Introdução
Lemos no capítulo 5.22-23, da carta de Paulo aos Gálatas uma lista de nove atitudes piedosas que juntas são chamadas de FRUTO (no singular mesmo) do Espírito Santo.
Dr. McArthur diz que essas nove atitudes estão ligadas umas às outras de modo insolúvel. É possível que fazendo uma boa autocrítica você se entristeça por não achar algumas dessas atitudes em você. Se assim acontecer, lembre-se que esse FRUTO do Espírito, será tanto mais evidente, completo e abençoador, quanto maior for a plenitude do Espírito em sua vida.
A ideia é que não há como não ter uma só destas atitudes quando temos o Espírito Santo em plenitude, habitando em nós.
As nove atitudes relacionadas são: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio.
Em nosso texto básico, nos versos 16 a 21, Paulo fala das obras da carne. Imediatamente a seguir fala do fruto do Espírito. Obras da carne identificam o que o homem natural pode produzir. Ao dizer obras da carne parece-nos automático que dissesse a seguir obras do Espírito, mas não disse. Gosto da observação de Donald Guthrie que diz: “a mudança de obras para fruto é importante porque remove a ênfase do esforço humano”. O esforço humano não pode produzir o fruto do Espírito. Também a expressão fruto do Espírito em vez de obras do Espírito, sugere que se fossem obras, o Espírito estaria operando sozinho, mas fruto indica nossa parceria. Até porque o Espírito não produzirá seu fruto em nós sem nossa submissão e renuncia do nosso próprio querer. Observe que fruto é metáfora e como metáfora quer dizer que nenhuma dessas atitudes pode ser isolada e tratada como finalidade em si mesma. O fruto do Espírito tem finalidade abençoadora. É produzido para edificação do crente, da igreja e para produzir resultados espirituais para o reino de Deus.
O mesmo apostolo Paulo usa o termo “fruto” na carta aos Efésios referindo-se ao fruto da luz e em Filipenses diz “fruto” da justiça. Lightfoot classifica essa lista de notáveis atitudes que formam o fruto do Espírito, como hábitos mentais, qualidades sociais e princípios gerais de conduta.
Devo compartilhar com o jovem estudante da Palavra que a palavra “carne” nesse texto não é referência ao corpo. Se assim fosse teríamos que desencarnar para podermos produzir o fruto do Espírito. Dr. Davidson cita Dr. Melanchthon que diz: carne, aqui, é “a natureza inteira do homem. Seu senso e razão, sem o Espírito Santo”. A lista das obras da carne não pretende relacionar todos os pecados do homem sem o Espírito Santo. São mencionados alguns mais evidentes em toda a sociedade. Acrescento ao comentário de Dr. Melanchthon que de igual modo a lista das virtudes que identificam o fruto do Espírito também não pretende relacionar todas as virtudes produzidas pelo Espírito Santo em nós.
Eu o convido você para olharmos mais de perto as virtudes que são o fruto do Espírito
Amor. Não vou nem tentar ser melhor que Paulo. Recomendo que leia o capítulo 13 de I Coríntios. O que Paulo descreveu sobre o verdadeiro sentido do amor produzido pelo Espírito Santo é quase insuperável. Resta acrescentar que no contexto em que os gálatas estavam sendo instigados por mestres falsos a cumprirem a lei, o amor é o pleno cumprimento da lei. Foi isto que ensinou também aos Romanos 13.8: “A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor, com que deveis amar uns aos outros, pois, quem ama o próximo, cumpriu a lei”.
Alegria, ou gozo. Essa alegria é a mesma que Esdras mencionou no livro de Neemias 8.10: “a alegria do Senhor é a nossa força”. Também, em João 16.22 Jesus mencionou essa alegria dizendo que é a alegria que teremos na sua segunda vinda e que tal alegria ninguém poderá tirar de nós. Portanto, interminável, eterna mesmo. É alegria cuja fonte é a graça de Cristo, portanto, inesgotável. Ainda lembro o mesmo apostolo Paulo recomendando aos irmãos filipenses que se alegrassem, sempre, no Senhor (4.4).
Paz. Na carta aos Filipenses (4.7) Paulo declara que essa paz excede, vai além do nosso entendimento. É paz que protege nossos corações e mentes de qualquer temor ou preocupação. Jesus declarou: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou, não vô-la dou como o mundo a dá”. (João 14.27) O Profeta Isaias registra palavra de Deus que declarou: “Os ímpios são como o mar agitado, cujas aguas expelem lama e lodo. Não há paz para os ímpios”. Is 57.20-21
Longanimidade. Davidson diz que longanimidade é a paciência diante de ofensas, injúrias e danos sofridos. Donald Guthrie vê na longanimidade a ideia de paciência perseverante. Aquela paciência que não se abala mesmo diante das tensões e pressões da vida. McArthur vê na longanimidade uma paciência extrema diante de injustiças, e situações irritantes e dolorosas.
Benignidade. Diversos teólogos concordam que benignidade é o sentimento permanente, de ser bom, no coração. É a predisposição de ser bom.
Bondade. Phillips traduz essa palavra por generosidade. É a benignidade posta em prática. É a expressão pratica da benignidade.
Fidelidade. É fruto da segurança extrema produzida pelo Espírito no coração do salvo. A segurança da vitória eterna em Cristo é tão absoluta que o salvo consegue ser fiel até a morte. Fidelidade até a morte cobrada por Jesus em Apocalipses 2.10, tanto tem o sentido de duração, isto é: fidelidade até o fim da vida, por mais longa que seja como também no sentido de resistência, isto é: fidelidade que resiste a qualquer sofrimento, mesmo que morra.
Mansidão. É o antônimo de ira. McArthur diz que no Novo Testamento essa palavra tem três sentidos: Submissão à vontade de Deus, disposição de aprender e consideração pelo próximo. Mansidão é a virtude cristã de renunciar os próprios direitos para não entrar em conflito com o próximo. Dois grandes exemplos dela estão em Jesus e em Moisés. Jesus se autodenominou como manso e humilde de coração (Mt. 11.29). Quanto a Moisés, está escrito: “Ora Moisés era um homem mui manso, mais do que qualquer outro na face da terra” (Num 12.3).
Domínio próprio. Pode ser traduzido por temperança e autocontrole. Sugere o controle dos desejos e paixões. Não é a negação de sua verdade pessoal. Donald Guthrie diz que é resultado da avaliação da real função do nosso ego na forma mais nobre de vida.
A glória de viver como uma árvore frondosa cheia das virtudes que são o fruto do Espírito, não se alcança sem muito esforço e renúncia próprios. “Todos os que competem nos jogos, se submetem a um treinamento rigoroso para obter uma coroa que logo perece. Mas nós, o fazemos, para ganhar uma coroa que dura para sempre”. II Cor 9.25-26
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