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O APOCALIPSE - A visão das taças com as pragas” (Apocalipse 15 e 16)

Agradecemos a Deus pela oportunidade de mais uma vez nos voltarmos à sua palavra, em busca de conforto, esperança e desafio para nós. Continuamos abordando a mensagem do Apocalipse, hoje com o espaço reservado para os capítulos quinze e dezesseis.

 

Estes dois capítulos apresentam a terceira e última das sequencias de flagelos do livro. Depois dos selos e das trombetas, agora é a hora das sete taças. Normalmente, seguindo o estilo descritivo de João, conseguimos identificar uma nova cena que começa a ser relatada, quando as expressões como ‘depois olhei e vi’ ou ‘então ouvi’ ou ‘vi outro’ são empregadas.

 

Se ficarmos na comparação já mencionada da central de operações é como que se João estivesse posicionado à frente de diversos telões e sua atenção vai sendo direcionada para o que se desenrola neles, em sucessivas mudanças de um para outro. O texto de hoje compõe-se de três cenas, que se iniciam no verso um e no verso cinco do cap. 15 e no verso um do cap.16. Todas elas tratam das sete ultimas pragas que completam a ira de Deus.

 

A sequência das taças tem fortes similitudes com a das trombetas: o alvo de cada um dos quatro primeiros flagelos é idêntico, e o alvo humano também está restrito aos “que tinham a marca da besta e adoravam a sua imagem”. Porém, o resultado dos estragos produzidos é claramente progressivo: nos selos eles são quantificados como de um quarto, nas trombetas como de um terço e agora nas taças é total. Adicionalmente, aqui as cenas se sucedem sem interrupção de interlúdios. Talvez os símbolos usados para descrever as três séries nos ajudem a vislumbrar melhor o que elas devem significar: os selos selam os eleitos em meio às provações; as trombetas proclamam com estrondo a última chance de se voltar para a verdade, como o profeta Isaías já prenunciou (Is.18.3); e as taças acumulam a ira de Deus, até o momento em que copiosamente extravasam-se. O tempo dos homens já se encerrou; agora só resta a destruição.

 

A primeira cena é celestial, e como já aprendemos no Apocalipse, ela envolve adoração. Os que venceram a besta participam do coro, agora portando harpas divinais. O louvor é referência ao Cântico de Moisés de Dt 32, enaltecendo as obras e os caminhos de Deus e antecipa a visão de todas as nações adorando ao Senhor. Os que não reconheceram a soberania do Senhor em seus testemunhos vencedores, a reconhecerão pelo sofrimento da ultima intervenção divina. O que nos maravilha, e não nos deve chocar, é que a efetivação da ira de Deus é um ato de adoração.

 

A segunda cena foca na preparação dos anjos portadores das taças.

Diferentemente dos anjos das trombetas, estes são cuidadosamente descritos, talvez para realçar a importância e a solenidade do que saiam para executar. Eles são esplendorosos e refulgentes. Nada neles lembra guerra, tragédia ou morte; eles são os anunciadores finais da glória e do poder de Deus e para tanto estão apropriadamente paramentados.

 

Antes de nos voltarmos para o derramamento das taças, vamos considerar um pouco sobre o amor de Deus. Pode parecer que amor e ira são incompatíveis, mas isso é incorreto. O amor de Deus pelo ser humano está mais que afirmado ao longo de todo o Apocalipse: os fiéis, os amados de Deus são chamados a suportarem um pouco mais de sofrimento, por causa desse amor. Para ampliar a oportunidade de escaparem da danação eterna, o tempo é esticado, para muito além da compreensão humana: “até quando, ó Soberano, santo e verdadeiro, esperarás para julgar os habitantes da terra e vingar o nosso sangue?” (6.10), clamavam os que haviam sido mortos por causa da palavra de Deus e do testemunho que deram. O anuncio profético que João recebeu incumbência de divulgar, o testemunho dos fiéis e as trombetas são evidências adicionais do amor divino, e este amor só se completa sob a prevalência integral da justiça. De igual maneira, o Apocalipse repete que verdade e justiça são inseparáveis e uma só pode existir em conjunto com a outra (15.3; 16.7 e 19.2), e tudo isto aqui se junta.

 

Podemos agora nos concentrar nas taças da ira e seus efeitos terríveis. Por mais forte que sejam esses efeitos, o texto seguidamente enfatiza, eles não conseguiam produzir qualquer reação favorável a Deus nos seres humanos. As tragédias fizeram apenas que o nome de Deus fosse amaldiçoado e blasfemado. 

 

Se a cena primeira do capitulo quinze implica em entender que não mais havia na terra a presença de testemunhas da verdade, vale perguntar se a supressão desse testemunho é que tornava os seres humanos insensíveis e incapazes de perceber o seu erro; ou será que o domínio da besta sobre eles se tornou absoluto, os cegando. Como argumento de trazer alguém ao arrependimento, as sete taças apresentam resultado nulo.

 

E as coisas se complicam mais ainda no sexto selo. A trindade maligna de novo se manifesta em espíritos de demônios semelhantes a rãs, mas com poderes milagrosos e se empenham em arregimentar todos para uma guerra, a guerra prenunciada como a maior de todas, aquilo que sim, deveria ser apropriadamente designada de ‘mãe de todas as guerras’.

 

Nos estudos sobre o Apocalipse a conhecemos como a Guerra do Armagedom, mas, sem antecipar em demasia o que ainda vem, esta é a guerra que nunca houve. Parece que o triunvirato satânico quer fazer uso do conhecido truque do inimigo externo. Como tantas outras vezes na história das nações, quando as coisas se complicam demais para o poder, a alternativa é eleger um inimigo e concitar todos a uma guerra, como que se da vitória dependessem a vida. É a lógica do reino do mundo que pensa poder mais uma vez se prevalecer.

 

A última taça, tal como os últimos anúncios nas sequencias precedentes, proclama o fim: “Está feito!” Em todas as sequências, a sétima parte serve para introduzir o que vem em seguida e o mesmo ocorre aqui. A grande Babilônia também deve tomar o cálice de vinho do furor da ira divina. Somos aqui introduzidos ao último dos contrastes do Apocalipse, o contraste entre a Babilônia, a cidade do mundo e a Nova Jerusalém, a Cidade Santa. A queda da Babilônia será descrita nos capítulos seguintes; por ora os desastres provocados pelo derramamento das sete taças são suficientes.

 

Para terminar, fica aqui o cântico de exaltação a Deus que encontramos na terceira taça: “Tu és justo, tu, o Santo, que és e que eras, porque julgaste estas coisas; pois eles derramaram o sangue dos teus santos e dos teus profetas, e tu lhes deste sangue para beber, como eles merecem”.

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