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ESTUDOS NO APOCALIPSE – LIVRO DA REVELAÇÃO: A VOCAÇÃO PARA A REVELAÇÃO (Apocalipse 1: 9 a 20)

Agradecemos a Deus pela oportunidade de poder avançar em nossa caminhada pelo livro do Apocalipse. Continuamos no capítulo primeiro, nos centrando nos versos 9 a 20. É a oportunidade para destacar mais algumas características desse significativo texto da Palavra de Deus, que nos ajudam a entendê-lo, ao mesmo tempo em que nos servem de inspiração.

 

O autor se apresenta: “João, irmão e companheiro de vocês no sofrimento, no Reino e na perseverança” (v.9). O entendimento tradicional é que esse João é o discípulo amado de Jesus, autor também do Evangelho que conhecemos pelo seu nome e de três das cartas que integram o Novo Testamento. Foi provavelmente o mais longevo dos apóstolos, vivendo até próximo aos 100 anos e por muito tempo atuou como pastor em Éfeso, de onde a ilha de Patmos dista cerca de 100 quilômetros. O texto não esclarece o motivo específico de João se encontrar em Patmos. Embora a tradição amplamente aceita seja que ele tenha sido para lá deportado ou banido por causa da sua atuação como líder destacado da Igreja de Cristo, há aqueles que creem que sua estada lá foi motivada apenas para receber a revelação que Deus lhe queria propiciar.

 

Atentando para João como o receptor dessa revelação divina tão especial e de tanto significado, destacam-se duas atitudes que devem também ser nossas ao nos voltarmos para as mesmas visões:

 

Primeiro, João foi chamado a prestar atenção ao que lhe seria desvendado. “Escreva num livro o que você vê e envie a estas sete igrejas.”(v.11). E este chamamento vai sendo reiterado ao longo da experiência: “Suba para cá e lhe mostrarei o que deve acontecer depois dessas coisas...” (4.1); “Venha e eu lhe mostrarei o julgamento da grande prostituta...” (17.1); “Venha, eu lhe mostrarei a noiva...” (21.9). João precisava se virar, se deslocar, por foco, enfim se esforçar para conseguir apreender a revelação que lhe era feita.

 

A segunda atitude a destacar é de correção. Por duas vezes, João é severamente repreendido por que ele estava entendendo erroneamente uma cena mostrada e em consequência tomando atitudes incorretas. Em 19.10 João se põe de joelhos para adorar o anjo que lhe revelava, e a reprimenda veio rápida “Não faça isso! Sou servo como você... Adore a Deus!”. Outra vez, em 21.8 a cena se repete.

 

Essas atitudes do apóstolo vidente devem estar presentes conosco: Disposição para por atenção na mensagem e atentar para o que se abre à nossa frente e ao mesmo tempo, humildade para receber a correção sempre que estivermos fugindo do verdadeiro significado da Palavra. Não é a perfeição ou a sofisticação do nosso ponto de vista a respeito do Apocalipse que vale. O que vale é o que o Apocalipse nos quer transmitir.

 

Como parte da introdução à abordagem do livro da Revelação, devemos também atentar para três elementos recorrentes do texto de João.

 

O apóstolo faz uso constante de números. Dois, quatro, doze, vinte e quatro e mil são frequentes. Sabemos que na cultura judaica, os números carregam um forte simbolismo, e com certeza João fazia uso desse entendimento para melhor comunicar a mensagem que foi incumbido de transmitir. No entanto, não devemos reduzir Apocalipse a um estudo de numerologia. De todos os números, o sete em detém a primazia de uso.

 

Além de ser mencionado 44 vezes, está também implícito de muitas formas: por exemplo, há sete bem aventuranças espalhadas pelo livro. Inspirados por essa abundância de setes, estudiosos do livro também o aplicam na sua estrutura, propondo uma divisão do texto em seis partes, oito partes ou mesmo sete partes, cada uma delas sempre subdivididas em sete tópicos.

 

Não devemos ser obsessivos a respeito do entendimento dos números do Apocalipse. Eles não indicam o código para abrir os segredos do livro. O numero sete para os judeus simboliza a perfeição, e João o usa para lembrar constantemente a seus leitores da perfeição do que e de quem falava.

 

O segundo elemento constante são as imagens pictóricas. Apocalipse é um livro altamente visual: em vez de dizer, ele mostra. Símbolos e cenas estão em toda parte e compreendê-los e interpretá-los é a grande dificuldade a vencer. Mas, de modo algum eles nos devem assustar. Creio que podemos acompanhar Eugene Peterson quando ele declara: ‘O objetivo de ler o Apocalipse não é adquirir mais informações sobre a vida de fé em Cristo. Lei, profetas, evangelhos e epístolas já apresentaram isso. (...) Leio o Apocalipse não para obter mais conhecimento, mas para reavivar minha imaginação. A imaginação é o nosso caminho para penetrar na imaginação divina, e nos permite enxergar inteiramente – com integridade e santidade – o que antes víamos como disperso; com ordem o que considerávamos aleatório’. 

 

Permitamos que o Apocalipse se revele por completo para nós, em toda a intensidade de sua mensagem visual.

 

O terceiro elemento fundamental do livro são as referências abundantes ao Velho Testamento. Em uma contagem elas atingiriam o montante de 518 referências, o que supera a quantidade de versos do livro, de 404. Argumenta-se também que todos os livros do VT estariam aí referidos. Há, no entanto, uma imprecisão para definir exatamente o número de vezes dessas ocorrências, pois João não faz nenhuma citação direta de texto do VT; há apenas alusões a eles. O que para uns pode ser uma alusão, para outros pode ser João escrevendo no seu estilo, certamente influenciado pelo seu grande conhecimento das Escrituras. Mas, esta constatação tem implicações importantes: Apocalipse não é um livro de novidades: em quase tudo ele está enfatizando aquilo que os profetas e as Escrituras já falaram. Apocalipse reafirma o completo da Palavra de Deus e as Escrituras validam o Apocalipse. Esta é a percepção mais apropriada para o livro que encerra a Bíblia.

 

E então, somos chamados a atentar para aquilo que devemos extrair da nossa dedicação ao livro: Richard Bauckham lembra que como toda palavra profética, o Apocalipse deve nos propiciar discernimento para melhor entender o nosso mundo e o nosso papel nele; predição para de antemão saber o que está por vir; e, ao mesmo tempo, exige de nós uma resposta para a verdade percebida na mensagem que examinamos. Discernir o presente, entender o futuro e responder ao desafio são, portanto, os frutos que devem despontar ao longo da nossa jornada pelo livro da Revelação.

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