O NOVO NASCIMENTO (João 3)
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O NOVO NASCIMENTO (João 3)

O título da lição que estamos estudando nesta ocasião é, por si só, curioso: o novo nascimento. Se ao ouvi-lo em algum momento de sua vida, o leitor se sentiu inclinado a questioná-lo, é hora de lembrar que alguém já o fez antes.

 

O assunto surgiu nas preciosas e sagradas páginas da Bíblia, tendo sido lançado à luz pelo Senhor Jesus. Logo, é assunto de grande relevância.

 

Quando esteve em Jerusalém, durante a festividade da Páscoa, Jesus realizou sinais e maravilhas, o que fez com que muitos passassem a crer no seu nome. No entanto, diz a Bíblia em João 2:23-25, o próprio Senhor Jesus não confiava em todas essas pessoas “porque a todos conhecia” e “sabia o que havia no homem”. Conhecedor perfeito que é do interior do coração humano e de suas motivações, Jesus identificou claramente, e de forma distinta, os que creram nEle apenas por causa dos sinais que viram e os que, tendo visto os sinais, creram e desejaram ultrapassar o nível superficial da fé, para entender o sentido espiritual do que Ele fazia e de quem Ele era.

 

No original, o capítulo 3 de João se inicia dizendo: “Mas, havia”..., em referência a um homem chamado Nicodemos e, dessa forma, ligando-o e estabelecendo contraste com o final do capítulo 2 que faz menção à fé superficial, numa indicação de ser ele um homem em quem Jesus podia confiar.

 

Nicodemos, cujo nome é grego e significa ‘conquistador do povo’ ou ‘vitorioso sobre o povo’, era fariseu e um dos principais dos judeus, o que significa que era membro do Sinédrio, o mais alto tribunal dos judeus. Impressionado, como os demais, com os sinais que viu Jesus fazer, mas também convencido de que Jesus era Mestre vindo da parte de Deus, Nicodemos desejou sinceramente conhecer mais de Jesus.

 

Para isso, foi ao encontro do Mestre, à noite. O fato de Nicodemos ter escolhido o horário noturno, para a entrevista com Jesus, tem sido motivo de considerações e comentários por parte de muitos pregadores e estudiosos da Bíblia. Há os que consideram, talvez em maioria, que Nicodemos temia comprometer a sua posição diante de seus colegas do Sinédrio e, por isso, procurava evitar que eles soubessem de seu encontro com Jesus. Outros ponderam que o horário tenha sido escolhido por ser, provavelmente, um momento de maior tranquilidade e, por isso, propício a uma conversa mais demorada.

 

Importante mesmo foi o interesse de Nicodemos, reconhecido e acolhido por Jesus, a ponto de que a entrevista entre os dois se tornou no primeiro discurso de Jesus, de que temos em registro, acontecendo antes mesmo do Sermão do Monte. Uma comparação entre João 3:24 e Mateus 4:12 nos permite chegar a essa conclusão.

 

Nicodemos foi ao encontro de Jesus movido pela convicção de que somente Deus poderia fazer os sinais que ele vira Jesus fazer. Logo, não haveria dúvidas de que Jesus era ”Mestre vindo da parte de Deus” (v.2). Foi com esta declaração que Nicodemos deu início ao diálogo com Jesus.

 

A resposta de Jesus foi surpreendente, em dois aspectos: pela forma imediata em que se deu e, mais ainda, pelo seu conteúdo. Jesus declara: “Na verdade, na verdade te digo que ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo” (v.3). Um dos principais temas do ensino de Jesus estava sendo apresentado: o novo nascimento.

 

Conhecedor e observador meticuloso da lei, Nicodemos mostrou-se incapaz de compreender o significado espiritual das metáforas utilizadas por Cristo, o que se tornou em oportunidade para que Jesus desenvolvesse o seu ensino. Começou por explicar que o novo nascimento não diz respeito a um retorno ao ventre da mãe, como indagou Nicodemos, mas sim a nascer do Espírito. A palavra grega traduzida por ‘novo’ significa ‘de cima’, caracterizando uma indispensável mudança de coração que só pode ocorrer por meio de um nascimento que vem do alto, do Espírito de Deus.  Quem não passar pela renovação do interior, nascendo do Espírito, não pode participar do reino de Deus, razão porque Jesus disse a Nicodemos: “Não te admires de eu te ter dito: Necessário vos é nascer de novo” (v.7).

 

Partindo desse diálogo com Nicodemos sobre a necessidade do novo nascimento, Jesus chegou à declaração que fez de João 3;16 o versículo áureo da Bíblia: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.

 

Esta é a essência da mensagem do Evangelho. Foi com esta missão que Jesus veio ao mundo: trazer oportunidade de salvação ao homem que já se encontra debaixo de condenação por causa dos seus pecados. Neste sentido, Jesus esclarece que “Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele” (v.17). O mundo, ou o homem, não precisa de condenação porque isso o pecado já fez. O que o homem mais necessita é de salvação; a salvação originada pelo amor de Deus que não tem limites e envolve toda a humanidade. Homens e mulheres de todas as raças, nações, culturas e de todos os tempos podem ser resgatados. Para isso, Deus já ofereceu o que tinha de mais precioso, o seu Filho - Jesus Cristo - que foi levantado na cruz do Calvário, onde pagou o preço da nossa redenção.

 

Uma coisa, no entanto, é necessária: que o homem, individualmente, creia no sacrifício feito por Jesus na cruz e, crendo, O aceite como Senhor e Salvador pessoal. Assim fazendo, ele alcançará a salvação e terá garantida a vida eterna.

 

Quanto a Nicodemos, não sabemos se ele chegou a se converter a Cristo. Seu nome é citado pelo evangelista apenas mais duas vezes: quando de forma mais corajosa protestou contra o julgamento de Jesus pelos fariseus, sem que lhe dessem oportunidade de defesa (7:50-52) e, por fim, após a morte de Jesus, quando aparece levando um composto de mirra e aloés para ungir e preparar o corpo de Jesus para a sepultura (19:39). As duas situações demonstram a simpatia de Nicodemos por Jesus e sua mensagem. Entretanto, ter apenas simpatia não é suficiente para que alguém alcance a salvação. É necessário, indispensável, que o homem creia no sacrifício de Jesus na cruz e O aceite como Salvador pessoal, passando pelo novo nascimento.

 

Depois do encontro com Nicodemos, um incidente entre os discípulos de João Batista e um judeu propiciou a ocasião para que João desse mais um testemunho a respeito de Jesus. A controvérsia parecia tratar do relativo valor do batismo praticado por João e por Jesus, se bem que Jesus mesmo não batizava e sim os seus discípulos (4:2). João não aceitou a posição de rivalidade e fez do incidente uma oportunidade para dar mais um testemunho a respeito de Jesus. Confirmou a verdade que Jesus revelou a Nicodemos de que o novo nascimento vem de cima, ao dizer que “o homem não pode receber coisa alguma se do céu não lhe for dada” (3:27). Reafirmou claramente o que já havia dito: “Eu não sou o Cristo, mas fui enviado como seu precursor” (3:28). Afirmou que “o Pai ama o Filho” (3:35) e finalizou com a mensagem central do Evangelho: “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna” (3:36).

 

Se você, prezado leitor, ainda não recebeu a Jesus como Salvador, não espere mais para fazê-lo, “porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (3:16).

 


Consulta Bibliográfica


DAVIS, John D. Dicionário da Bíblia. 4ª ed.

Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1973.

 

DOUGALS, J. D. O Novo Dicionário da Bíblia. 2ª ed.

São Paulo: Vida Nova, 1995.

 

MACLEOD, A. J. João, in O Novo Comentário da Bíblia, vol. III

São Paulo: Edições Vida Nova, 1963.

 

McNAIR, S.E. A Bíblia Explicada. 4ª ed.

Rio de Janeiro: CPAD, 1983.

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