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O Apocalipse: "A visão do livro e dos selos”. (Apocalipse 5, 6 e 7)

Com a graça de Deus, podemos mais uma vez compartilhar nosso tempo no livro do Apocalipse. Avançamos hoje para os capítulos cinco, seis e sete do texto do livro da Revelação.

 

Antes de focar os capítulos do texto base de hoje, vamos tentar um mapeamento de todo o restante do livro.

 

No capítulo cinco, entramos no corpo principal do que João nos apresenta. Este núcleo do relato de Apocalipse vai do capítulo cinco ao dezoito. Ele está como que encadernado entre os quatro capítulos iniciais, que nos introduzem ao tema, e os quatro capítulos finais, que concluem o relato, apresentando-nos o após. O que caracteriza este núcleo central como uma unidade é que todo ele se refere a desdobramentos envolvendo a humanidade e, portanto, ocorrendo no contexto do nosso mundo físico. No que João vê e relata, há, sem dúvida, episódios da corte celestial, pois é de lá que ele está tendo a visão, mas todo o relato se refere ao desenrolar da historia humana. É esta parte central do livro que o torna objeto de interesse, pois fala de nós e de nosso futuro. No entanto, ele diz muito menos do que gostaríamos de saber. Queremos mais detalhes, queremos mais específicos de tempo, local, personagens e consequências. É um direito, ou pretensão nossa querer saber o máximo que podemos sobre tudo que nos diz respeito. Como com os discípulos de Jesus a pergunta que não fica entalada na garganta é: “quando acontecerão essas coisas? E qual será o sinal de que elas estão prestes a acontecer?” (Lc 21.7).

 

O Livro da Revelação revela muito, mas não revela tudo. E ai, queremos que o tirocínio humano complete o que a Sabedoria divina não fez: queremos ver o que Deus não mostrou. Creio que é contra o ensino da Bíblia de que a revelação que Deus faz de si mesmo nas escrituras é algo acessível apenas a pessoas privilegiadas ou que revelações adicionais seriam posteriormente descortinadas a alguém em particular.

 

Como evangélicos cremos que o que a Bíblia quer dizer é o que a mais humilde das pessoas pode entender, se buscar a direção do Espirito Santo e se dedicar à leitura das Escrituras. Cremos também que tudo o que precisamos saber para a vivência da nossa fé, encontramos na Bíblia. A Bíblia fala de mestres e doutores que são capacitados para nos ajudar na tarefa de entendimento da verdade, mas sempre como esclarecedores e nunca como portadores de verdades adicionais. Vale relembrar tudo isso para extirpar do nosso anseio o desejo de ver o que o Apocalipse não mostra.

 

O que o relato de João revela é o que podemos – e devemos – saber. O resto é resto. Buscamos ajuda, ouvimos aqueles que empregaram e empregam suas vidas no estudo do texto sagrado, mas devemos cientemente ler o que o texto diz: ler tudo e ler apenas tudo. Nenhuma sabedoria humana está capacitada a adicionar algo ao que foi por Deus revelado.

 

Temos muitas dificuldades com o Apocalipse. Neste núcleo central que hoje começamos a abordar, a questão de cronologia se apresenta crucial: Tudo que o texto fala está na sequencia exata de como acontecerá? Os episódios se referem cada um a um fato único, ou os acontecimentos são mostrados mais de uma vez, sob perspectivas diferentes?

 

Ao problema da cronologia se adiciona a dificuldade de interpretar o que cada personagem e evento representam. Permitam-me compartilhar especificamente de uma dessas dificuldades. É o cavaleiro do cavalo branco, no nosso texto de hoje, no início do capítulo seis. Pedimos ajuda para entendê-lo e nos dirão: Ele é Jesus, pois ele volta a aparecer no capítulo 19 e lá ele está claramente identificado. Mas, perguntamos de novo, e teremos uma resposta completamente diferente: ele seria o próprio Anticristo ou ao menos um personagem diabólico de acordo com uma das interpretações mais populares do Apocalipse, em cujo esquema explicativo o cavaleiro do cavalo branco do capítulo seis não pode ser o mesmo cavaleiro do cavalo branco do capítulo 19. Em vez de ficarmos na tensão de decidir entre opções antagônicas, ou abandonar o livro porque “ninguém consegue explicá-lo”, vamos aceitar que temos de conviver com o inexplicável e vamos nos concentrar em ver aquilo que é possível de ser visto – aquilo que o livro da Revelação nos quer fazer saber. É assim que o faremos relevante.

 

E ainda resta tempo para nos voltarmos ao texto base de hoje. No capítulo cinco o Cordeiro é introduzido no cenário celestial e vemos que o seu lugar é também no trono principal e o vemos recebendo a mesma adoração descrita no capítulo anterior. A identidade entre Aquele que está assentado no trono e o Cordeiro é completa a ponto de partilharem designações comuns, como o Alfa e o Ômega.

 

O capítulo seis nos apresenta a primeira das três sequências de flagelos, todas deflagradas por ordem divina. Temos aqui os sete selos; no capítulo oito temos as sete trombetas; e depois, nos capítulos 15-16 temos as sete taças. Encontramos similitudes entre essas séries, bem como muitas particularidades, pouco podendo afirmar além da sua procedência, seguindo ordens proclamadas na corte celestial e dos seus estragos anunciados, sobre os seres humanos, sobre o mundo físico e mesmo sobre o cosmos que envolve a terra.

 

Mas, essas séries não apenas incluem flagelos. Elas incluem interlúdios com cenas que ajudam a compreender o momento que descrevem. Depois de ser liberada a desgraça do sexto selo, que faz até o mais poderoso dos seres humanos querer se esconder em cavernas, vemos um momento de paz e de quietude.

 

É a hora de ajuntar aqueles que foram selados. O capítulo sete nos fala dos cento e quarenta e quatro mil de todas as tribos de Israel e depois fala da grande multidão que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas que vieram da grande tribulação e lavaram as suas vestes no sangue do Cordeiro.

A visão dos sete selos fala de catástrofes, mas também fala dos selados, daqueles que têm nas suas testas o sinal identificador de servo de Deus. Neste ponto torna-se relevante conectar a visão do sexto selo com as cartas às sete Igrejas. Lá estava o apelo insistente para serem vencedores; aqui temos a visão celestial deles:

 

“Nunca mais terão fome, nunca mais terão sede. Não os afligirá o sol, nem qualquer calor abrasador, pois o Cordeiro que está no centro do trono será o seu Pastor; ele os guiará às fontes de água viva, e Deus enxugará dos seus olhos toda lágrima.”[7.16-17].

 

É isto que o Apocalipse quer nos levar a ver.

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