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EVANGELHO DE JOÃO: ESTUDO 4 – A MISSÃO DO CRISTO

João 4 e 5

Nosso estudo de hoje é extenso, porque baseado em dois capítulos repletos de episódios empolgantes. Neste pequeno espaço de tempo, vamos tentar resumir os principais acontecimentos.

Começamos com a história da mulher samaritana, registrada nos versículos de 1 a 26. O que aqui acontece havia sido relatado no prólogo, quando o autor chama a nossa atenção para a adoção de filhos de Deus para todos aqueles que creem no nome de Jesus. Confira com cuidado em 1, 10-13.

Não sabemos o nome da mulher. Mas somos informados que a cena se passou perto de um poço. O Antigo Testamento narra encontros importantes ao redor de um poço. Você pode ler alguns deles em Gn 24, 67 e seguintes, Gn 29, de 1 a 14 e Êxodo 2, 16-22. O poço de hoje é denominado de Jacó, personagem familiar para o povo bíblico.

Jesus, cansado de viagem, senta-se perto do poço. Aproxima-se uma mulher, anônima, que representa todos aqueles que estão procurando um sentido para a vida. São muitos ainda hoje. Ela busca água ao meio-dia e não pela manhã ou à tarde, como era comum acontecer. Vai sozinha e não com outras mulheres. Estava com sede. Muita sede. Quando se está com muita sede, não se espera pelos horários mais convenientes.

Jesus lhe pede de beber. Dar água a quem tem sede significa acolher a pessoa. Ao conversar com aquela anônima, Jesus estava quebrando preconceitos e discriminações de raça, de sexo e de culto. Sim, mais do que qualquer outra coisa, a mensagem é a de que é chegado o fim do culto que discrimina e marginaliza pessoas e grupos. A mulher tem consciência disso e responde:”como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana?”(4,9)

Quebrada a discriminação, Jesus provoca a sede daquela mulher: ”se tu conheceras do dom de Deus e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias e ele te daria água viva.”(4,10). Água viva, em oposição à água parada do poço. Jesus supera tudo o que veio antes, pois é o portador da água que mata a sede para sempre. A mulher quer saciar a sede: “Senhor, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede, e não venha aqui tirá-la.” (4,15). Jesus quer mais: “vai, chama o teu marido e vem cá”. (4,16). A mulher não tinha marido e disse isto a Jesus. Temos aqui duas curiosidades: alegoristas enxergam na mulher uma imagem de Israel e, nos cinco maridos, os povos que sucessivamente o rejeitaram: egípcios, assírios, babilônicos, persas e gregos. Aquele que tinha agora representava os romanos. Outros descrevem esses cinco maridos como sendo os deuses estrangeiros que os samaritanos adoravam, quando passaram a existir como povo. Confira em 2Reis 17,24-32.

Com o tema marido, Jesus introduz a questão do culto verdadeiro. Jesus leva aquela mulher sedenta a compreender que o importante não era o lugar onde Deus seria adorado, mas que Ele fosse cultuado em espírito e em verdade. A isto, a mulher respondeu: “eu sei que o Messias (que se chama o Cristo) vem e quando ele vier nos anunciará tudo. Jesus disse-lhe: EU o SOU, eu que falo contigo.” (4,25 e 26). Nesse instante de grande solenidade, voltam os discípulos e se admiram. Têm preconceitos. Não compreendem o que Jesus fazia. Será que sabiam cultuar em espírito e em verdade? Felizmente, a obra estava completa. A mulher – que já não tem mais sede – abandona o balde e vai anunciar a nova.

A este episódio segue-se o segundo sinal miraculoso relatado por João. Voltamos ao prólogo, onde lemos que “Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens” (1,4.) O segundo milagre quer responder à pergunta: quem tem poder para dar vida?

Estamos outra vez em Caná da Galiléia. O doente nós não conhecemos: era o filho de um funcionário do rei. Uma criança que estava à beira da morte. No primeiro sinal, havia falta de vinho. Agora, a falta é de vida. Naquele, os discípulos creram. Neste, um pagão creu. Já percebemos que a família de Jesus aumentou: samaritanos, pagãos. É a missão dEle que se delineia. Atrair a todos. Sem exceção. Jesus quer entrar na sua vida também.

O poderoso representante do rei suplica que Jesus desça a Cafarnaum para que possa curar seu filho. Jesus não faz isto, porque quem precisa descer é o pai do menino. A ele compete sair apenas confiando na palavra de Jesus. É exatamente isto que ele faz e, na hora sétima, sai ao encontro do filho. Ainda naquela hora, a mesma quando Jesus vai, mais tarde, entregar o seu espírito, na hora sétima o menino foi curado.

Há, ainda, um terceiro episódio. Acontece na segunda vez que Jesus vai a Jerusalém. Realizava-se uma festa judaica. Jesus não vai à festa, mas coloca-se junto ao povo que ficava na chamada Porta das Ovelhas, porque era, por ali, que as ovelhas passavam para serem sacrificadas. Você compreendeu o simbolismo?

Aproximamo-nos do terceiro sinal, a cura do paralítico que há 38 anos, o tempo de uma geração inteira (veja Dt 2,14) aguardava oportunidade de cura. O texto se encontra no capítulo 5. O paralítico havia sido abandonado por todos. Para Bortolini, era símbolo do povo que ali se encontrava, também privado da vida: coxos, paralíticos, ossos ressequidos, como na linguagem de Ezequiel. As águas da piscina, completa o teólogo, que se agitavam vez por outra, representam as falsas esperanças nas quais o povo foi levado a crer. Eram apresentadas pelos ensinamentos distorcidos da Lei. Muito raramente, os religiosos se lembravam do povo e apareciam para superar alguma dificuldade. Eles o faziam, segundo eles próprios, em nome de Deus. Perguntamos: quê Deus?

Jesus se aproxima. Veio trazer um novo tempo. Já transformara água em vinho, curara o filho do oficial e agora pergunta ao doente: queres ficar são? Ao desanimado e descrente, oferece uma esperança. “ Levanta-te, toma a tua cama e anda”. (5,8). A cama, até então sinal de limitação para aquele homem, é transformada em oportunidade de conseguir a libertação. Jesus capacita o homem a fazer o que jamais havia feito: usufruir da vida e da liberdade. E é exatamente isto que Ele faz conosco, quando pegamos a cama da incredulidade e da vida sem Deus e permitimos que Ele a transforme em vida e vida abundante e eterna.

Leia atentamente esta história e deixe Jesus dar vida plena para você também.

 

APOIO BIBLIOGRÁFICO

TAYLOR, W.C. Evangelho de João –Tradução e Comentário. Volumes I, II e III. Rio de Janeiro:Casa Publicadora Batista. 1946. CHOURAQUI, André. A Bíblia – Iohanân (O Evangelho Segundo João). Rio de Janeiro: Imago. 1997 BRUCE, F.F. João – Introdução e Comentário. São Paulo: Mundo Cristão. 1987. BORTOLINI, José. Como ler o Evangelho de João – O caminho da vida. São Paulo: Paulus. 7ª. edição 2005. ALLEN, Clifton J.(editor) Comentário Bíblico Broadman vol. 9 .Rio de Janeiro: JUERP. 2ª. edição. 1987.

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