Ensinos sobre a ressurreição, corpos físicos e corpos espirituais
1 Coríntios 15 e 16
O apóstolo Paulo chega ao grande e último tema de sua carta: a ressurreição. Ele já conhecia a posição dos atenienses (ver Atos 17. 31,32). Sendo cidade grega cosmopolita era natural que, também em Corinto (ver I Coríntios 15. 12), essas mesmas influências se constituíssem em obstáculo à proclamação do Evangelho de Cristo.
Os gregos acreditavam que o corpo era maligno e inferior, logo era indigno para alcançar a eternidade. O princípio da reencarnação subjaz na apreciação da alma, na negação à ressurreição e no desprezo ao corpo. Além de ser uma noção não-bíblica, a reencarnação acolhe a ideia de que a alma é pura e o corpo indigno de ser imortal.
Estes conceitos perduram no gnosticismo, bem como em outras correntes filosóficas que depreciam o sexo, que pregam as práticas ascéticas e os costumes mais libertinos de vida. Sabemos que a questão da “morte e ressurreição” é séria e atual, na qual as pessoas não desejam pensar. Crendo alguém em reencarnação, não há de considerar relevante o conceito de pecado, pois se torna bastante conveniente pensar que as atitudes perniciosas e/ou equivocadas de agora hão de ser resolvidas nas sucessivas oportunidades, aguardadas em vidas futuras.
A ESPERANÇA DA RESSURREIÇÃO – I Coríntios 15. 1-19)
A orientação paulina alude à afirmação fundamental da fé cristã: “Jesus Cristo morreu por nossos pecados, foi sepultado, e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”. Desta forma, lembra aos crentes coríntios, através de um breve relato histórico, a comprovação da ressurreição, aparecendo a Cefas, aos doze discípulos, a Tiago e a mais de quinhentos irmãos de uma só vez. Faz menção a sua própria origem apostolar, fora do tempo. Reafirma que esta é a expressão da fé cristã, ou seja, crendo na ressurreição de Cristo. Demonstra a inutilidade da nossa fé, sem a admissão desta premissa.
A IMPORTÂNCIA FUNDAMENTAL DA RESSURREIÇÃO NA FÉ CRISTÃ
A nossa ressurreição está assegurada na ressurreição de Cristo ou seremos falsos ao propagá-la. Sem a perspectiva da eternidade, tornamos minúscula a nossa fé e nossa indignidade se faz maiúscula (ver I Coríntios 15.19). A argumentação apostólica articula a origem do pecado (em Adão) com o perdão do pecado (em Cristo) e conclui por afirmar que se todos morrem em Adão, todos são ressuscitados em Cristo (ver I Coríntios 15. 20-23). Jesus Cristo representa as primícias. Inaugura um novo tempo.
CORPOS FÍSICOS X CORPOS ESPIRITUAIS –( I Coríntios 15. 35-49
Paulo registra a metamorfose, por que passa a semente, buscando reproduzir-se, segundo a sua espécie, tendo sido depositada na terra. Morrendo a semente, renasce ela mesma. É a vida que se articula, que se refaz, que se transforma, que se propaga, que se sustenta. Por analogia, reforça que o mesmo sucede ao nosso corpo, pois com a sua morte, igualmente, ressuscita com outro aspecto, porém a mesma vida surge. Embora se dissolva no pó, misturando-se à substância que lhe deu origem, vai ser vivificado. Assim sendo, pode experimentar uma nova aparência. Ao ressuscitar, será essencialmente o mesmo. Sabemos que a linguagem figurada, apresentada pelo apóstolo, desafia-nos ao exercício da fé. Esta mesma convicção será declarada, com pujança, na sua carta aos romanos (ver Romanos 10. 9).
A apreciação paulina evolui, por demonstrar que, da mesma forma como cada ser criado tem um corpo próprio, Deus também dará a cada um de nós um novo corpo na ressurreição, pois Ele faz novas todas as coisas. Robustecendo o seu argumento, Paulo descortina que os corpos tornar-se-ão incorruptíveis, mostrando que terão um futuro glorioso, pois purificados estarão a serviço de Deus. Serão ainda revestidos de poder, pois a vida encontra a grande barreira limitadora no próprio corpo, através da sua fragilidade. Assegura que o corpo natural dará lugar ao corpo espiritual.
Sendo reconhecido, nos dias de Paulo (e nos dias atuais também), que ser humano algum pode resistir ao toque da morte, ela continua sendo o grande sonho, o extraordinário desafio, por que se tem lutado, e que vem causando frustrações, sem vislumbre ainda algum de sucesso. A articulação apostólica aponta que no tempo vindouro, mediante a vitória de Cristo na ressurreição, a morte não poderá tocar em homem algum que crê em Cristo Jesus.
UMA MENSAGEM DE DESPEDIDA –(I Coríntios 16. 1-4)
O apóstolo Paulo estimula os irmãos de Corinto a estarem sempre firmes e constantes na obra do Senhor. Estimula-os a ofertarem para os crentes de Jerusalém, que estavam atravessando grandes dificuldades. Declara-lhes a sua disposição em visitar os corintos, por alguns meses (durante o inverno). Diz que a sua ida não seria de imediato, porque, em Éfeso, surgiam oportunidades boas, para dissipar questões possivelmente doutrinárias. Mais uma vez, orienta a igreja a tratar com respeito e carinho a todos que trabalham na obra do Senhor.
SUAS PALAVRAS A CADA COOPERADOR – (I Coríntios 16. 13-24)
As recomendações paulinas são firmes, porém eivadas de amor. Encorajando a todos os crentes a vigiarem e ficarem firmes na fé, agindo sempre com amor. Apela à tolerância para com todos os que cooperam e trabalham na obra. Menciona alguns irmãos, como Estéfanas, Fortunato e Acaio. Recomenda o uso do ósculo santo, expressando os laços fraternos. Repudia, no entanto, com vigor, aos incrédulos (ver I Coríntios 16. 22).
MAIS APLICAÇÕES PARA A VIDA
Vemos, angustiados, o significativo crescimento da doutrina da reencarnação. A mídia, com os seus diversos tipos de expressão, tem desferido ataques à doutrina cristã da ressurreição e divulgado a mentira tão conveniente de que haverá oportunidade em outra vida, para reparar-se os erros desta.
A Bíblia diz que “ao homem está ordenado morrer uma só vez, vindo depois disto o juízo”. (ver Hebreus 9. 27). Ninguém falou mais em juízo final, em julgamento eterno do que o Senhor Jesus Cristo. Como querer ignorar todas estas colocações incisivas de Jesus Cristo?
Muitos se vêem atordoados por tão pérfidas influências. Quantos filmes, telenovelas, e outros meios de expressão têm investido alto, para convencer a todos de que podem viver com total liberdade os seus sonhos e desejos, porque as reencarnações sucessivas levarão todos à elevação eterna pelo mérito próprio, em algum dia. Que ardil maligno!
Jesus Cristo ressuscitou e temos assegurada também a nossa ressurreição. Aleluia! Ele vive! Graças a Deus que nos dá a vitória em Cristo Jesus (inclusive contra a morte).
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