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INTRODUÇÃO AO LIVRO DE ESDRAS – Estudo 2

Prezado Leitor.

Em nosso estudo de hoje, baseado no livro de Esdras capítulo 4, encontramos o povo judeu de volta à Palestina, depois de um exílio de 70 anos na Babilônia. Naquelas circunstâncias, eles estavam empenhados em reconstruir a cidade de Jerusalém, que se encontrava destruída. Além das casas e construções em geral, havia o plano de reconstrução do templo e das muralhas da cidade, essenciais, naquela época, para a segurança daquele lugar. Neste estudo, gostaria de compartilhar com o prezado leitor três pontos principais:

Os judeus, diante de tanta coisa a fazer, estabelecem como prioridade a restauração do culto e a reconstrução do templo. E aqui verificamos um primeiro paralelo interessante com nossa vida hoje. Diante de tantas coisas a construir à nossa frente, o que devemos fazer primeiro? Qual deve ser a nossa prioridade? Os bens materiais? Os estudos? A saúde? A profissão? Nossos relacionamentos afetivos? Nosso relacionamento com Deus? Para os judeus, a reconstrução do templo, neste período da história, 500 anos antes de Cristo, significava essencialmente assegurar um lugar onde eles poderiam encontrar e adorar o Deus Iavé. Essa foi a prioridade escolhida e esta pode ser também a nossa prioridade: colocar o Deus Criador do Universo como base e o fundamento da nossa vida.

Hoje, com a vinda de Jesus, o Messias de Deus, esta base e fundamento podem ter uma dimensão de grande praticidade para nós. Além de um Deus Criador e Sustentador do Universo, temos um Deus Pessoal. Deus é uma pessoa que pode se relacionar conosco, que também somos pessoas. O importante é que tenhamos esse relacionamento como prioridade na construção da nossa vida e na realização de nossos planos e projetos. "Se permanecerdes em mim e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes e vos será feito" (João 15.7). Observe que a chave deste versículo não é o "vos será feito", mas o relacionamento com Deus. Portanto, um primeiro ensinamento que podemos tirar deste capítulo 4 de Esdras, é ao construirmos o projeto de nossa vida, construirmos primeiro o espaço para que possamos nos relacionar com Deus.

Um segundo ponto, diz respeito à oposição que o povo de Israel encontrou ao tentar realizar esta opção de reconstrução do templo, antes das demais partes da cidade. Os povos que ocupavam aquela região durante os 70 anos em que os judeus estiveram cativos e exilados na Babilônia, não tinham grande interesse na reconstrução do templo, das muralhas e da cidade como centro cultural, religioso e de comércio da região. De início, o texto de Esdras nos diz que eles tentaram ajudar, o que não foi aceito pelos judeus. A estratégia dos opositores era a de se envolver com a obra para depois sabotá-la. Como não conseguem esse intento, partem para uma outra linha, que é a de armar uma trama de informações falsas contra a liderança dos judeus.

Em carta ao rei Artaxerxes da Pérsia, a quem a Palestina estava politicamente subjugada, esses opositores afirmaram falsamente que os judeus pretendiam reconstruir Jerusalém para poderem se insurgir contra o rei. Esses opositores acabam tendo uma pequena vitória, pois a reconstrução do templo é suspensa por algum tempo. Verificamos que, da mesma forma que aquele projeto legítimo de reconstrução do templo sofreu oposição, muitas vezes encontramos diante de nós, situações também de oposição. Temos um projeto legítimo, sentimos até que é da vontade de Deus que aquele projeto se realize, mas simplesmente encontramos à nossa frente, algo que nos impede de continuar.

Hoje em dia, existe uma atitude, especialmente dos evangélicos, de que, se vivermos corretamente, nada dará errado. Não teremos oposição aos nossos projetos, não ficaremos doentes e nem desanimados. Será que é isso mesmo? Não é bem assim que a Bíblia nos mostra. Não só aqui neste episódio narrado por Esdras, como em inúmeras outras situações ao longo dos textos bíblicos vamos encontrar pessoas de Deus ou projetos de Deus se defrontando com algum tipo de oposição.

Isso nos faz concluir que, mesmo sendo crentes e tendo escolhido a prioridade certa, de construir primeiro um espaço para Deus em nossa vida, poderemos encontrar oposição em alguns ou vários de nossos projetos. O que é importante, porém, é nos lembrarmos de que, se nossos projetos estiverem colocados nas mãos de Deus, ou seja, nossa vontade e nossos planos estiverem de acordo com a vontade de Deus, Ele conduzirá as coisas de forma correta e no tempo oportuno.

Não devemos ficar desanimados com os percalços e a oposição aos nossos projetos e planos. Devemos avaliá-los e ajustá-los para que sejam projetos e planos de Deus e não apenas nossos, e devemos confiar que Deus nos mostrará a solução. Poderá ser até de mudar o projeto ou esperar algum tempo para retomá-lo, mas Deus nos mostrará o caminho.

Em adição aos dois primeiros pontos de destaque que assinalamos anteriormente, gostaria de destacar um último ponto, já mencionado de passagem: os judeus receberam uma proposta de seus opositores para ajudá-los na reconstrução do templo, mas não a aceitaram. Isso nos chama a atenção para a importância de nunca compactuarmos com o mal para conseguirmos o bem. Nunca aceitar que o inimigo, que se opõe à vontade de Deus, venha a estar conosco ao nosso lado, dando-nos a impressão de apoio e solidariedade quando, na realidade, busca se opor.

Há gente que busca fazer o bem associando-se a Satanás ou busca alcançar a virtude fazendo coisas erradas. Permitem que o inimigo invada o espaço pessoal, travestido em um anjo de luz que disfarça o engano. A chave desta questão é identificar bem o que é o inimigo. E como fazê-lo? Jesus nos diz que Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida e que ninguém vai ao Pai senão por Ele.

Todo aquele ou qualquer coisa que nos afasta deste Caminho, é inimigo. Mesmo que esteja fazendo algo aparentemente bom, mas, se na realidade, estivermos sendo levados a nos afastar deste Caminho que é Jesus, o Salvador, deveremos recusar ajuda e buscar forças junto ao nosso Deus, que a despeito das oposições, estará conosco se assim o desejarmos, e se construirmos realmente um espaço de relacionamento com esse Deus amigo e poderoso.

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