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O Apocalipse - "A visão das trombetas”. (Apocalipse capítulos 8, 9, 10 e 11)

Caros leitores,  continuamos esta série de estudos sobre o livro do Apocalipse. O texto reservado para hoje compõe-se dos capítulos 8 a 11, que nos apresentam a visão das trombetas. Para facilitar e orientar a discussão, vamos abordar este texto em duas seções: a primeira a respeito das sete trombetas, abrangendo os capítulos oito, nove e a parte final do capítulo onze, a partir do verso quinze.

A segunda seção, cobre o capítulo dez e o início do onze, centrada no tema Testemunho da verdade.

 

As sete trombetas – O capítulo oito inicia apresentando a abertura do último dos selos. Ela é marcada por um interlúdio de silêncio e introduz a segunda série de flagelos: sete anjos e suas trombetas são colocados de prontidão e cada um põe a soar o seu instrumento, desencadeando eventos catastróficos, até a última trombeta, responsável por anunciar o fim.

 

As quatro primeiras trombetas soam em sequência ininterrupta e trazem destruição sobre o mundo físico: a terra, o mar, os rios e fontes e os céus são feridos e o impacto sofrido é a destruição de um terço deles. As duas trombetas seguidas, que são anunciadas antes de tocadas, atingem os seres humanos, primeiro com o tormento e depois com a destruição da guerra. O tormento não mata, embora os homens desejem a morte para escapar dele; a guerra que vem em seguida aniquila um terço dos viventes.

 

Um detalhe de importância nos é apresentado no verso quatro do capítulo nove: os danos das últimas trombetas são seletivos: devem atingir apenas aqueles que não possuem o selo de Deus na testa. À lista dos mistérios inescrutáveis do Apocalipse, adicionamos mais este: os que têm o selo de Deus na testa não sofrerão os danos das trombetas porque já não mais estarão no mundo ou porque de alguma forma milagrosa Deus os poupará?

 

O objetivo da ação dessas trombetas também está claramente enunciado: é a última chance para os sobreviventes abandonarem a sua conduta reprovável, mas eles não aproveitam a oportunidade. Célere, o sétimo anjo toca a sua trombeta anunciando o fim do reino do mundo. Antes dessa sétima trombeta, encontramos uma pausa, e duas cenas são apresentadas.

 

O testemunho da verdade – Os dois eventos entre a sexta e a última trombeta, formam um interlúdio. Em ambas as cenas, João é chamado a participar. Na primeira, apresentada no capítulo dez, João é instado a profetizar a mensagem que recebeu, simbolizada no livrinho que lhe dão para comer. “Não haverá mais demora!”anuncia o anjo. O entendimento dessa cena aponta para a responsabilidade da Igreja – e dos cristãos – de anunciarem a mensagem da verdade enquanto a ultima trombeta não soa.

 

No capítulo onze temos a visão das duas testemunhas. Elas são comissionadas a profetizar por certo tempo e depois são derrotadas e mortas pela besta. Mas, elas voltam à vida para espanto de todos, o que leva muitos a reconhecerem a glória de Deus.

 

Estas duas cenas nos dizem mais que o sentido literal ou mesmo simbólico que podemos encontrar nelas. Elas nos falam da importância do testemunho da verdade.

 

A grande batalha do Apocalipse não é a guerra entre poderes celestiais e poderes infernais, nem entre o Bem e o Mal. A grande guerra do Apocalipse é o confronto entre a Verdade e a Mentira.

 

De um lado, a verdade que emana do trono de Deus, o que é, era e sempre será; de outro lado, a mentira, a falsificação, o engano, a sedução, a dissimulação, a contrafação. É no campo da verdade que as forças do Cordeiro e as forças do mal se confrontam e neste embate, a verdade prevalece pelo testemunho.

 

Testemunho tem tudo a ver com ser fiel, e recorrentemente com exemplos e exortações, ao longo do livro somos chamados a essa realidade: “Seja fiel até a morte e eu lhe darei a coroa da vida.”(2.10); “Contudo, você permanece fiel ao meu nome e não renunciou à sua fé em mim, nem mesmo quando Antipas, minha fiel testemunha, foi morto nessa cidade...”(2.13); no capítulo seis, João descreve a cena do quinto selo: “vi debaixo do altar as almas daqueles que haviam sido mortos por causa da palavra de Deus e do testemunho que deram.”(6.9); e aí temos João chamado a profetizar a verdade que viu e depois, a cena das duas testemunhas.

 

Essa ênfase no testemunhar até a morte fazia muito sentido para os primeiros leitores do Apocalipse. Para eles, a morte era uma possibilidade real, confrontados que estavam pela exigência da adoração ao imperador.

 

O que a mensagem do livro da Revelação reforça é que a verdade vale mais que a vida e o testemunho prevalece mesmo diante da morte. É o que acontece na cena das testemunhas, no capítulo onze: os cadáveres deixados expostos para certificação de que aqueles que testemunhavam foram derrotados, se convertem em si mesmo em testemunho a favor da verdade eterna. A cena nos faz pensar em tantos cristãos que não se dobraram à adoração imperial e continuaram a bradar ‘Cristo é o Senhor’ e por isso perderam suas vidas.

 

O seu testemunho continuou a ecoar em todos que foram despertados a se interrogarem sobre a verdade que é tão forte que vale mais do que a própria vida. O poder romano podia acabar com a vida, mas não com a verdade.

 

No nosso mundo e contexto, não visualizamos uma situação em que a nossa fidelidade a Jesus seja colocada como opção entre morrer ou viver. Mesmo sem tal pressão, no entanto, continuamos convocados a ficar do lado da verdade e, sobretudo, testemunhar a seu respeito. Ser fiel e ficar com a verdade são sinônimos.

 

Há um fio de conexão entre a cena de João e o livrinho com a cena das duas testemunhas. Elas indicam o papel dos santos – dos portadores do selo de Deus – nos eventos que se desenrolam e na guerra que se prenuncia: compete-lhes profetizar, isto é anunciar e também testemunhar a verdade.

 

Também neste ponto Apocalipse não inova. Ele reafirma o que os Evangelhos e o Evangelho de João em particular nos ensinam sobre a verdade.

 

“Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14.6). “E conhecerão a verdade e a verdade os libertará.” (Jo 8.32). “Mas quem pratica a verdade vem para a luz, para que se veja claramente que as suas obras são realizadas por intermédio de Deus.” (Jo 3.21).

 

O chamamento do Apocalipse é a chamada para o testemunho da verdade. Seremos vencedores se permanecermos fiel a ela até o fim. As visões desse livro continuarão a nos alertar nesta direção.

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