Desejo refletir com cada um dos leitores sobre a importância que o exemplo tem na vida de uma família. Exemplo é tudo aquilo que pode e que deve ser imitado, algo que constrói, que inspira, que serve de lição. Será que podemos gerar exemplos em nossos lares?
Um pai segundo o coração de Deus pode inspirar profundamente a vida de seus filhos. Conta-nos John Paton, um herói da fé que levou o evangelho às Ilhas Hébridas no século 19, que o seu pai, Tiago Paton, era um homem de oração e de temor a Deus. Ele dizia que eram muitos os filhos e que sempre havia traquinagens a serem corrigidas. O pai, quando precisava corrigir a algum filho entrava primeiramente em sua cabana no meio da propriedade, que era uma espécie de quarto de oração, e ali chorava diante de Deus, orando para que o filho se emendasse de seus erros. Dizia John Paton que doía mais a maneira temente e reverente com que o seu pai sofria por eles em oração para que fossem pessoas melhores do que as próprias palmadas que recebiam. O resultado não poderia ter sido outro: filhos que seguiram as sendas do evangelho, movidos pelo forte exemplo paterno.
Suzana Wesley, a mãe dos grandes Carlos e John Wesley, iniciadores do metodismo na Inglaterra, tinha também mais de uma dezena de filhos. Era uma época onde não havia energia elétrica, água encanada, facilidades domésticas ou recursos através dos quais se pudesse pagar alguém para ajudar. Essa heroína conduzia a educação das crianças com primor e com responsabilidade, atendendo a todas as demandas do lar, mas sem se esquivar da hora tranquila, quando, por mais de uma hora diária, encostava a porta de seu quarto e, de joelhos, adorava a Deus e intercedia eficazmente por cada um de seus maravilhosos filhos. Isso marcou o coração daquelas crianças, que se tornaram benditos instrumentos nas mãos divinas.
O Dr. Benjamin Carson, o médico que revolucionou a história da medicina ao separar gêmeos que estavam grudados pelo crânio, um feito que salvou e salva a vida de diversas crianças que nascem com essa anomalia, poderia ter sido um traficante de drogas, um bandido ou alguém que não daria nada para a vida. Péssimo na leitura, de imaginação estéril, foi ensinado dia a dia pela mãe, que era analfabeta, e instruído nos caminhos do Senhor. A cada derrota que sofria a mãe lhe incutia na mente que ele poderia vencer cada batalha e que deveria confiar em Deus para obter tudo o que desejasse. O resultado foi que ele tornou-se um dos maiores médicos da atualidade e hoje atua de forma nacional na área da saúde nos Estados Unidos. Ele é um homem que viu na mãe o exemplo que precisaria seguir. “Você pode fazer tudo o que todos os outros fazem, mas pode fazer melhor”, dizia a sua mãe. E conseguiu!
Educa-se mais pelo exemplo do que pelas palavras. Não estamos dispensando o valor das palavras; pelo contrário. Estamos dizendo que palavras devem estar acompanhadas da prática. Fazer o que se diz e não o que se faz não é um bom mestre para um lar cristão. Pais que ensinam os filhos a não falarem palavrões não podem usar esse tipo de linguagem jocosa e chula no seu dia a dia. Pais que ensinam os filhos a não roubarem não podem ser aproveitadores, como por exemplo pegarem 13 laranjas na feira quando compraram apenas uma dúzia, ou burlando leis para fugirem de taxas ou impostos. O exemplo fala alto! Maridos que são carinhosos com as esposas transmitem a elas um tipo de comportamento inspirador, que pode provocar consequências benignas, com a recíproca do carinho. Mulheres que são encorajadoras dos esposos, mesmo nas horas de crise pelas quais eles passam tornam-se valiosíssimas e profundamente amadas. A Bíblia nos fala do valor de um bom lar. Quando Jacó fez um juramento (numa época em que isso era esperado de alguém que confirmava uma palavra, prática que Jesus não recomendou, trocando-a pelo “sim, sim; não, não”) , assim constou: E jurou Jacó pelo temor de seu pai Isaque. (Gn 31:53). Por que pelo “temor de Isaque”? Porque Isaque inspirou em Jacó um santo temor ao Senhor Deus! O Rei Salomão, muitos anos depois, afirmou com muito respeito: Porque eu era filho tenro na companhia de meu pai, e único diante de minha mãe. (Pv 4:3). Com que ternura ele lembrava-se do tratamento que o Rei Davi lhe dava! Isso faz muita diferença!
O leitor compreende a importância do exemplo que se deve dar no lar? É ali, no recôndito íntimo da família, que se aprendem os valores imortais para uma vida feliz. É em casa que se aprende o respeito aos mais velhos, a honestidade como mola-mestra em todos os relacionamentos, a verdade como bem inegociável, o amor como plataforma em todos os detalhes. Um lar cristão deve ser um exemplo de respeito, de consideração, de hospitalidade, de ordem e decência. Se falharmos no lar falharemos no resto dos relacionamentos. Confie o seu lar nas mãos do Criador. Foi Ele quem criou o primeiro casal e ordenou-lhes fecundidade e multiplicação. Mas isso só será laureado de bênçãos se os valores divinos forem vividos e procurados. Leia a Bíblia. Ore a Deus. Viva em amor. E que o Senhor nos abençoe!