II Reis 15.32 a 16.20; caps.18 a 20; e II Cr. 27 a 32 .
Gerson Berzins (gberzins@ceoexpress.com)
Queridos Irmãos e amigos: Continuando nossos estudos semanais sobre a Monarquia em Israel, hoje estaremos revendo mais três reis de Judá, a saber: Jotão, Acaz e Ezequias. O texto bíblico correspondente encontra-se em II Reis cap.15, a partir do v.32 até o final do cap.20 e em II Cr. caps. 27 a 32.
Jotão sucedeu seu pai Uzias, quando este contraiu lepra e governou sobre Judá por 16 anos. Sob sua administração, que foi marcada por fidelidade à Deus, Israel continuou a se fortalecer e diversas obras importantes foram empreendidas por Jotão, no Templo, nos muros da cidade de Jerusalém e por todo Judá. Conseguiu se impor militarmente contra os amonitas, que passaram a pagar a Jotão tributos anuais em trigo, cevada e prata.
Com a morte de Jotão, seu filho Acaz começou a reinar em Jerusalém. Acaz não fez o que era reto aos olhos do Senhor, e os seus 16 anos de governo foram marcados por derrotas e humilhações para Judá. Diz nos o relato bíblico que Acaz deixou-se influenciar pelos padrões espirituais do reino do Norte, chegando a fazer imagens de fundição para adoração e mesmo fazendo passar pelo fogo seu filhos, prática idolátrica apreendida dos povos da região.
A reprimenda divina contra tais aberrações já vinha sendo preparada. Desta vez viria através da Síria de Rezim e de Israel, agora governado por Peca. Israel avançou contra Judá e deixou como resultado 120.000 mortos, além de tesouros saqueados e 200.000 dos judeus levados como cativos. A humilhação só não foi maior porque Deus enviou o profeta Obede que repreendeu duramente a Israel nesta intenção de escravizar seus irmãos do Sul, e os cativos foram alimentados e vestidos e juntamente com os seus despojos foram levados de volta para Judá. Na intenção de se proteger Acaz foi buscar apoio na potência emergente da Assíria, de Tiglate-Pelesser.
Com esta sua ação de política internacional, Acaz estava trocando o perigo conhecido pelo perigo desconhecido, que era muito maior e pior, e teve que entregar os seus tesouros para os assírios. Diante de todos estes fracassos da sua administração, Acaz mais ainda desprezou o Senhor Deus. Inspirou-se em um templo pagão que viu em uma visita a Damasco e mandou reproduzir o altar daquele daquele templo no templo do Senhor em Jerusalém. Fez alterações significativas no templo e nas disposições dos sacrifícios. Mandou erguer em toda Jerusalém altares para si, e em toda Juda fez altos para a queima de incenso a outros deuses. Acaz morreu, e como com os reis maus de Judá que lhe precederam, ela não foi sepultado no sepulcro dos reis.
O filho de Acaz que o sucedeu era Ezequias. Com Ezequias vemos mais uma restauração espiritual em Judá. O bom rei Ezequias se empenhou para restaurar e recuperar tudo o que o seu pai tinha desvirtuado. Limpou o templo; eliminou as abominações lá introduzidas; destruiu a serpente de Moisés que tinha se tornado razão de idolatria; fez uma convocação nacional para a celebração da Páscoa em Jerusalém; restabeleceu a organização dos trabalhos no templo; e reforçou os mandamentos sobre as ofertas. É necessário fazer neste ponto uma conexão com a história paralela do Reino de Israel. Foi no governo de Ezequias que Israel foi assolada e destruída pela Assíria que levou cativo todo o povo do Norte. Estava-se portanto na época do crescente poderio político e militar da Assíria. E a ameaça assíria pesou fortemente também sobre Judá.
Senaqueribe, rei da Assíria se acercou de Judá. Procurando aplacar os desejos de conquista dos assírios, Ezequias lhe enviou tudo que conseguiu arregimentar de tesouros, mas nada disto serviu para fazer os assírios desistirem dos seus intentos de conquistarem Jerusalém, Senaquerib estacionou suas tropas em Laquis, que ficava a cerca de 48 km de Jerusalém e mandou seus mensageiros para obterem a rendição dos judeus. Estes enviados de Senaqueribe se postaram no aqueduto da cidade, em posição muito visível e chamaram por Ezequias.
O que vemos neste episódio é uma dos mais dramáticos eventos de todo o relato bíblico. A sua dramaticidade pode ser medida pelas 3 vezes que ele é relato na Bíblia: Em II Rs. caps.18 e 19; em II Cr. cap.32 e em Isaías caps.36 e 37. É uma cena com múltiplos participantes: de um lado os enviados de Senaqueribe, querendo obter a entrega da cidade sem lutas. Do outro lado o rei Ezequias, e sua corte, da qual fazem parte os sacerdotes e o profeta Isaías. No meio, e com um papel decisivo o povo. Os assírios se dirigiram aos oficiais do rei, procurando mostrar-lhes que naquela situação nem o Egito, nem Deus poderia ajudar Jerusalém.
Os assírios também se dirigiram ao povo, que se amontoava nos muros, procurando incitar o povo contra Ezequias: “…Não vos engane Ezequias porque não vos poderá livrar da minha mão; nem tão pouco vos faça Ezequias confiar no Senhor…”(IIRs.18.30) e mais: “Por ventura os deuses das nações puderam livrar, cada um a sua terra, das mãos do rei da Assíria? Que é feito dos deuses de Hamate…porventura livraram Samária da minha mão?” (IIRs.18.33-34) O povo, instruido por Ezequias não respondeu e Ezequias rasgou os seus vestidos, cobriu-se de sacos e clamou ao Senhor. Logo mais o próprio rei Senaqueribe enviou carta a Ezequias reiterando as ameaças e procurando provar que nenhum poder havia no mundo que podia afrontar o avanço dos assírios. O profeta Isaías intervém com a resposta divina às orações deste momento tão difícil e angustiante.
“Portanto, assim diz o Senhor acerca do rei da Assíria: Não entrará nesta cidade, nem lançará nela flecha alguma; tampouco virá perante ela com escudo, ou levantará contra ela tranqueira. Pelo caminho por onde veio, por esse voltará; mas nesta cidade não entrará, diz o Senhor. Porque eu defenderei esta cidade, para a livrar, por amor de mim e por amor do meu servo Daví.” (Is.37.33-35) E assim foi. O anjo do Senhor feriu os assírios, matando 185 mil deles e Senaqueribe voltou para Nínive, onde logo depois seria morto pelos seus próprios filhos. O mesmo Deus que permitiu que Senaqueribe sitiasse e vencesse em Samária, também permitiu que o maior poder militar do mundo da época ficasse barrado às cercanias de Jerusalém e tivesse que voltar para casa, sem conseguir o intento desejado. Vale a pena voltar aos 3 relatos bíblicos deste episódio para entendermos o que realmente ele significou naquele momento da história.
Logo em seguida Ezequias recebe de Deus a mensagem de que deveria se preparar para a sua morte, mais uma vez ele se coloca em angústia diante de Deus, que lhe acrescenta 15 anos de vida. Para confirmar a resposta divina, Deus fez a sombra do relógio de Sol do rei retroceder 10 graus. Ezequias nos mostra como alguém que se propõe a seguir fielmente à Deus, pode recuperar todo o erro passado e pode voltar a trazer sobre si e sobre o seu povo as bênçãos divinas. Aproveitemos a oportunidade que temos para refletir neste momento da história de Judá.