Estamos chegando ao final do estudo que nos mostra a vida de Jesus com mais detalhes. É sempre uma alegria aprender sobre e com Jesus e sabemos que este é também o seu desejo.
No capítulo 13, Marcos usa todo o espaço para nos falar a respeito dos dias que se seguiriam antes e depois da morte de Jesus. Se é custoso pensar em morte, isso se atenua quando nos deparamos com a promessa da volta de Jesus, que virá nos buscar para a comunhão eterna com o Pai. Sendo assim, nada do que achamos ser insuportável o é, quando nosso coração está sintonizado com a esperança de estar com Jesus.
O capítulo que ora estudamos precede os que se dedicam à paixão de Jesus e explica a aplicação universal do sacrifício pelo qual Jesus iria passar. Jesus não morreu somente pelos discípulos, pela Igreja, pelos judeus mas a morte de Jesus representou a grande intervenção de Deus na História e deu ao universo um novo processo, uma nova esperança.
Qual o significado da cruz, para a história da Humanidade, segundo este capítulo? Pergunta-nos Adolf Pohl. Por um lado, o julgamento. Dr. Pohl afirma que outra coisa não resta para o nosso mundo em quem alguém como Jesus esteve pendurado em uma cruz. Ele foi exposto, acusado e condenado, o que estudaremos a seguir.
Ao saírem do Templo, um dos discípulos exclamou: “Mestre! Que pedras, que construções! Mas Jesus lhes disse: vês estas grandes construções? Não ficará pedra sobre pedra que não seja derrubada.” (Marcos 13: 1e2). Vamos nos deter um pouco na cena: Jesus, saindo do Templo, sabendo que iria morrer dentro de poucos dias, depara-se com um elogio àquilo para o qual ele havia acabado de dar as costas. Ele, Jesus, está abandonando um navio que afunda, retira-se do santuário questionável porque na contramão da vontade de Deus.
Que susto o discípulo tagarela levou! Pensando que estava fazendo algo digno de elogio, depara-se com a afirmação da destruição do que ele considerava tão sólido. Mais uma vez temos a tentativa de Satanás de desviar a atenção de Jesus para o seu ministério, tentando impedir o seu êxodo, quer retê-lo, quer fazê-lo olhar para trás.
Adolf Pohl registra as seguintes observações: “o templo herodiano era uma das maravilhas do mundo antigo. Aqui, porém, temos mais do que admiração arquitetônica. Não parecia que estas edificações se elevavam como uma fortaleza das eternidades? O discípulo anônimo expressa seu assombro religioso, sua fé na indestrutibilidade deste templo. Jesus também captou o momento, mas com efeito contrário: quanto maior a construção, maior a queda. Deus eliminará este santuário apóstata. Vocês não ouviram mal, estava ele querendo dizer, este templo já deu o que tinha que dar: a verdadeira adoração não mais acontecerá neste lugar. Em João 4: 21, lemos: “disse-lhe Jesus: mulher, podes crer-me que a hora vem, quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o pai.” O mesmo autor, em Apocalipse 21:22, diz: “nela não vi santuário, porque o seu santuário é o Senhor, o Deus Todo-Poderoso e o Cordeiro.”
Diante de tanta ênfase, os discípulos ficaram curiosos e ao mesmo tempo preocupados: “Dize-nos, quando sucederão estas coisas, e que sinal haverá quando todas as coisas estiverem para cumprir-se.” Marcos 13:4. Os estudiosos do texto bíblico vêm ao nosso encontro para nos ajudar a compreender com mais exatidão o sentido da pergunta dos discípulos. Os discípulos haviam compreendido que Jesus não havia afirmado sobre o julgamento do templo no transcorrer da história, mas na sua eliminação pelo próprio Deus, para dar-lhe uma nova dimensão escatológica. O sentido da pergunta deles guarda semelhança com a dos fariseus, registrada em Lucas 17:20: “quando vem o Reino de Deus?”
A esta pergunta, queridos leitores, Jesus respondeu com uma amorosa advertência: “vede que ninguém vos engane”. Para que pudessem diferenciar entre essência e aparência, era necessário o uso do discernimento espiritual, à luz da Revelação até então conhecida e para nós já concluída. Muitos, prevenia Jesus, aparecerão dizendo: sou eu! e com isso enganarão a muitos. Supostos profetas, apóstolos e até messias eram testados em Israel, perguntando-se: és tu o Messias? E isso continuaria a acontecer depois da ascensão de Cristo, o que até hoje vemos ser comum.
Jesus exorta seus discípulos a manterem a sobriedade, não ficarem assustados ao saber de guerras ou de rumores de guerras. Lutem para se aquietarem! tarefa que, muitos anos depois, ainda achamos difícil. Como podemos estar seremos em meio a tantos acontecimentos em nossos dias, à perda de valores, à inquietação que leva tantos a buscar apoio em drogas e vícios outros? Jesus quer que seus discípulos aprendam a diferença que faz deixar que Ele governe as nossas emoções e toda a nossa vida.
Essa reação, amados, era necessária para que eles enfrentassem as perseguições que se anunciavam. Jesus sabia que eles iriam sofrer e muito, assim como ainda em nossos dias, em países fechados ao Evangelho, há crentes sendo presos, torturados, mortos. A fidelidade a Jesus tem sido difícil para cristãos que não desfrutam de liberdade religiosa, mas também o é para todos os que, mesmo vivendo em tempo de paz, se quiserem colocar em prática os ensinamentos de Jesus, vão sentir a conseqüência da sua decisão.
Estai vós de sobreaviso! Exortação para que estejamos alertas, pois a delegacia, o tribunal, a cadeia poderão ser transformados em lugar de testemunho e de salvação de outros. Nada do sangue de Jesus será desperdiçado, escreveu o grande pregador Spurgeon, e podemos ter certeza, à luz das experiências contadas por muitos, que será assim. A vida, morte e ressurreição de Jesus foram integralmente aceitas por Deus, que o glorificou. Nós, os que pela fé nos aproximamos dEle, estamos sujeitos a lutas contra homens e potestades, mas nelas ele aparecerá e nos lembrará: não temas, crê somente! O leitor já conhece a experiência de ser discípulo de Jesus? Já reconheceu nEle o salvador da sua alma? Já desfruta da preciosa paz, mesmo em meio a tempestades? Por que não fazê-lo agora mesmo: diga sim a Jesus, entre para a família de Deus.
Vale a pena seguir as orientações de Jesus e Marcos nos conforta, quando diz: “mas, naqueles dias, após a referida tribulação, o sol escurecerá , a lua não dará a sua claridade, as estrelas cairão do firmamento, e os poderes dos céus serão abalados. Então, verão o Filho do Homem vir nas nuvens, com grande poder e glória. E ele enviará os anjos reunirá os seus escolhidos dos quatro ventos, da extremidade da terra até à extremidade do céu.” Marcos 13: 24-27.
A história em geral, explica-nos Raymond Brown, entendida de maneira apropriada mostra a vinda de Cristo e o grande conflito entre Cristo e as forças do mal. A vida, antes da segunda vinda do Mestre, proporciona motivos para o discípulo provar a sua fidelidade. Os que estiverem efetivamente comprometidos aproveitam a oportunidade para fazer a obra de Deus, enquanto há tempo. Os servos que estão vigilantes, não são os que calculam o tempo de sua vinda, desobedecendo às instruções do Mestre. São os que vivem à luz da certeza de que Ele virá e nos levará com Ele, para uma vida que não podemos compreender com a mente que hoje temos. A esperança do futuro é, então, uma inspiração para o presente e estar alerta ajuda o discípulo a compreender o seu papel no Reino de Deus.
Marcos 13 ensina que Deus cria, redime e cumpre o seu propósito em Jesus e da sua maneira, não da nossa. O futuro é de Deus, Ele vindicará Seu Filho e Seu povo.
Fiquemos com o conforto das palavras registradas no versículo 26: “então verão o Filho do Homem vir nas nuvens, com grande poder e glória.” Que Deus nos faça confiantes nessa promessa.
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