significado em nossa devoção, mas perceber que ela tem tudo a ver com o Apocalipse:

“Pai nosso que estás nos céus! Santificado seja o teu nome. Venha a nós o teu reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como nós céus. Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia. Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores. E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal, porque teu é o Reino, o poder e a glória para sempre, Amém.”(Mt. 6.9-13). Orar o Pai Nosso é cantar o Apocalipse. Ler e meditar no Apocalipse é orar o Pai Nosso.

E também devemos nos juntar ao apelo final do livro, encontrado no capítulo vinte e dois, que é o texto básico para hoje. “Eis que venho em breve! Feliz é aquele que guarda as palavras da profecia deste livro.”(v.7).

“Felizes os que lavam as suas vestes, e assim têm direito à arvore da vida e podem entrar na cidade pelas portas.”(v.14).

A urgência e a insistente repetição de ‘em breve’ e ‘sem demora’ ao longo da mensagem do Apocalipse tem sido erradamente interpretado. Para alguns, a interpretação equivocada leva a uma expectativa de impaciência, de ansiedade exacerbada, julgando que o fim está às portas, tão próximo que deve ser incluído na agenda pessoal. Estes passam a ver o Apocalipse se materializando em cada nova crise mundial e em cada poder maligno novo que chega às manchetes. Leem as catástrofes e desastres do nosso cotidiano procurando o lugar do Apocalipse onde elas se encaixam.

No outro extremo, estão muitos para quem o ‘em breve’ perdeu sentido, desqualificado pelos dois mil anos decorridos desde que foram pronunciados. Ai então, a mensagem do Apocalipse perde valor, pois nada há nela que tenha significado hoje e todas as forças devem ser direcionadas para construir o futuro da humanidade, pois é este que será o nosso futuro.

A correta leitura do Apocalipse evita esses extremismos. Outro apóstolo, Pedro no caso, teve de enfrentar os mesmos desvirtuamentos de compreensão, e o conselho dele continua válido: “O Senhor não demora em cumprir as suas promessas, como julgam alguns. Ao contrário ele é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento.”(2Pe 3.9).

Agora só restam os agradecimentos pessoais. Deixo o meu muito obrigado de um modo especial para os que acompanharam toda a série. Para estes, o último pedido é que não confiem cegamente no que aqui foi dito; usem estas elaborações apenas como ponto de partida para o seu estudo pessoal do Apocalipse. É apenas o livro da Revelação que deve nos falar.

Aos que acompanharam parcialmente a serie, desejo que sejam persistentes. Persistentes no estudo e compreensão da mensagem desse livro, mas, sobretudo, persistentes na fé em Cristo, até serem vencedores ao fim.

Que Deus nos acompanhe.