Marcos é conhecido como evangelho sinótico: Mateus, Marcos e Lucas tratam basicamente dos mesmos aspectos da vida e ministério de Cristo. Dos evangelhos sinóticos, Marcos é o mais breve.
Marcos é considerado o primeiro evangelho a ser escrito.
Os evangelhos foram escritos para públicos diferentes: Mateus foi escrito para os judeus e apresentou Jesus como o rei; Marcos escreveu para os romanos e apresentou Jesus como servo; Lucas escreveu para os gregos e apresentou Jesus como o homem perfeito; João, que não é sinótico, apresentou um evangelho universal e apresentou Jesus como Deus, o verbo encarnado.
O autor do evangelho de Marcos: Seu nome completo é João Marcos; Marcos era filho de Maria, uma cristã que hospedava cristãos em sua casa (At 12:12); este fato mostra que Marcos era de uma família que possuía bens materiais e tinha familiaridade com a igreja, desde sua juventude; Marcos participou da primeira viagem missionária de Paulo e Barnabé (At 12:25); Marcos também desistiu da primeira viagem missionária no meio do caminho (At 13:13); Marcos foi rejeitado por Paulo na segunda viagem missionária (At 15:37-40); Marcos era primo de Barnabé (Cl 4:10), o que reforça que Marcos era de família abastada, pois Barnabé era homem de posses; Marcos foi chamado por Paulo para assisti-lo no final de sua vida (2 Tm 4:11); Marcos era considerado um filho de Pedro na fé (1 Pe 5:13); Marcos é apontado pela maioria dos estudiosos como o jovem que se vestiu com lençol para ver Jesus (Mc 14:51,52).
O evangelho de Marcos foi escrito, provavelmente, entre 55 e 70 d.C., ou seja, antes da destruição de Jerusalém no ano 70 d.C., uma vez que ele não faz qualquer menção ao fato predito por Jesus (13:1-23).
Como afirmado, o evangelho de Marcos foi escrito de Roma para os cristãos que viviam em Roma; foi escrito para satisfazer o pedido urgente do povo de Roma por um resumo dos ensinos de Pedro.
Marcos enfatiza mais as obras de Cristo que os seus ensinos; a ênfase no evangelho é sobre atividade; os romanos estavam mais interessados em ação que em palavras; Marcos descreve mais os milagres de Cristo que os seus ensinos; Marcos registra 18 milagres e apenas quatro parábolas. Atente para o fato de que o termo que liga os acontecimentos é a palavra imediatamente. Jesus está sempre se movendo de uma ação para outra; Marcos apresenta Jesus como servo; Marcos se detém em explicar os termos judaicos aos seus leitores (Ex. quando Jesus ressuscita a filha de Jairo, Ele disse: Talita cume, que quer dizer: menina, levante-se); Marcos também preocupou-se em explicar os costumes judaicos (7:3,4; 7:11; 14:12); Marcos usou várias palavras latinas (5:9; 12:15,42; 15:16,39); Marcos foi o evangelista que menos citou o Antigo Testamento; Marcos usou a contagem do tempo romano (6:48; 13:35).
A situação de Roma no século I mostrava a corrupção, a anarquia e a decadência moral; a bebedeira e a orgia também estavam presentes (Rm 13:11-14); os cristãos eram queimados vivos, lançados nas arenas para serem pisoteados pelos touros, enrolados em peles de animais para serem devorados pelos cães raivosos.
As características do evangelho de Marcos são as seguintes:
Totalmente kerigmático – o livro começa focando o cerne de sua mensagem (1:1);
Jesus apresenta-se no livro como pregador (1:14,15; 1:38,39);
Marcos enfatiza a popularidade do ministério de Jesus, pois quando Jesus ensinava e por onde andava, as multidões se reuniam ao Seu redor;
Marcos enfatiza a questão da identidade de Jesus;
Marcos é o evangelho da ação, pois Jesus é o servo que está sempre em atividade, ou seja, ocupado, se deslocando de um lugar para o outro, curando, libertando, pregando e ensinando as pessoas; as obras de Cristo têm mais ênfase que as suas palavras;
Marcos apresenta Jesus como o Filho de Deus; o apresenta como servo; e aquele que tem poder para operar milagres; Marcos enfatiza o sofrimento de Cristo.
A mensagem central no evangelho de Marcos é a proclamação; o evangelho está centralizado na pessoa de Jesus Cristo; o conteúdo do evangelho é Jesus Cristo, ou seja, sua vida, obra, morte, ressurreição, governo e segunda vinda.
A legitimidade do ministério de Cristo – Mc 1:2-11: Marcos apresenta várias testemunhas que legitimaram o ministério de Cristo; Marcos foi uma das testemunhas, seguido por João Batista e o testemunho do Pai e do Espírito Santo.
A vinda de Cristo foi prometida pelo próprio Deus – 1:2; a vinda de Cristo foi profetizada por Isaías (1:2,3); a vinda de Cristo foi profetizada por Malaquias (1:2).
Legitimado pelo precursor – João Batista (1:4-6) – ele, João Batista, vai adiante do Senhor, abrindo o caminho; alguém chama João Batista do mestre de obras da construção de estradas espirituais; João Batista preparou o caminho do Senhor chamando o povo ao arrependimento; preparou o coração das pessoas para receber o Messias; João Batista é a voz do que clama no deserto e ali se distancia de qualquer distração, chama a atenção do povo, rompe com a hipocrisia dos líderes religiosos que preferiram o conforto em vez de fazer a obra de Deus e cumprir a profecia de Isaías.
O conteúdo do ministério de João Batista – o arrependimento é portal do evangelho, ou seja, dar as costas ao pecado e voltar a face para Deus.
Os resultados do ministério de João Batista (1:5) – poucas foram as pessoas realmente convertidas. Contudo, João Batista impactou as pessoas porque viveu o que pregou; a vida do pregador fala mais alto do que sua mensagem; o sermão mais eloquente é o sermão da vida; João Batista era um homem humilde; destaque-se também a centralidade da mensagem anunciada pelo precursor (1:3); a centralidade era Jesus.
Legitimado pelo seu próprio ministério –Jesus é poderoso e João Batista sente-se indigno de desatar-lhe as correias das sandálias (1:7); Jesus batiza com o Espírito Santo (1:8); Ele se identifica com os pecadores (1:9); chamar a atenção de que Jesus foi batizado por causa da natureza do seu ministério, porque Ele identificou-se conosco e o Senhor fez cair sobre Ele a iniquidade de todos nós (Is 53:6); o batismo de Jesus foi o momento da decisão; o batismo de Jesus foi o momento da identificação; o batismo de Jesus foi o momento da aprovação; o batismo de Jesus foi o momento da capacitação.
Legitimado pelo Pai (1:9-11) – Jesus é o Filho amado do Pai; Jesus é o Filho em quem o Pai tem todo o seu prazer (1:11).
A tentação de Jesus (Mc 1:12,13) –importante destacar que não houve nenhum intervalo entre a glória do batismo de Cristo e a dureza da sua tentação; a tentação não foi um acidente, mas um apontamento; a vida do cristão não é um colônia de férias, mas um campo de batalhas; o fato de sermos filhos de Deus não nos isenta das provas, mas, às vezes, nos empurra para o centro delas; muitas vezes a vontade do Espírito de Deus nos conduzirá como conduziu Jesus, para os lugares que nós precisamos ir, muito embora eles possam ser lugares perigosos.
O agente que impeliu Jesus para o deserto foi o Espírito Santo (1:12); o propósito desta batalha espiritual era para que Jesus não apenas tivesse a natureza humana, mas também a experiência humana; não apenas o nosso modelo, mas o nosso refúgio e consolador; a iniciativa da tentação é do próprio Deus; Jesus invade o território de satanás e empurra as portas do inferno; Jesus não procurou a tentação, mas foi conduzido a ela pelo Espírito; Jesus não foi compelido contra sua vontade, Ele foi conduzido pelo Espírito porque esta era a vontade do Pai.
O tentador (1:13) – satanás é um anjo caído, um ser maligno, perverso assassino, ladrão e mentiroso; seu grande alvo é perseguir o amado Filho de Deus e sua noiva, a igreja; sua obsessão é frustrar o soberano propósito de Deus.
O conteúdo da tentação – a primeira tentação apelou para as necessidades físicas; a segunda tentação apelou para o orgulho espiritual e a terceira tentação apelou para ambição e o amor ao poder.
Fatores hostis que Jesus enfrentou no deserto – o deserto, pois era um lugar de desolação e solidão; o deserto é o lugar das maiores provas e também das maiores vitórias; o deserto é o campo de treinamento de Deus; Jesus ficou no deserto durante quarenta dias; Jesus não foi tentado dentro do templo nem em seu batismo, mas no deserto, onde estava cansado, sozinho, com fome e esgotado fisicamente; o diabo tenta nos derrubar quando estamos vulneráveis, quando estamos passando por estresse físico ou emocional; a solidão também foi uma marca desta tentação; a fome também estava presente; as feras estavam perto de Jesus; cenário de abandono e perigo, ou seja, um meio ambiente completamente oposto ao Paraíso, onde o primeiro Adão foi tentado.
Qual o propósito da tentação? Jesus foi tentado para provar Sua perfeita humanidade; Ele provou sua vitória sobre o diabo e o pecado; Jesus foi tentado para ser o nosso exemplo; Ele conhece o que passamos e nos socorre em nossas fraquezas; Jesus foi tentado para derrotar o diabo.
Quais as armas para a vitória?
· Oração, ou seja, intimidade com o Pai; o que decreta a nossa derrota é a ausência de Deus; Jesus transformou o deserto da tentação em jardim da comunhão;
· Jejum também foi uma arma usada; jejum é fome de Deus, é desespero por Deus;
· Palavra de Deus outra arma, isto é, a Espada do Espírito; vivemos hoje o drama do analfabetismo bíblico; crentes ignorantes são presas fáceis do diabo.
Marcos 1:16-20 – Jesus chama cooperadores para fazer a sua obra; Jesus chamou para o seu trabalho pessoas ocupadas; Jesus chamou para o seu trabalho pessoas humildes; o chamado de Cristo é soberano, direto e imperativo; o chamado de Cristo é para uma relação pessoal com Ele; o chamado de Cristo exige pronta e imediata resposta; o chamado de Cristo passa por uma preparação (Vinde após mim, e Eu vos farei pescadores de homens); o chamado de Cristo para pescar homens é um trabalho de consequências eternas; o chamado de Cristo implica consagração do presente; o chamado de Cristo implica investimento do futuro.
A autoridade do Filho de Deus – a autoridade de Jesus para ensinar (Mc 1:21,22); Jesus tem autoridade porque ensina com fidelidade a Palavra de Deus; Jesus tem autoridade sobre os demônios (Mc 1:23-28).
Áreas do ministério de Jesus – ministério da cura – Jesus usa o seu dia de descanso para socorrer os aflitos; as nossas causas impossíveis são possíveis para Jesus; nenhuma enfermidade pode resistir ao poder de Jesus; há também o ministério da libertação; Jesus libertava endemoninhados; ministério de oração – cansaço físico não impedia Jesus de orar; a oração para Jesus era intimidade com o Pai e não desempenho diante dos homens; Jesus dava mais valor à comunhão com o Pai do que ao sucesso diante dos homens; outra área era o ministério da pregação; a pregação para Jesus era mais importante do que os milagres (1:38); a pregação de Jesus era dirigida aos ouvidos e aos olhos (1:39).
Uma grande miséria diante do grande Deus (Mc 1:40-45) – a miséria extrema a que o homem pode chegar; a compaixão infinita do Filho de Deus; o leproso demonstrou grande determinação (1:40); o leproso demonstrou profunda humildade (1:40); o leproso demonstrou genuína fé (1:40); Cristo curou o leproso física, emocional, social e espiritualmente.
Bibliografia:
1) Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal – CPAD – 2003
2) Bíblia Brasileira de Estudo – Editora Hagnos – 2016
3) Bíblia de Estudo da Reforma – Sociedade Bíblica do Brasil – 2017
4) Bíblia Shedd – Antigo e Novo Testamento – Edições Vida Nova – 2007
5) Comentário Expositivo do Novo Testamento – volume 1 – Hernandes Dias Lopes – Editora Hagnos - 2019
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